Apesar da seca, a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) não vê motivos ainda para reduzir a sua estimativa das exportações de milho do Brasil em 2021, que segue em 32 milhões de toneladas, abaixo das 33.6 milhões de toneladas do ano passado, uma queda anual mais em função de um atraso na safra.
O diretor-geral da Anec, Sérgio Mendes, disse que suas estimativas, desde o início da temporada já indicavam embarques menores na comparação com 2020, uma vez que o atraso do ciclo da soja e consequentemente do milho resulta em menor “janela” de tempo para exportação.
“Pelo cenário atual (da safra) ainda dá para manter os números (de exportação), mas de qualquer forma mais baixos (que 2020)”, disse Mendes à Reuters, nesta quarta-feira.
Analistas privados têm realizado cortes expressivos de cerca de 5 milhões de toneladas na segunda safra de milho do Brasil, citando problemas da estiagem prolongada. Alguns já veem exportações menores do que o esperado anteriormente.
Quebra
“Se tiver uma quebra muito grande, a ponto de reduzir significativamente a quantidade total, aí vou concordar com o pessoal, pois teríamos problemas sim para exportar”, afirmou o diretor da Anec.
Segundo ele, as exportações brasileiras poderiam cair para até 30 milhões de toneladas, mas considerando ainda a questão do atraso da safra, e não a seca. “Por enquanto acho muito cedo para falar em uma quebra de tal monta que influenciaria as exportações. Vai ter influência mais pela janela do que pela quebra de safra.”
Mendes disse ainda que a perda deve influenciar mais imediatamente o mercado interno, em referência a algumas áreas produtoras de aves e suínos que produzem pouco milho e têm de trazer de outros estados ou países.
Logística
No caso do milho para exportação, o diretor ressaltou que o fato de a safra de Mato Grosso estar em melhores condições do que em outros estados garante, por enquanto, certa estabilidade nas projeções de vendas externas.
Mendes destacou que o Mato Grosso tem melhor logística para exportação, como a ferrovia até o porto de Santos, além do corredor que leva até hidrovia no Pará, o que viabiliza a saída pelo Norte a valores logísticos também competitivos.
“No caso do milho, 50% do escoamento do milho sai por Santos. Por quê? Porque vem de Mato Grosso tudo por via férrea”, disse o diretor, apontando que no ano passado as exportações do cereal pelo porto paulista totalizaram 14.5 milhões de toneladas.
Mendes disse ainda que o câmbio ainda garante competitividade do milho brasileiro, apesar de disparada dos preços no mercado interno.
Projeções
A safra de milho 2020/21 de Mato Grosso deverá totalizar 34.6 milhões de toneladas, estimou nesta semana o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), que reduziu ligeiramente a sua estimativa em relação ao mês anterior.
Sobre a soja, cuja estimativa de produção tem sido revisada para cima após a finalização, o diretor da Anec afirmou que as condições estão propícias para o país bater um recorde. “Quem sabe bateremos”, disse Mendes ao ser que questionado, acrescentando que ainda é cedo para cravar um número.
Ele estimou, contudo, que as exportações de soja em 2021 poderiam ficar entre 82 milhões e 83 milhões de toneladas, versus 82.27 milhões de toneladas em 2020 e com a máxima histórica de 2018 de 82.88 milhões de toneladas, segundo os dados da Anec.
Fonte: Reuters
Equipe SNA