O acordo entre a União Europeia e o Mercosul “caminha lentamente”, afirmou o embaixador brasileiro na União Europeia, Marcos Galvão, em live promovida pelo FGV Agro e apresentada pelo ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues.
Segundo o diplomata, a partir de 2019, após a assinatura do acordo, começou-se a fazer uma revisão dos seus termos. “Havia a parte de cooperação e política, que foi concluída no ano passado”, disse Galvão. “Mas há algumas coisas que ficaram pendentes”.
Entre elas, indica o diplomata, está o fato de que a parte europeia exige claramente que o Brasil precisa reforçar seus compromissos, por meio de um documento de apoio e de esclarecimento, “com foco na área ambiental, de desmatamento e em relação ao Acordo de Paris”.
Segundo Galvão, o Brasil já sinalizou ao bloco europeu, “de todas as maneiras”, que está disposto a ter esse diálogo. “Agora aguardamos o lado europeu, os estados-membros e a Comissão Europeia conversarem entre si e se entenderem quanto ao que nos querem propor como conteúdo desse documento que acompanharia o acordo na tramitação da ratificação.”
Demora
Para o diplomata, entretanto, esse processo, por vários motivos, tem demorado mais do que devia, primeiro em função da pandemia da Covid-19, além da contração da economia europeia. “Está estimada uma queda de 6% no PIB do bloco, ou seja, mais do que o recuo do nosso PIB, anunciado hoje (que foi de 4,10%)”, disse Galvão. “Esta crise econômica cria um fator adicional (para o atraso)”.
Outros motivos apontados por Galvão para a lentidão nas negociações do Acordo UE-Mercosul são as eleições na Alemanha este ano, e na França, no ano que vem.
“Lembrando que em ambos os países os Partidos Verdes e movimentos ambientalistas hoje têm força maior do que no ano passado, e o mesmo acontece no Parlamento Europeu”, afirmou o embaixador, se referindo à pressão ambientalista como empecilho ao fechamento do acordo com o Mercosul.
Entretanto, ele assegurou que não há “nenhuma sinalização de que o acordo não vá avançar, ao mesmo tempo em que ninguém está falando em reabrir o acordo. Mas, sim, há uma discussão intensa em torno do que seria necessário como complemento político para a tramitação”, disse Galvão.
Imagem do Brasil
“Mas se está havendo demora, digo que a bola está no campo europeu neste momento. A proposta (do documento de compromisso) terá de partir deles, e não de nós”. O diplomata reconheceu, porém, que a questão ambiental é, de fato, “um breque” no acordo. “Não vou dourar a pílula só porque sou diplomata.”
Sobre a imagem do Brasil no exterior e a diplomacia adotada pelo País lá fora, Galvão defendeu a volta do “soft power” brasileiro. “Somos reconhecidos e admirados por isso e devemos reforçar esta atitude”.
Fonte: Broadcast Agro
Equipe SNA