Com a recuperação das lavouras de algumas regiões compensando perdas em outras, o Brasil caminha para uma safra recorde de 132.89 milhões de toneladas em 2020/21, segundo pesquisa realizada pela Reuters, embora ainda tenha de enfrentar um clima desafiador durante a colheita, marcado por chuvas.
Segundo as estimativas de 13 analistas, a projeção para a produção aumentou em relação à média de 132.2 milhões de toneladas do levantamento divulgado em janeiro, quando a colheita foi iniciada.
A área plantada no Brasil, maior produtor e exportador da oleaginosa, teve uma leve variação para 38.45 milhões de hectares. Na comparação com a última sondagem da Reuters, a estimativa aumentou 40.000 hectares.
Após visitar lavouras em Mato Grosso, o coordenador da expedição Rally da Safra realizada pela Agroconsult, André Debastiani, afirmou que as áreas plantadas com soja precoce, durante o período seco, tiveram ciclos mais curtos e muito mais irregulares de desenvolvimento.
“Mas as demais que vieram compensaram em parte essas perdas”, disse ele, ao destacar regiões como médio-norte e oeste do principal estado produtor de soja no País.
Expectativa no Sul
No Rio Grande do Sul, que será visitado pelos técnicos da consultoria na próxima semana, a expectativa, segundo o coordenador do Rally, é que o estado seja “a grande surpresa positiva desta temporada”, com áreas semeadas mais tarde que se beneficiaram do retorno das chuvas.
A estimativa da Agroconsult para a produtividade para a soja gaúcha é de 55 sacas por hectare, contra a média de 36,2 sacas por hectare registrada no ciclo anterior, quando uma seca severa afetou o estado.
Outras áreas
Debastiani disse que o Paraná foi um dos estados com grande atraso no plantio, cuja a produtividade é estimada em 60,2 sacas por hectare, contra 63 sacas por hectares na safra passada. “Porém, ainda tem um potencial de revisão positiva muito grande para o Estado”, disse.
Com a estimativa mais otimista para a safra nacional, de 136 milhões de toneladas, o analista da IHS Markit Aedson Pereira cita também áreas de Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e oeste da Bahia), como regiões que podem registrar uma produção de soja muito boa.
Contratos
O coordenador da expedição da Agroconsult destacou ainda que a melhora de produtividade nos estados se limitou a possíveis intenções de quebra de contratos de venda firmados antecipadamente, em função do atraso na colheita.
“Esse cenário seria muito mais complicado se estivéssemos falando de uma quebra de safra. Nenhum dos produtores que conversamos trouxe o cenário de que não iria cumprir contrato. Acho que esse cenário se dissipou um pouco com a melhora de produtividade”, afirrmou Debastiani.
No entanto, a analista da consultoria StoneX Ana Luiza Lodi alertou que o clima mais chuvoso em algumas regiões, como o Centro-Oeste, ainda tem contribuído para os atrasos na colheita. Além disso, produtores estão entregando soja com mais umidade, o que resulta em descontos.
Clima
O meteorologista da Somar Celso Oliveira acredita que as precipitações ainda podem atrapalhar os trabalhos na lavoura da oleaginosa, ao menos no curto prazo.
“A partir do fim desta semana e, por aproximadamente sete dias, há previsão de chuva mais persistente em Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais. Depois disso, voltará a melhorar”, prevê Oliveira. “Precisamos ficar de olho em Rio Grande do Sul, (assim como) Argentina”.
Ainda assim, 12 das 13 estimativas apuradas pela Reuters apontam para uma safra acima das 130 milhões de toneladas.
Fonte: Reuters
Equipe SNA