A retomada da economia brasileira e o consequente fortalecimento do setor agropecuário passa pela imunização da população contra o Coronavírus, disse o professor de agronegócio da Universidade de São Paulo (USP) e da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Marcos Fava Neves.
Embora a vacinação no Brasil tenha iniciado lentamente, totalizando pouco mais de um milhão de pessoas imunizadas, Fava estima que os reflexos positivos serão sentidos ainda no primeiro semestre.
“A vacinação vai alavancar muito a economia, porque é a retomada a confiança das pessoas, que voltam a consumir. Muita gente está represando comportamentos, que irão se soltar quando a situação estiver mais controlada”, afirmou.
“Nós ainda teremos um trimestre muito ruim porque voltamos a aumentar os indicadores de contaminação e a perda de vidas. Mas, com a chegada das vacinas teremos uma múltipla frente. Talvez tenhamos um quadrimestre ainda complicado, mas depois a gente vai devagarinho sair dessa”.
Em entrevista ao Portal Agrolink, Marcos Fava Neves destacou que, novamente, o agronegócio brasileiro será responsável pelos principais indicadores econômicos. A projeção ocorre após a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) ter estimado uma safra de grãos de 264.8 milhões de toneladas neste ano.
“2021 deve ser um ano muito bom para o agronegócio, com produção recorde e bons preços. Como o real não se valorizou, haverá preços muito bons para a agricultura brasileira, pois a junção de produto e preço vai acontecer. O agro já começou 2021 acelerado. A renda no campo deverá passar de R$ 1 trilhão e as exportações devem passar de US$ 100 bilhões”, disse o especialista.
Boa dependência
Mesmo que a soja seja responsável por mais da metade de produção de grãos do Brasil, o professor de agronegócio da USP e FGV vê com bons olhos o aumento produtivo da oleaginosa.
“Nós estamos refém da soja, mas é uma boa dependência. Cada vez mais, ela aumenta a sua participação. Ela cresce mais do que os outros e o Brasil é o país mais eficiente para a produção de soja. É uma proteína embalada, um produto extremamente comercializado no mundo e com poucas barreiras. Ser dependente da soja, como todo este futuro, não me preocupa”.
Fábrica de alimentos
Além de contar com uma grande área cultivável, “a tecnologia embarcada pelo setor levará o Brasil a se tornar o maior produtor de alimentos do mundo”, disse Fava. “O País já tem um papel extremamente relevante no mundo, e com estratégias adequadas deve ocupar essa posição”.
Ainda segundo o professor, o Brasil vai ser “a fábrica de alimentos” do mundo. “Considero isso uma posição extremamente nobre. Quanto mais trabalharmos os três pontos – custo, diferenciação e ação coletiva, mais rápido o Brasil conseguirá ocupar este espaço no mercado internacional”, finalizou.
Fonte: Agrolink
Equipe SNA