Exportação: preço médio da tonelada de soja em 2020 foi o menor em 13 anos

Muito se falou sobre os preços elevados da soja em 2020 no Brasil. Algumas praças chegaram a registrar cotações superiores a R$ 180,00 por saca de 60 quilos no ano. Diante disso, é natural esperar que o resultado final do ano seja um aumento nos preços médios da soja em grão exportada. Mas não foi isso que aconteceu.

Primeiro vamos à conta, que é bem simples. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o Brasil exportou 82.978 milhões de toneladas de soja em grão em 2020 e recebeu um total de US$ 28.566 bilhões por isso. Dividindo um pelo outro, temos então o preço médio pago pela tonelada de soja, que ficou em US$ 344,25.

Esse preço da tonelada é 2,20% menor que os US$ 352,01 obtidos na média de 2019 com a venda das 74.063 milhões de toneladas e receita de US$ 26.071 bilhões. Se comparado a média de 2018 (que foi o ano que o Brasil mais exportou soja), a diferença fica ainda maior – 13,30% (exportamos 83.246 milhões de toneladas e recebemos US$ 33.046 bilhões), já que a média foi de US$ 396,96 por tonelada.

O preço no mercado interno, a partir do segundo semestre, começou a se distorcer muito, pois ali já se começava a entender que faltaria soja. Com isso, o mercado interno começou a pagar um prêmio mais alto que os pagos na exportação. Normalmente, esse prêmio no mercado interno é menor, mas como não havia soja, o comprador pagava bem mais do que os pagos para exportação.

Pior preço médio em 13 anos

Na verdade, o preço médio recebido pela tonelada de soja em 2020 foi o menor já registrado desde 2007, quando o Brasil obteve a média de apenas US$ 282,30 por tonelada. Na época, o País exportou, durante todo o ano, apenas 23.653 milhões de toneladas de soja em grão, ou seja, quase 72% a menos que o volume atual. Por curiosidade, no ano seguinte, 2008, a média já saltou para US$ 446,84 por tonelada.

As cotações na Bolsa de Chicago e o dólar acabaram não influindo muito nos preços internos no segundo semestre de 2020, já que havia a distorção no preço interno, por falta do produto no Brasil.

Preço em alta, mas…

Os preços no Brasil se descolaram dos valores registrados na Bolsa de Chicago há muito tempo. Por aqui, o câmbio e os prêmios favoreceram a elevação dos preços em níveis nunca antes vistos. Vale destacar que o valor abaixo foi o maior ofertado no ano, mas isso não significa que tiveram vendas nesse patamar, muito menos de toneladas. Mas ainda assim vale mostrar.

 

O maior preço ofertado pela soja no ano, segundo levantamento da consultoria Safras & Mercado, aconteceu em meados de novembro e chegou a R$ 185,00 em Rondonópolis (MT). Considerando que o dólar estava na faixa de R$ 5,33 na época, a tonelada de soja não sairia por menos de US$ 562,85 para o mercado externo. Mas isso nunca aconteceu e não se sabe nem se neste dia houve algum negócio envolvendo um preço tão alto.

O mercado estava distorcido pela falta de oferta, por isso víamos preços nesses patamares. Naquele momento, o dólar não estava impactando tanto. Na verdade, nem houve negócios naquele preço tão elevado.

 

Canal Rural

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