À espera de cenário mais claro, arroz estabiliza na faixa de R$ 90,00

Por Cleiton Evandro dos Santos /AgroDados

Se tem uma coisa que os produtores não podem reclamar ao longo do ano comercial 2020/21, que só encerra em 28 de fevereiro próximo, é de preços. Mesmo agora, que alguns setores da cadeia produtiva acreditam em preços por volta dos R$ 80,00 a R$ 85,00 no RS e até abaixo dos R$ 80,00 no Norte Catarinense, os valores são quase o dobro dos R$ 48,00 do ano passado nesta época.

Estas cotações serão fundamentais para aqueles produtores que, por conta do financiamento por CPRs tiveram de vender o arroz bem abaixo dos R$ 60,00 no ano passado e R$ 50,00 abaixo do pico de preços em outubro/novembro.

A colheita já começou no Paraguai, com as primeiras lavouras não mostrando uma produtividade tão expressiva, beirando os 7.000 quilos por hectare. O Maranhão, o Paraná e o norte de Santa Catarina já estão colhendo áreas cultivadas com variedades gaúchas. As catarinenses são de ciclo mais longo e exigem mais tempo para chegar ao ponto de corte.

Os produtores estão mais preocupados, no momento, com as operações de manejo, melhorias no sistema de irrigação, por causa da falta de água em algumas regiões gaúchas, e também com a soja. Alguns rizicultores que não venderam em dezembro, chegaram a ofertar à indústria de menor porte, que ainda está se movimentando com aquisições, mas pedindo R$ 100,00 contra a oferta de R$ 90,00 e até abaixo. Poucos negócios foram realizados.

Para a safra, a oferta da indústria é de R$ 80,00 a R$ 85,00 por saca, mas há forte resistência entre os rizicultores. Eles sabem que o ano será novamente de oferta muito ajustada. O estoque de passagem é muito pequeno e, se o consumo e o dólar ajudarem, os preços podem reagir até mais rapidamente do que no ano passado. É uma expectativa válida com base no atual cenário de perspectiva de redução da oferta de arroz em todo o Mercosul.

De sua parte, a indústria segue com dificuldades de repassar produto ao varejo, que está estocado, viu encolher o consumo e já começou a ofertar 5 quilos de arroz abaixo dos R$ 18,00, o que era raro de ver até o final de novembro.

A expectativa do setor produtivo é ver o cenário da época de colheita mais claro, para então começarem os posicionamentos mais efetivos para a formação de preços. Além da oferta e da demanda, câmbio e consumo são fatores determinantes de precificação do cereal.

Balança Comercial

Impulsionadas pela isenção da Tarifa Externa Comum (TEC) de 10% para o arroz em casca e 12% sobre o grão beneficiado, as importações brasileiras em dezembro aumentaram vertiginosamente e totalizaram 218.500 toneladas contra apenas 51.100 toneladas exportadas. O déficit foi de 167.400 toneladas.

Com isso, no ano civil as exportações somaram 1.821 milhão de toneladas contra a importação de 1.283 milhões de toneladas. O saldo da balança comercial é positivo em 538,600 toneladas.

Safra

A safra de arroz em Santa Catarina já começou, mas vai ganhar volume apenas na próxima semana. Pequenas áreas já foram colhidas, em especial de arroz de variedades do Irga. Maranhão, Norte do Paraná e Mato Grosso do Sul também já estão colhendo. No Rio Grande do Sul está confirmado que a área deve ficar em torno de 137.000 hectares, igual a de 2019/20.

Há muitos problemas localizados de falta de água em lavouras, mas ainda não foi feito um levantamento sobre o nível de danos e prejuízos, pois há expectativa de chuvas para a próxima semana.

Preço ao consumidor

Os preços aos consumidores estão apresentando leve queda por conta da menor demanda. As redes varejistas, no entanto, passaram a ser mais agressivas com a volta do grão às ofertas. Em diversas redes encontra-se o pacote de cinco quilos entre R$ 17,49 e R$ 17,99. Também há ofertas de R$ 3,49 o quilo.

 

 

Fonte: Planeta Arroz

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