A Bioenergética Aroeira, localizada em Tupaciguara (MG), realizou uma emissão de certificados de recebíveis do agronegócio (CRA) “verde” com carimbo da Sitawi, a maior certificadora de financiamentos sustentáveis da América Latina. A operação, coordenada pelo Banco Alfa, envolveu R$ 150 milhões e teve demanda elevada de investidores, o que reduziu o custo da operação à taxa piso estimada no lançamento.
Foi a primeira operação de um “green bond” no setor canavieiro no Brasil. Em julho, a FS, maior produtora de etanol a partir do processamento de milho do País, realizou uma emissão de CRA e captou R$ 210 milhões. Essa operação, porém, só foi certificada pela Sitawi depois de concluída.
A emissão dos recebíveis da Aroeira obteve uma análise de desempenho ambiental, social e de governança (ESG) na “banda superior” da escala de análise da Sitawi. Contaram a favor dessa avaliação sua produção de etanol, que substitui em veículos o consumo de combustível fóssil, sua cogeração de energia a partir da queima bagaço da cana e o fato de a companhia ter a certificação internacional Bonsucro.
Ao Valor, Augusto Martins, diretor-executivo de Corporate & Investment Banking do Banco Alfa, afirmou que o selo de “título verde” colaborou para que a emissão alcançasse uma precificação favorável à Aroeira. “A emissão tinha uma taxa teto e uma taxa piso. O fato de ter o selo verde ajudou a contribuir para que operação viesse para o piso da série, atrelado ao IPCA”, disse.
A operação atraiu investidores de diversos perfis, entre bancos e clientes de private e wealth management. “O feedback dos investidores é que (a emissão foi atrativa) não só pelo credito em si, mas por causa da certificação”, declarou Martins.
Segundo ele, o Banco Alfa já tem previstas outras operações de CRA no segmento com potencial para receber certificação verde, dado o perfil das empresas emissoras. “O ESG no agronegócio é uma bandeira que temos que desenvolver muito. É nítida a percepção dos clientes para desenvolver essa frente”, disse.
Os primeiros financiamentos verdes a empresas do segmento sucroalcooleiro começaram a ser realizados neste ano. Além das operações da FS e da Aroeira, a Tereos Açúcar & Energia Brasil, subsidiária da cooperativa francesa Tereos, anunciou no primeiro semestre uma captação de US$ 105 milhões com bancos com taxas de juros vinculadas a metas de sustentabilidade.
No cenário internacional, alguns grupos do agronegócio também realizaram financiamentos verdes, como a chinesa Cofco.
Fonte: Valor