Seminário discute produção de bioinsumos na fazenda

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a Associação dos Produtores de Soja do Brasil (Aprosoja Brasil), a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) e o Grupo Associado de Agricultura Sustentável (GAAS) realizaram nesta terça-feira um seminário sobre a produção ‘on farm’ (na fazenda) de bioinsumos.

O evento reuniu representantes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), entidades, indústrias e pesquisadores para debater pontos como eficiência, segurança e regulamentação da produção destes insumos na própria propriedade e sua utilização pelos produtores rurais.

A abertura do encontro contou com a presença do presidente da Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas da CNA, Ricardo Arioli, o presidente do Instituto Brasil Orgânico (IBO), Rogério Dias e o secretário de Defesa Agropecuária do Mapa, José Guilherme Tollstadius Leal. O evento foi conduzido pelo coordenador de Produção Agrícola da CNA, Maciel Silva.

Ricardo Arioli destacou que o uso de bioinsumos está presente em praticamente todas as propriedades rurais e acrescentou que é preciso chegar a um consenso para definir regulamentações que estimulem ganhos econômicos, produtividade e sustentabilidade, sem inibir a pesquisa e o desenvolvimento.

“Só com a fixação biológica de nitrogênio, nós já economizamos R$ 40 bilhões no Brasil, sem falar na coinoculação e em produtos promotores de crescimento e outras formas de controle de pragas na agricultura. É uma tendência que veio para ficar. Acredito que quatro palavras identificam o que precisamos discutir: produção on farm, eficiência, segurança e regulamentação”, afirmou Arioli.

Legislação específica

Para Rogério Dias, presidente do Instituto Brasil Orgânico, os bioinsumos foram fundamentais para o desenvolvimento da produção orgânica e envolvem tecnologias, práticas e manejos que garantem a biodiversidade da agricultura brasileira. Ele acredita que o Programa Nacional de Bioinsumos foi um avanço importante, mas ainda são necessárias normas e políticas públicas que tragam segurança para os produtores e incentivem o processo tecnológico e a instalação de biofábricas pelo País.

“Já passou da hora de criarmos uma legislação específica para produtos biológicos, tirando-os da Lei dos Agrotóxicos, e com isso colocar o Brasil no sentido de avançar efetivamente para uma maior autonomia. Hoje, ainda estamos extremamente dependentes de tecnologias externas, mesmo tendo um potencial enorme de bioinsumos e para tornar a nossa agricultura mais sustentável e independente”, afirmou Dias.

Segundo o secretário de Defesa Agropecuária do Mapa, José Guilherme Leal, o tema tem ganhado, cada vez mais, relevância dentro do ministério e esse ano, provavelmente, haverá um recorde de registros desse tipo de produtos. Na opinião dele, o aumento da demanda de produtores interessados em utilizar bioinsumos exige aperfeiçoamento da legislação em pontos que garantam a qualidade e o respeito ao meio ambiente e à saúde pública.

“Não faz sentido o produtor não poder fazer a sua produção. Tem de ser permitida. Vamos discutir até onde vai o controle do estado dentro dessa regulamentação. Precisamos de um debate franco e aberto para concluir a regulamentação, dar conforto aos produtores e também incentivar a indústria”, disse Leal.

Produção ‘on farm’

O painel “Produção on farm de bioinsumos na agricultura brasileira”, moderado pelo diretor executivo da Aprosoja Brasil, Fabrício Rosa, apresentou casos de sucesso no uso de bioinsumos em sistemas orgânicos e na produção convencional em larga escala e também mostrou a posição da indústria sobre o assunto.

“É um tema que deve nortear e influenciar o mercado agrícola nos próximos anos. É uma revolução no controle de pragas e doenças e que chama a atenção pela velocidade com que vem sendo adotada no campo. Existe ambiente de competitividade para todas as indústrias que vão produzir esses insumos”, disse Fabrício.

O debate contou com a participação do produtor rural e proprietário da Fazenda Malunga, Joe Valle, do presidente do Grupo Associado de Agricultura Sustentável (GAAS), Rogério Vian, e do presidente executivo da Croplife Brasil, Christian Lohbauer.

“Estamos percebendo uma redução de custos significativa e um bom controle, até porque muitos produtos químicos não controlam mais. Precisamos que Embrapa e o Ministério da Agricultura deixem as cepas de referência em aberto para uso de todos, além de assistência, treinamento e equipamentos mais baratos”, declarou Vian.

Aprimoramento

“Eficiência, segurança, produção e regulação da produção on farm de bioinsumos” foi o tema de outro painel do evento, moderado pelo consultor de Tecnologia da CNA, Reginaldo Minaré. O objetivo foi coletar subsídios e opiniões das instituições de pesquisa e do governo sobre as adequações necessárias e o trabalho já executado para a regulamentação da produção on farm no Brasil.

“São vários os produtos que os agricultores já desenvolvem nas suas propriedades. Inclusive a FAO (órgão das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) já publicou uma cartilha sobre biopreparados para ajudar o produtor. É uma atividade mundialmente desenvolvida. No Brasil, estamos dando continuidade ao processo de regulamentação, que já vem dentro de linhas normativas”, explicou Reginaldo Minaré.

O encontro teve como debatedores o pesquisador da Embrapa Agrobiologia, Jerri Zilli, o diretor executivo do Instituto Mato-Grossense do Algodão (ImaMT), Álvaro Salles, e o diretor do Departamento de Defesa Vegetal do Mapa, Carlos Goulart.

O diretor do Mapa ressaltou que o objetivo do Programa Nacional de Bioinsumos é oferecer segurança jurídica e qualificar as tecnologias para uso próprio desses produtos. Nesse momento, o ministério tem uma consulta pública em aberto para identificar possíveis riscos e aperfeiçoar o uso de bioinsumos no País.

“Primamos pela excelência e queremos uma norma para aprimorar o controle técnico e assegurar a qualidade desses produtos. O programa também veio em um momento apropriado para reverter a percepção mundial equivocada que existe sobre a agricultura brasileira. Somos um fornecedor de alimentos que garante a segurança alimentar do mundo inteiro e exemplo a ser seguido na produção com sustentabilidade”, afirmou Goulart.

Acesse aqui o seminário na íntegra.

 

Fonte: CNA

Equipe SNA

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