Embrapa registra 1.200 adesões a plano de demissão e anuncia metas até 2030

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) concluiu neste ano um plano de demissão incentivada que teve a adesão de cerca de 1.200 funcionários, em meio a um programa de reestruturação da estatal que inclui metas para ampliar sistemas produtivos sustentáveis, informou o presidente da companhia nesta quarta-feira.

Segundo Celso Moretti, a adesão ao plano de demissões desses 1.200 funcionários permitirá uma economia de R$ 250 milhões por ano para a empresa. No entanto, ele não falou no total gasto com o programa.

Além disso, em entrevista coletiva na internet para anunciar o novo Plano Diretor da Embrapa, Moretti afirmou que a companhia fechou 14 dos 16 escritórios de negócios espalhados pelo País, porque grande parte já não cumpria os objetivos propostos. “A empresa também eliminou 41 cargos comissionados”, disse ele, acrescentando que a Embrapa conta atualmente com 8.200 colaboradores, dos quais 2.200 são pesquisadores.

Em meio a cortes no orçamento por conta da situação fiscal do governo, o presidente disse que a companhia está implementando um sistema de gestão integrada que vai “colocar a Embrapa em outro patamar”.

“A Embrapa vai seguir entregando valor para sociedade, contribuindo para que a agricultura seja movida à ciência, mas ela está fazendo seu dever de casa, melhorando sua eficiência, seu trabalho organizacional”, disse Moretti. Ele admitiu que as metas ligadas à gestão no plano até 2030 estão relacionadas à reestruturação da empresa e também às mudanças já em andamento.

Recomposição de vagas

Ao mesmo tempo, Moretti afirmou que existe negociação com os ministérios da Agricultura e da Economia para a recomposição de algumas vagas de pesquisadores e analistas, mas acrescentou que até 2021 estão vedados concursos públicos que não estavam previstos.

“Vamos trabalhar para recompor a força em algumas unidades, mas estamos trabalhando para redistribuir a nossa força de trabalho. Algumas regiões estão bem aquinhoadas e em outras regiões temos déficit. A partir do ano que vem vamos começar a nos planejar para que, a partir de 2022, possamos pensar em fazer concursos”, afirmou o presidente.

Sistemas integrados

Ele citou que, considerando as metas da Embrapa relacionadas à mitigação de mudanças do clima, a companhia tem o objetivo de colaborar para, até 2025, ampliar em dez milhões de hectares o uso de sistemas integrados de recuperação de pastagens no Brasil, “contribuindo para mitigação de 60 milhões de CO2 equivalente”.

“Há 30 anos a Embrapa trabalha com sistemas de integração de lavoura-pecuária-floresta. A nossa ideia é que com o avanço dessa tecnologia e a incorporação de novas áreas de pastagens, sobretudo pastagens degradadas, (possamos) levar o Brasil a ter mais dez milhões de hectares em sistemas integrados”, disse Moretti. “O Brasil já desenvolve esses sistemas integrados em cerca de 17 milhões de hectares”.

Sustentabilidade

Outro objetivo da empresa é, até 2025, incrementar em 20% o benefício econômico gerado por práticas agropecuárias e tecnologias sustentáveis desenvolvidas pela companhia e parceiros.

“Desde a década de 90 a Embrapa vem trabalhando com bioinsumos, e a fixação biológica de nitrogênio é o grande exemplo. Ano passado o produtor brasileiro deixou de gastar 22 bilhões de reais em adubos nitrogenados”, informou o presidente, citando técnicas que permitem que a fixação no solo de nitrogênio da atmosfera.

Orçamento

A companhia também quer aumentar a receita com o licenciamento de produtos, que hoje gira em torno de R$ 35 a R$ 40 milhões.

“Pretendemos aumentar a receita fazendo ajustes no modelo de negócios”, afirmou Moretti, observando que atualmente a Embrapa recebe royalties das tecnologias, mas que a mudança passa por formar sociedades de propósito específico com sócios, para a divisão de riscos e lucros.

Entretanto, o presidente admitiu que algumas metas podem ficar comprometidas se a Embrapa tiver “restrições orçamentárias sérias”.

“Estamos trabalhando para recompor o orçamento da Embrapa. Temos reuniões semanais com a ministra Tereza Cristina (Agricultura) e tenho fé que vamos conseguir recompor para que possamos realizar as entregas que nos comprometemos”, disse ele, sem detalhar valores.

 

Fonte: Reuters

Equipe SNA

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp