A atual a seca no Centro-Oeste do Brasil vai retardar o plantio de soja, o que pode ocasionar falta na oferta da oleaginosa em janeiro de 2021, informou a T&F Consultoria Agroeconômica. Além disso, Estados Unidos e Argentina estão com estoques reduzidos.
O mercado está tenso para os preços de soja. As indústrias seguem querendo comprar, mas há muito pouca oferta, não apenas porque há pouca disponibilidade física, mas porque o agricultor, capitalizado, pede sempre preços maiores.
No Rio Grande do Sul, os preços para outubro e novembro estão bastante distintos. Para outubro no porto de Rio Grande a soja está cotada a R$ 143,00; em Canoas a R$ 145,00; em Ijuí a R$ 143,00; em Cruz Alta a R$ 143,00, e em Passo Fundo não houve preço.
Para novembro não houve cotação em Canoas e no Porto, mas em Ijuí a soja estava cotada a R$ 146,00; em Cruz Alta a R$ 147,00; em Passo Fundo a R$ 148,00. Mas as indústrias se queixam de que está difícil repassar estes preços elevadíssimos da soja para o farelo.
A soja futura está cotada a R$ 129,00 para entrega e pagamento em março; R$ 127,50 para entrega em abril e pagamento em maio e R$ 128,50 para entrega e pagamento em junho.
No Paraná, os preços também subiram entre R$ 1,00 e R$ 3,00 para R$ 146,00. No mercado de lotes, para entrega em setembro, o preço avançou R$ 1,00 para R$ 145,00/saca, em Ponta Grossa, para pagamento no final de novembro.
No interior dos Campos Gerais o preço também avançou R$ 3,00 para R$ 144,00, com retirada em outubro e pagamento em novembro. Para entrega em outubro e pagamento em janeiro o preço subiu R$ 3,00 para R$ 146,00. Em Paranaguá a cotação do mercado disponível se manteve a R$ 145,00, para entrega em setembro e pagamento no final de outubro.
No Mato Grosso do Sul houve muitas vendas, com os preços atingindo a R$ 147,00. Da safra 2019/20 foram negociadas cerca de 50.000 toneladas a preços ao redor de R$ 147,00 em Dourados. Da safra 2020/21 foram comercializadas 40.000 toneladas, a preços ao redor de R$ 113,00 FOB. Da safra 2021/22 foram negociadas 50.000 toneladas ao redor de R$102,00.
Farelo
Os preços do farelo de soja subiram entre 0,25% e 6,87% no mercado interno brasileiro, empurrados pelos altos preços da soja e com algum respaldo pelos preços das carnes, mas não totalmente (as indústrias se queixam de que não conseguem repassar o custo para o farelo).
Assim, subiu 0,25% em Anápolis para R$ 2.005,00 a tonelada; caiu 1,51% em Campo Grande para R$ 1.960,00 (única praça que registrou queda); subiu 1% em Chapecó para R$ 2.020,00; aumentou 2,46% em Dourados para R$ 2.080,00; subiu 5% em Erechim para R$2.100,00; teve alta de 2,07% em Ituiutaba para R$ 1.970,00; permaneceu estável em Osvaldo Cruz a R$ 2.000,00; subiu 6,50% em Passo Fundo para R$ 2.130,00; aumentou 5,45% em Uberlândia para R$ 2.130,00; teve alta de 5,58% em Maringá para 2.270,00; subiu 3,76% em Orlândia para R$ 2.070,00 e cresceu 1% em Rio Verde para R$ 2.020,00.
China
A Cofco está supostamente vendendo soja brasileira para embarque em outubro e novembro, enquanto compra simultaneamente cargas do Golfo dos EUA para embarque novembro e dezembro, segundo a T&F Consultoria. Com isso, a maior esmagadora da China gerencia o estoque e obtém uma vantagem com o spread entre as duas regiões.
Fontes do mercado disseram que a Cofco vendeu dois cargos de soja brasileira com base CFR a US$ 2,73/bushel sobre janeiro CBOT (US$ 480,00 a tonelada) para embarque em outubro e novembro, enquanto comprou simultaneamente embarques de soja americana para novembro e dezembro a US$ 2,47-US$ 2,48/bushel sobre janeiro CBOU (US$ 470,25 a tonelada).
Além disso, há um prêmio de US $ 4,00-US$ 6,00 a tonelada para a soja brasileira sobre a dos EUA, o que representa uma oportunidade de vantagem significativa de US$ 250.000,00 por cargo. Os compradores estatais de soja da China, Sinograin e Cofco, estão adquirindo soja dos EUA para ajudar o país a cumprir os seus compromissos comerciais de Fase 1 com os EUA.
Nas últimas seis semanas, a Cofco e a Sinograin compraram até 80 cargos de soja dos EUA em um momento em que as estimativas da safra estão diminuindo, uma dinâmica que fez com que os contratos futuros registrassem alta nos preços, que não é vista desde antes da atual guerra comercial, em junho de 2018.
Dólar
O dólar fechou em alta de 2,77%, cotado a R$ 5,3754 para compra e a R$ 5,3767 para venda, registrando a maior valorização diária desde 24 de junho (+3,33%). Na máxima, alcançada perto do fechamento, a moeda foi cotada foi a R$ 5,3782 (+2,80%). Na mínima, registrada ainda no começo do pregão, o dólar foi cotado a R$ 5,2405 (+0,16%).
O dólar acumulou na última semana alta de 0,82%. Até a véspera, registrava queda de 1,90%. Com isso, a moeda reduziu a desvalorização em setembro para 1,90% e elevou os ganhos no ano para 33,99%.
CBOT
Nesta segunda-feira, o mercado da soja inicia a semana registrando lucros depois das altas de mais de 4% na semana anterior. O fator clima para EUA e Brasil deverá exercer bastante influência sobre o comportamento dos preços nestes próximos dias, com a colheita nos EUA e o plantio no Brasil. Ao mesmo tempo, olho vivo na demanda e no comportamento dos fundos de investimento.
Por volta de 9h45 (Horário de Brasília), os principais vencimentos registravam quedas de 3,50 a 4 centavos, com o novembro cotado a US$ 10,39¼ e o janeiro a US$ 10,43¾ o bushel.
“Todas as atenções estão voltadas para o início da colheita nos EUA, com o USDA divulgando o seu boletim semanal de acompanhamento de safras no final do dia e o plantio no Brasil, com rumores de chuvas benéficas em algumas áreas produtoras. Fora isso, o mercado segue atento ao relatório semanal de embarques americanos, que o USDA divulga durante o pregão”, indicou Steve Cachia, consultor da Cerealpar e TradeHelp.
Ainda segundo Cachia, apesar deste ser um período de alguma pressão sazonal por conta do plantio no Brasil e da colheita nos EUA, “o cenário continua de preços firmes diante de uma conjugação de fatores de oferta e demanda que justificam este cenário”. Entre os fatores que ainda dão importante suporte para as cotações estão as incertezas climáticas, com o La Niña no Brasil, e a forte demanda chinesa no mercado norte-americano.
Milho
Segundo a T&F Consultoria Agroeconômica, no Rio Grande do Sul, o mercado esteve praticamente parado na semana passada, com negócios ocorrendo ao redor de R$ 61,00 para outubro na Serra. Na região central do estado, o preço está girando um pouco abaixo, entre R$ 61,00 a 61,50.
Os preços mantiveram a alta do dia anterior, com a saca cotada a R$ 66,00 em Ibirubá, mas recuando R$ 1,00 para R$ 63,00 em Vacaria. Nas demais praças do interior do estado, os preços no mercado de lotes disponível se mantiveram a R$ 63,00/FOB/Carazinho, Cruz Alta e Erechim e subiram para R$ 63,00 em Ijuí.
O preço para exportação subiu R$ 1,50 para R$ 60,50 no porto de Rio Grande, para embarque em fevereiro de 2021. Mas as indústrias reagiram e passaram a oferecer R$ 57,00/CIF para janeiro 2021.
Em Santa Catarina, os preços continuam a R$ 65,00. Sem muito milho disponível no estado, as indústrias de ração e os frigoríficos se abastecem cada vez mais com milho vindo do Mato Grosso do Sul.
Os preços do milho local permaneceram a R$ 63,00 no Alto Vale do Itajaí, recuaram R$ 1,00 para R$ 62,00 em Campos Novos e permaneceram a R$ 58,00 em Canoinhas e Chapecó. Em Concórdia e Joaçaba os preços mantiveram a alta do dia anterior a R$ 65,00. Em Mafra subiram R$ 0,50 para R$ 61,50.
No Paraná, o maior equilíbrio entre oferta e demanda mantém preços lucrativos para todos, mas em níveis menores. Para 2021, o preço recuou mais R$ 2,00, para R$ 55,00, com entrega em fevereiro e pagamento em março de 2021 nas indústrias da região de Ponta Grossa. Já no porto de Paranaguá o preço subiu R$ 2,00 para R$ 59,00 na primeira quinzena de fevereiro de 2021 e com pagamento em março de 2021.
Agrolink/Reuters/Notícias Agrícolas