Exportações de milho e soja dos EUA batem recorde em julho com demanda chinesa

Os portos dos Estados Unidos devem se manter bastante ativos na parte final deste ano. O movimento está sendo impulsionado por compras agressivas de milho e soja pela China, que atingiram em julho níveis recordes para os tempos modernos e máximas históricas, após o registro de mínimas por vários anos com as vendas externas na temporada anterior.

As recentes compras de milho norte-americano pelos chineses parecem superar as expectativas do mercado para o período, e as aquisições de soja para o ano que vem atingiram máximas de seis anos, embora ainda haja um longo caminho para que as metas estimadas sejam batidas.

As vendas de milho e soja dos EUA para outros países continuam em linha com o normal, e os exportadores norte-americanos ainda precisam competir com rivais clássicos como o Brasil.

É difícil comparar as exportações com anos muito distantes, de uma ou duas décadas atrás, já que os EUA perderam uma parcela significativa do mercado global de milho e soja no período. Os últimos anos são uma melhor comparação, pois refletem a dinâmica cada vez mais competitiva do mercado de exportações.

Milho

No mês de julho, os EUA já estavam em ritmo recorde nas vendas de milho, acumulando 5.1 milhões de toneladas até 23 de julho, na última década. As vendas totais de julho não costumavam ir muito além dos 5 milhões de toneladas.

Mas vendas recordes para a China nos últimos dias ampliaram essa marca para mais de sete milhões de toneladas. Na última quinta-feira, o USDA anunciou uma compra de 1.937.000 toneladas de milho da safra 2020/21 pela China.

Foi a terceira maior venda única de milho dos EUA já registrada e a maior já efetuada pela a China, superando a maior marca anterior com os chineses de 1.762.000 toneladas em 14 de julho.

Em 23 de julho, as vendas de milho à China para o ano comercial 2020/21 totalizavam 3.8 milhões de toneladas. Com a venda de quinta-feira, o volume agora é de 5.7 milhões de toneladas, ou 225 milhões de bushels, marca atipicamente alta para qualquer comprador neste período do ano.

O USDA estima as importações de milho pela China em 2020/21 em sete milhões de toneladas, e os EUA provavelmente já asseguraram a maior parte desses negócios.

Soja

Até o dia 23 de julho, as vendas de soja dos EUA no mês totalizavam 7.6 milhões de toneladas, o dobro da média de dez anos para o período e em nível muito superior ao visto nos meses de julho em outros anos.

O USDA surpreendeu na quinta-feira ao comunicar a venda de 3.34 milhões de toneladas de soja da nova safra. Se somados com as vendas da safra 2019/20, essa foi a mais forte semana de vendas da oleaginosa pelos EUA em mais de oito anos. A China respondeu por 59% dessas compras, enquanto 37% foram de compradores não revelados.

A China e destinos desconhecidos (muitos dos quais provavelmente se referem ao próprio país asiático) guiaram as fortes vendas de soja dos EUA neste mês, embora a comercialização para outros países tenha ficado em mínimas de cinco anos.

Enquanto isso, no Brasil as exportações de soja atingiram recordes impressionantes nos últimos meses, enquanto o país colhe no momento o que pode ser uma safra recorde de milho. Os embarques do cereal já começaram a ganhar ritmo e devem atingir o ápice nos próximos três meses.

A China representa mais de 75% das exportações de soja do Brasil, nível superior ao equivalente norte-americano antes da guerra comercial, de 60%. Mas os embarques brasileiros para outros compradores também bateram recordes.

Entre fevereiro e junho, o Brasil exportou 22% mais soja à China do que no recorde anterior para o período. Embarques para outros países foram 47% superiores à máxima anterior, e é importante que isso seja monitorado, porque se os negócios dos EUA com a China “secarem” ou as tensões entre os países escalarem, a oleaginosa norte-americana terá de procurar por outros destinos.

 

Reuters

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