Meio ambiente: deputado pede monitoramento de ação do governo

O Presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), pediu ontem que parlamentares ambientalistas e ruralistas construam uma pauta de consenso de projetos ligados ao meio ambiente, com o objetivo de dar uma resposta que tranquilize investidores internacionais e empresários.

Preocupado com a inércia do Palácio do Planalto em relação à inquietação do setor privado com o aumento do desmatamento ilegal, Maia sugeriu que parlamentares conversem com as frentes parlamentares do agronegócio e do meio ambiente e também com lideranças partidárias.

A ideia é que seja elaborado um pacote de projetos que tenham alta chance de aprovação ainda neste ano. Estão no radar conversas com o vice-presidente Hamilton Mourão, que comanda o Conselho da Amazônia, e representantes dos vários setores da economia.

Segundo um dos participantes da reunião, “há urgência de se ter um pacote de medidas para se contrapor à agenda negativa do governo”. O nome do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, não foi citado em nenhum momento da conversa, de acordo com relatos.

Além de Maia, estiveram presentes no encontro os deputados Rodrigo Agostinho (PSB-SP), Enrico Misasi (PV-SP), Zé Silva (SD-MG), Zé Vitor (PL-MG) e Alessandro Molon (PSB-RJ).

Ao Valor, o deputado Zé Vitor afirmou que foi definido que os parlamentares ficarão responsáveis por diagnosticar quais propostas têm maior aceitação na Câmara para serem votadas no segundo semestre. “Estamos dando um recado claro de que a Câmara tem dado atenção e se preocupa com o meio ambiente. Tudo com bom senso e com debate entre ruralistas e ambientalistas.”

Segundo Molon, os parlamentares que participaram dessa primeira reunião terão uma nova conversa para definir quais pautas serão apresentadas às bancadas temáticas e partidárias como sugestões do que pode ser votado nos próximos meses.

Ontem, o deputado do PSB apresentou um projeto que decreta o estado de emergência climática e estabelece a meta de neutralização das emissões de gases de efeito estufa no Brasil até 2050. Ele comparou a urgência de se votar o texto à necessidade que se tinha de aprovar a proposta de emenda constitucional (PEC) que torna o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) permanente.

“Assim como o Fundeb, é preciso votar esse texto até o final do ano para sigamos tendo meta de neutralização das emissões de efeito estufa”, disse Molon.

Durante a reunião, Maia teria chamado a atenção para a necessidade de monitorar as ações do governo em relação ao meio ambiente. Alguns participantes, porém, teriam demonstrado não acreditar na intenção do Planalto em apresentar resultados sobre o tema.

Em reunião recente com investidores estrangeiros, Maia foi alertado de que é preciso a adoção de medidas concretas voltadas ao meio ambiente e que “apenas palavras do governo” não seriam suficientes para que os investimentos internacionais fossem retomados no país.

Diante do diagnóstico, Maia iniciou conversas para viabilizar a criação de uma agenda de votações que sejam ligadas ao desenvolvimento sustentável e ao combate ao desmatamento na Amazônia, dois assuntos considerados prioritários pelos investidores.

 

Valor Econômico

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