O Brasil processou em 2019 mais de 7 milhões de toneladas de resíduos de boi, mais de 4 milhões de toneladas de subprodutos de aves e 950 mil toneladas de resíduos de suínos. Os dados são da Associação Brasileira de Reciclagem Animal (Abra).
A indústria brasileira de reciclagem na pecuária, que movimentou R$ 8,3 bilhões no ano passado, é considerada uma das mais modernas do mundo, com equipamentos de alta tecnologia. Segundo a Abra, seu desempenho contribui, em peso, para manter o País posicionado em primeiro lugar como exportador global de proteína de origem animal, garantindo sustentabilidade à produção.
Nesse contexto, o setor contribui para a diminuição do impacto ambiental causado pela destinação inadequada de resíduos in natura, evitando, dessa forma, a proliferação de doenças, bactérias e vírus.
“Quando falamos que a produção bovina e de frango no Brasil é uma das mais sustentáveis do mundo, é porque o último elo dessa cadeia, que é a indústria de transformação, recuperação e reciclagem de subprodutos, é essencial nesse processo. Se não tivéssemos essa indústria, estaríamos praticando uma atividade altamente poluente. Precisamos pensar sempre no ciclo do carbono”, destacou o pesquisador e chefe-geral da Embrapa Territorial, Evaristo de Miranda, em seu programa sobre sustentabilidade no canal Agro Mais.
Em pleno funcionamento
O presidente da Abra, Pedro Bittar, revelou que o setor de aproveitamento de resíduos animais ainda é desconhecido no Brasil e no mundo, mas produz cada vez mais e com mais eficiência.
“Mais de 40% do boi, por exemplo, é composto por resíduos não comestíveis. Hoje, os resíduos animais (que incluem gorduras, cascos, ossos, penas etc.) são processados de forma sustentável em sua totalidade e transformado em produtos de valor agregado, como rações e ingredientes para biodiesel, produtos para limpeza, higiene e cosméticos, entre outros”, afirmou o executivo.
No caso do biodiesel, destacou Evaristo de Miranda, “de 20% a 25% do produto brasileiro se origina do sebo de boi”. Segundo ele, “isso é um ganho, pois é um combustível carbono zero e renovável”.
Dos 7 milhões de toneladas de resíduos de abate bovino contabilizados em 2019, a Abra informou que foram geradas 3,4 milhões de farinhas e 1,9 milhões de gordura de origem animal. Do total das farinhas, 2,5 milhões foram destinados à alimentação animal, para as indústrias que produzem ração.
“É uma indústria que funciona 24h por dia, e que se baseia em análises laboratoriais e outros procedimentos rigorosos para garantir a qualidade de seus produtos”, acrescentou Bittar.
Estrutura
O chefe da Embrapa Territorial lembrou ainda que há toda uma estrutura logística ligada à reciclagem de resíduos animais, que responde a normas de higiene, garantindo sanidade no transporte da matéria prima, até sua posterior destinação para processamento.
“O Brasil é muito condenado no exterior por causa do meio ambiente. No entanto, nós temos, além de produtos reciclados, uma condição sanitária perfeita, sistemas de rastreabilidade e preservamos 66,3% de todo o território nacional. Isso precisa ser mostrado lá fora”, enfatizou o presidente da Abra.
“Para que o País seja o principal fornecedor de alimentos para o mundo em 2026/27, conforme estima a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), teremos de dobrar nossa produção de proteínas, com o setor de reciclagem acompanhando esse ritmo”, concluiu Bittar.
Dados divulgados pelo Agro Mais mostram que o Brasil abate, por ano, 39 milhões de bois, 37 milhões de suínos, 3.2 milhões de ovinos e caprinos e seis bilhões de frangos.
Fontes: Abra / Agro Mais
Equipe SNA