A média diária das exportações de soja no Brasil aumentou 51,20% nas duas primeiras semanas de julho em relação ao mesmo mês de 2019. Com isso, o País já acumula 3.9 milhões de toneladas embarcadas, segundo dados do governo federal.
Dessa forma, o País caminha para atingir embarques de oito milhões de toneladas de soja em julho, de acordo com a última estimativa da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec). Isso elevaria as exportações do maior produtor global da oleaginosa para quase 70 milhões de toneladas nos sete primeiros meses do ano.
A Secretaria de Comércio Exterior (Secex) informou que a média de embarques da oleaginosa no acumulado de julho atingiu 489.400 toneladas ao dia, contra 323.600 toneladas em julho de 2019.
A firme demanda da China e o dólar valorizado em relação ao real seguem impulsionando as vendas brasileiras de soja e devem fazer com que o país feche o ano com cerca de 80 milhões de toneladas exportadas, segundo estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
No entanto, analistas do Itaú BBA não descartam a possibilidade de exportações ainda maiores da commodity, para níveis próximos dos observados em 2018, quando o Brasil exportou quase 84 milhões de toneladas de soja.
“Não duvidamos que possamos atingir os patamares de 2018, caso a China siga comprando no Brasil a despeito das condições de mercado mais favoráveis para originar a soja americana (os prêmios nos portos lá são mais baratos do que nos portos locais)”, disse o gerente de Consultoria Agro do Itaú BBA, Guilherme Bellotti, ao ser questionado pela Reuters.
Este não seria o cenário base, mas, segundo ele, “pode acontecer, caso tenhamos um aumento maior das tensões comerciais entre Estados Unidos e China”.
Por outro lado, à medida que diminui a disponibilidade da oleaginosa para exportação no Brasil, o possível aumento das compras chinesas de outras origens pode reduzir a pressão sobre a oferta nacional do grão. Porém, os preços tendem a continuar elevados, ressaltou o banco.
“A nossa percepção é de que a disponibilidade de soja local no fim do ano será bastante baixa, fato que já é refletido no aumento das cotações de prêmios nos portos para entregas após setembro”, afirmou Bellotti.
Diante disso, a expectativa é de preços firmes para a soja e farelo no Brasil ao longo do segundo semestre, mesmo em um cenário de aumento das vendas americanas para a China. “Algum alívio para as cotações tende a ocorrer somente se observarmos uma apreciação cambial”, disse o gerente do Itaú BBA.
Outros mercados
As vendas externas de açúcar estão em um ritmo ainda mais acelerado, com aumento de quase 90% na média diária de exportação, de 79.200 toneladas em julho do ano passado para as atuais 150.300 toneladas. No acumulado deste mês, já foram embarcadas 1.2 milhão de toneladas do adoçante, segundo dados da Secex.
Assim como no mercado de soja, os embarques são favorecidos pela firme demanda da China, aliada ao câmbio atrativo para os exportadores, fatores que motivaram recorde nas vendas externas do agronegócio brasileiro em junho.
O milho foi destaque negativo nas exportações de commodities agrícolas até a segunda semana de julho, com recuo na média diária embarcada de 257.700 toneladas em julho de 2019 para 101.100 toneladas neste mês.
Em commodities não agrícolas, a Secex mostrou que o ritmo de vendas de petróleo aumentou 90%, de 163.800 toneladas ao dia em julho de 2019 para 311.550 toneladas, acumulando 2.5 milhões de toneladas exportadas neste mês.
No minério de ferro, o aumento na média diária foi de 22%, para 1.8 milhão de toneladas, totalizando 14.5 milhões de toneladas até a segunda semana de julho.
Reuters