Anec reafirma normalidade nos portos e forte ritmo nos embarques de soja

A exportação de soja do Brasil em março pode atingir recorde histórico para todos os meses, caso se confirmem os volumes de embarques previstos para o período entre os dias 29 e 31. A informação é da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec).

No acumulado de março até o dia 28, as vendas somaram 11.5 milhões de toneladas segundo a Anec, que ressaltou a normalidade das operações nos portos, apesar das preocupações logísticas relacionadas a medidas de combate ao Coronavírus.

Os embarques de março do Brasil – o maior exportador mundial de soja – devem ajudar a aliviar uma escassez de matéria-prima na China, maior importadora global da oleaginosa, após o registro de exportações brasileiras relativamente fracas em fevereiro.

O assistente-executivo da Anec, Lucas de Brito, lembrou que as vendas de fevereiro sofreram atrasos por chuvas intensas no Brasil, que paralisam os embarques, o que fez com que muitos despachos fossem transferidos para este mês.

Além disso, em março o setor pôde contar com um maior volume de soja, uma vez que a colheita começou tardiamente em 2020. “Se acontecer o programado, se forem realizados os embarques, ou vai passar ou ficar muito próximo do recorde”, disse Brito à Reuters.

Com base em programações dos portos, a entidade projetou embarques de mais 1.6 milhão de toneladas nos três últimos dias do mês, o que levaria o total a 13.1 milhões de toneladas exportadas em março.

O recorde mensal da exportação de soja do Brasil é de aproximadamente 12.3 milhões de toneladas, registrado em maio de 2018, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

A ANEC informou ainda em nota que todos os portos operam normalmente, adotando as medidas de segurança estabelecidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a prevenção do Coronavírus.

As áreas portuárias também têm iniciativas para ampliar os cuidados preventivos ao Covid-19, após estivadores do porto de Santos ameaçarem, mais cedo neste mês, uma parada nas atividades. A Anec afirmou ainda que o fornecimento de combustível está normalizado em todos os portos.

Apesar de a situação portuária estar normal, o setor tem se preocupado com a logística para escoar o produto até os portos, uma vez que caminhoneiros têm encontrado escassez de serviços nos postos das rodovias, como efeito das medidas restritivas ao comércio.

O fechamento de postos de serviços aos caminhoneiros tem elevado custos de transporte, já que muitos motoristas deixam de fazer viagens por não saberem se terão infraestrutura no caminho, afirmou a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), que representa o setor de soja.

A chinesa Cofco ecoou temores do setor, afirmando nesta terça-feira, por meio de um executivo, que sofreu os efeitos das medidas para conter o Coronavírus em sua unidade de biodiesel em Mato Grosso. A empresa avalia que a logística para o escoamento de produtos agrícolas é a questão de maior preocupação no momento.

A Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) destacou que a diminuição de caminhoneiros nas estradas, devido a dificuldades logísticas deflagradas pelas medidas para combater o Coronavírus, tem sido um problema para o escoamento da safra, em processo de colheita no principal estado produtor do País.

Outros setores do agronegócio têm feito reclamações na mesma linha, apesar das atividades agrícolas e de transporte de safras terem sido consideradas essenciais pelo governo federal, com o objetivo de afastar barreiras municipais e estaduais que acabam sendo um problema para a estrutura de escoamento.

 

Reuters

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