CBOT reage mal, mas acordo deve ter impacto “grande” na soja, diz Ana Luiza Lodi, da INTL FCStone

O mercado futuro de soja na Bolsa de Chicago (CBOT) reagiu mal em relação a qual volume da oleaginosa a China efetivamente comprará nos Estados Unidos após a assinatura do acordo sino-americano, disse ao Broadcast Agro a analista da INTL FCStone Ana Luiza Lodi. A analista indica, entretanto, que o aumento das compras chinesas de US$ 12.5 bilhões em 2020 e US$ 19.5 bilhões em 2021 em relação as quantidades adquiridas em 2017 resultará em “volume expressivo”. “Para a soja, isso deve ter um impacto grande”, disse ela. Ana Luiza lembra que, em 2017, antes da guerra comercial, as exportações de soja dos EUA para a China superaram US$ 12 bilhões. Em 2018, foram pouco mais de US$ 3 bilhões. “A guerra comercial afetou muito o fluxo, e a soja teria um espaço para recuperar volumes”, disse.

A ausência de números que indiquem quanto, em volume ou receita, a China deve adquirir de cada commodity contribuiu para a incerteza. “A falta de mais detalhamento sobre quanto a China vai comprar contribui para o mercado ficar esperando para ver o que vai acontecer e como a China vai cumprir esse acordo.” A analista lembra que a China reduziu o volume de soja adquirido globalmente após a Peste Suína Africana.

Quanto ao efeito sobre o Brasil, Ana Luiza destaca que o acordo deve, sim, afetar as exportações brasileiras de soja, uma vez que a soja é um produto importante da pauta importadora chinesa nos EUA. Os prêmios de exportação no Brasil, contudo, praticamente não variaram por enquanto, segundo a analista. “A comercialização da safra está mais adiantada, mas tem que ver como vai ficar daqui para frente”, disse.

A FCStone estima que 47% da safra de soja brasileira já esteja vendida, e, embora não se saiba exatamente quanto disso vai ser destinado à China, o país é o maior importador do produto brasileiro. Em igual período do ano passado, a comercialização atingia menos de 40% da safra.

Tradicionalmente, o começo do ano é o período que o Brasil tem mais soja para ofertar, mas os EUA têm estoques apesar da quebra na safra 2019/20. “A soja seria um candidato importante para a China cumprir esse acordo. Num momento em que a demanda chinesa ainda não está totalmente recuperada, isso pode ter impacto negativo nas exportações brasileiras.”

Agencia Estado

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp