Sem Irã, preço do milho será menor para o Brasil

O Brasil volta a ter uma boa produção de grãos neste ano. O volume de soja deverá atingir 124.3 milhões de toneladas e o de milho 101.6 milhões de toneladas.

As estimativas são da Agroconsult, consultoria que realiza o Rally da Safra, uma expedição anual que acompanha e avalia o desenvolvimento das lavouras de soja e de milho no país.

A produção volta a crescer, mas o país terá desafios para colocar parte desses produtos no mercado externo. O volume de exportações de soja depende das negociações entre Estados Unidos e China.

​Já as vendas externas de milho dependem da evolução das discussões entre Irã e Brasil, após o posicionamento brasileiro sobre os atritos entre iranianos e americanos.

André Pessoa, sócio Diretor da Agroconsult, acredita que, apesar desses desafios, o Brasil manterá boa presença no mercado externo, embora possa obter menos receitas no caso do milho.

As exportações de soja deverão ficar entre 76 milhões e 78 milhões de toneladas neste ano. A confirmação do acordo entre China e Estados Unidos fará com que o Brasil exporte 76 milhões de toneladas. Sem acordo entre eles, as vendas externas deverão ser de 78 milhões de toneladas.

Um acordo comercial entre chineses e americanos poderá reduzir em 6 milhões de toneladas as exportações brasileiras para o país asiático. O Brasil colocará, porém, parte desse volume em outros mercados.

Com relação ao milho, as 5.400 milhões de toneladas exportadas para o Irã são importantes, em relação as 43.3 milhões de toneladas vendidas em 2019.

Pessoa espera, no entanto, que o País também encontrará novos mercados para o cereal. No caso do milho, porém, as receitas poderão ser menores.

O Irã, segundo ele, é um pagador com margens melhores, devido ao tipo de negociações que faz com o Brasil.

De fato, os dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior) indicam que, enquanto japoneses e vietnamitas, primeiro e terceiro maiores importadores de milho do país, pagaram US$ 166,00 por tonelada do cereal no ano passado, os iranianos, que estão em segundo no ranking, despenderam US$ 184,00.

Na avaliação de Pessoa, após ter embarcado um volume recorde de milho em 2019, os brasileiros deverão exportar 37 milhões de toneladas neste ano.

Na avaliação das safras de soja e de milho deste ano, o Diretor da Agroconsult disse que o Brasil vai ter uma colheita dentro da normalidade, mas ainda é preciso ficar de olho no clima e, consequentemente, na produtividade.

No caso da soja, o País terá a quarta safra com volume superior a 55 sacas por hectare. Já a produção de milho safrinha não repete o recorde de 101 sacas por hectare de 2019, mas ficará em 95, um volume superior ao dos anos anteriores.

O plantio de soja deste ano foi afetado pelo clima em vários estados. As lavouras, porém, estão se recuperando.

Mato Grosso, o líder nacional, teve um plantio dentro do calendário, e a produtividade média está estimada em 57,5 sacas por hectare, mas Pessoa não descarta a possibilidade de uma repetição do volume de 2017/18: 57,9 sacas.

Paraná e Mato Grosso do Sul, outros estados importantes na produção nacional, estão com bom potencial, segundo ele.

Folha de S. Paulo

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