Soja fecha em forte queda com tensão EUA–Irã

Os contratos futuros da soja na CBOT fecharam em forte queda. Os principais vencimentos registraram quedas de 14,25 a 14,75 centavos. O março/20 fechou cotado a US$ 9,41½ e o maio/20 a US$ 9,55¼ o bushel.

Os contratos futuros do farelo de soja na CBOT também fecharam em baixa. Os principais vencimentos registraram quedas de US$ 4,10 a US$ 4,40. O março/20 fechou cotado a US$ 301,20 e o maio/20 a US$ 305,20 a tonelada curta.

A AgResource avalia que a tensão criada com o ataque norte-americano que matou o general iraniano Qassem Soleimani afetará as exportações de grãos dos Estados Unidos, que tendem a ter mais dificuldade de ganhar mercado.

“Os preços crescentes do petróleo em geral são favoráveis às culturas usadas para biocombustíveis, como milho e soja, mas os conflitos militares também aumentam os custos de seguro do comércio no Oriente Médio”, indicou a consultoria.

O ataque americano que resultou na morte do general iraniano Soleimani na madrugada desta sexta-feira (3) provocou uma bagunça generalizada nos mercados e a soja fechou em queda de mais de 1% na Bolsa de Chicago.

Segundo o diretor da Price Futures Group, Jack Scoville, o movimento é passageiro, mas deve ser monitorado. O Irã, afinal, já prometeu que irá “vingar a morte” de um dos seus mais importantes líderes, e as retaliações poderão vir nos próximos dias.

“Provavelmente, já vimos a pior reação, e o que nos indica é que isso não dure muito mais. A partir de agora pode seguir negociando mais ‘misto'”, disse o analista americano em entrevista ao Notícias Agrícolas.

USDA – Vendas Semanais

As vendas de soja dos EUA para exportação totalizaram 330.300 toneladas na semana encerrada em 26 de dezembro e ficaram aquém das expectativas do mercado que variavam de 350.000 a 1,050 milhão de toneladas. O volume foi o menor do ano comercial. A China foi o principal comprador.

No ano comercial, já foram vendidas 29.491.600 toneladas, abaixo das mais de 30 milhões de toneladas no ano comercial anterior, nessa mesma época. O USDA estima as exportações americanas 2019/20 em 48.310.000 toneladas.

Argentina

O plantio da safra 2019/20 de soja na Argentina atingiu a 84,30% da área estimada de 17.7 milhões de hectares, um avanço de 5,30% em relação à semana anterior, informou a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, em relatório semanal. Há um ano, 89,70% da área estava plantada.

Segundo a bolsa, chuvas sobre grande parte da área agrícola nacional melhoraram as condições de umidade das áreas já plantadas e destravaram o plantio no Centro e Sul do país. Contudo, o Sudoeste de Buenos Aires continua com déficit hídrico, em função das precipitações escassas.

Óleo de Palma

Os estoques de óleo de palma da Indonésia registraram queda de 0,50% em outubro, para 3.713 milhões de toneladas, em relação a setembro, informou nesta sexta-feira o Conselho da Indústria de Óleo de Palma da Indonésia, conhecido como Gapki.

No período, o país processou 73.000 toneladas a menos da commodity, totalizando 4.519 milhões de toneladas. O volume é 1,60% menor que o produzido no mês anterior.

O consumo doméstico da commodity totalizou 1.498 milhão de toneladas no período de referência, volume 6,20% maior que o mês anterior. Já as exportações de óleo de palma, contudo, recuaram 6,80% em outubro em relação a setembro, totalizando 3.041 milhões de toneladas.

Colheita no Paraná

A colheita da soja na safra 2019/20 já começou no Paraná, principalmente na região Noroeste do Estado. Assim como foi o plantio, a expectativa é de que o período de colheita seja longo, até abranger todas as áreas cultivadas.

Segundo o Presidente da Aprosoja Paraná, Márcio Bonesi, essas primeiras áreas colhidas sofreram bastante com a estiagem e estão registrando produtividades entre 30 e 40 sacas por hectare. A liderança destaca que as lavouras plantadas por último, assim como as replantadas, também irão ter baixa produtividade devido à falta de chuvas.

O resultado positivo ficará apenas para aquelas áreas intermediárias, que conseguiram um desenvolvimento melhor, mas ainda precisam de mais precipitações nestes próximos dias para garantir um bom potencial produtivo.

Bonesi destaca ainda a importância de o produtor seguir atento aos trabalhos de manejo e aplicação de defensivos, pois caso as chuvas previstas realmente voltem, a pressão da ferrugem asiática deve ser maior no estado.

Para a segunda safra de milho, Bonesi estima apenas uma pequena redução na área plantada, a despeito de uma previsão inicial de grande redução. Isso porque, o momento dos preços do milho é bastante favorável, o que deve fazer o produtor paranaense arriscar na cultura mesmo fora das melhores janelas de cultivo.

No Brasil

No entanto, Jack Scoville afirma ainda que o movimento não deverá tirar o protagonismo do Brasil nas exportações globais de soja. “Eu vejo o Brasil vendendo só um pouco menos de sua soja”, disse.

O ritmo dos negócios no Brasil nestes primeiros dois dias do ano foi bastante lento, com os operadores ainda em ritmo de Ano Novo. A partir da segunda-feira, dia 6, as operações voltar ao normal.

Nesta sexta-feira, as cotações da soja no mercado nacional acompanharam as quedas na CBOT e terminaram o dia em baixa nos portos e na maior parte das praças de comercialização do interior do país.

Em Rio Grande, a saca da soja no mercado disponível caiu 0,57%, sendo cotada a R$ 87,50, enquanto caiu 1,16% para março, sendo cotada a R$ 85,50. No porto de Paranaguá, queda de 0,56% no mercado disponível, com a saca cotada a R$ 88,00, e estável para março a R$ 87,00.

Do espectro mais amplo, o momento segue positivo para o produtor brasileiro e a formação dos preços no mercado nacional, segundo o consultor Ênio Fernandes, da Terra Agronegócios. No entanto, ele alerta para a chegada da nova safra nos próximos dias e qual será o posicionamento do produtor americano diante dessa oferta 2019/20 do Brasil para efetivar seus negócios.

“Se você é americano e sabe que a maior economia do mundo tem que comprar de você um volume alto, naturalmente, você retrai as vendas, vende paulatinamente, tentando capturar as melhores altas possíveis. Em sendo verdade, os preços lá fora sobem, os prêmios aqui se amenizam, mas isso faz com que a China tenha que ser muito hábil para comprar hora lá, hora cá”, disse.

Fernandes acredita ainda que o comportamento do dólar também pode continuar favorecendo os preços no Brasil, com a moeda americana com pouco espaço para se distanciar muito dos R$ 4,00.

Milho também fecha em baixa com tensão EUA – Irã

Os contratos futuros do milho na CBOT fecharam em baixa. Os principais vencimentos registraram quedas de 5 centavos. O março/20 fechou cotado a US$ 3,86½ e o maio/20 a US$ 3,93 o bushel.

Os contratos futuros do trigo na CBOT também fecharam em baixa. Os principais vencimentos registraram quedas de 5,50 a 5,75 centavos. O março/20 fechou cotado a US$ 5,54½ e o maio/20 a US$ 5,57¾ o bushel.

O milho fechou em queda, com um movimento de realização de lucros sexta-feira, com o mercado preocupado com o ataque aéreo dos Estados Unidos no Iraque que aumentou as tensões geopolíticas no Oriente Médio.

Analistas disseram esperar que o mercado volte o seu foco do incidente contra o comandante iraniano no Iraque para o acordo comercial EUA-China e à divulgação do relatório de safras do USDA na próxima semana.

O mercado espera que o USDA divulgue dados da produção agrícola em 10 de janeiro, em meio as incertezas quanto ao tamanho da safra de milho, cuja colheita foi atrasada pelo clima frio e úmido.

“O mercado também está na expectativa de mais detalhes sobre o acordo comercial da Fase 1 que Pequim e Washington fecharam no mês passado. A China se comprometeu a comprar mais produtos agrícolas dos EUA como parte do acordo, embora os detalhes não tenham sido anunciados”, indicou Tom Polansek da Reuters Chicago.

USDA – Vendas Semanais

As vendas de milho dos EUA para exportação somaram 531.400 toneladas na semana encerrada em 26 de dezembro, volume dentro do intervalo esperado pelo mercado, que variava entre 300.000 a 775.000 toneladas. O principal destino do cereal foi o México.

No ano comercial, os Estados Unidos já venderam 18.354.600 toneladas, contra as mais de 31 milhões de toneladas no ano comercial anterior, nessa mesma época. A estimativa do USDA é de que as exportações de milho no ano comercial totalizem 46.990.000 toneladas.

As vendas semanais do trigo totalizaram 312.900 toneladas, também dentro das expectativas do mercado, que variavam de 250.000 a 500.000 toneladas. A Indonésia foi o maior comprador.

Etanol EUA

A produção média de etanol nos Estados Unidos foi de 1.066 milhão de barris por dia na semana encerrada em 27 de dezembro, volume 1,57% abaixo do da semana anterior, de 1.083 milhão de barris por dia. Os números foram divulgados pela Administração de Informação de Energia do país (EIA, na sigla em inglês).

Os estoques do biocombustível caíram 2,32% para 21 milhões de barris.

A Bunge anunciou ontem que liquidou sua participação de 25% em uma usina de etanol no estado de Iowa, nos Estados Unidos, em razão das margens apertadas do negócio, informou a Reuters. A empresa mantinha uma parceria na usina com produtores da região havia 13 anos.

Mesmo com a saída da operação, a Bunge informou que tem a intenção de continuar comprando o volume total de etanol produzido na unidade (140 milhões de galões por ano), o que ainda demandará a assinatura de um acordo entre as partes.

Segundo a Bunge, caberá à usina assumir a responsabilidade da compra de milho para a produção do biocombustível e também pela venda de DDGS destinado à ração animal.

Argentina

Segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, o plantio da safra 2019/20 de milho na Argentina atingiu a 83,50% da área estimada de 6.3 milhões de hectares. O avanço em relação à semana anterior foi de 8,40% e os trabalhos estavam 0,80% adiantados em comparação com igual período da temporada anterior. Segundo o boletim da bolsa, chuvas registradas na última semana melhoraram as reservas hídricas em grande parte das áreas. Entretanto, ainda há na província de Salta necessidade de precipitações para repor a umidade do solo.

Com relação ao trigo, a colheita atingiu a 92,10% da área plantada, um avanço de 4,30% na comparação semanal. Os trabalhos estão 1,50% adiantados em relação a igual período do ciclo anterior. A bolsa manteve a estimativa de produção em 18.5 milhões de toneladas. Enquanto nas províncias de Buenos Aires e La Pampa e no Sul de Córdoba o rendimento tem vindo abaixo do previsto, no Sudeste de Buenos Aires a produtividade segue elevada, segundo a bolsa.

Mercado Interno

No mercado físico brasileiro, a sexta-feira foi sem movimentações, na maioria das praças. Em levantamento realizado pela equipe do Notícias Agrícolas, foi registrada queda na saca apenas no porto de Paranaguá (1,18%, cotada a R$ 42,00).

Já a alta foi registrada em Assis/SP (0,99%, cotada a R$ 40,70).

Em seu relatório diário, a Radar Investimentos apontou que o ritmo dos negócios no mercado físico do milho ainda segue lento. “O produtor não tem intenção em negociar, enquanto os grandes compradores estão relativamente bem abastecidos”.

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