Ministério da Agricultura: preço da carne diminui para o consumidor

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) informou que a cotação da arroba (15 quilos) do boi gordo diminuiu de valor no final de dezembro, com queda média de 15%. Segundo levantamento periódico da Pasta, a arroba do boi gordo estava cotada a R$ 180,00 no último dia 30. No início do mês passado, chegou a R$ 216,00.

Diante disso, o ministério anunciou que o preço da carne vai cair para o consumidor final. O cenário “mostra uma acomodação dos preços no atacado, com reflexos positivos em curto prazo no varejo”, destacou o Mapa, acrescentando que a alcatra registrou “4,50% de queda no preço nos últimos sete dias.”

Estimativas do ministério indicam que a arroba vai ficar entre R$ 180,00 e R$ 200,00 nos próximos meses, dependendo da praça. A queda do valor interrompe a alta de 28,50% que salgou o preço da carne nos últimos seis meses. A perspectiva, porém, é de que o alimento não volte ao patamar inferior.

“Estamos fazendo a leitura de que isso veio para ficar, um outro patamar do preço da carne”, avaliou o diretor do Departamento de Comercialização e Abastecimento do Mapa, Sílvio Farnese.

“Eu tenho certeza que o preço não volta ao que era”, disse Alisson Wallace Araújo, dono de dois açougues e uma distribuidora de carne em Brasília. Segundo ele, no Distrito Federal, o quilo do quarto traseiro do boi estava custando para açougues e distribuidoras de carne R$ 13,50 há seis meses. Chegou a R$ 18,90 em novembro, e hoje está em R$ 17,70.

Estabilização dos preços

Há mais de uma razão para a provável estabilização dos preços em valores mais altos do que há um ano. O mercado internacional tende a comprar mais carne brasileira, os produtores estão tendo mais gastos ao adquirir bezerros e a eventual recuperação econômica favorece o consumo de carne no Brasil.

No último ano, beneficiado pela perda de rebanhos na China e pela alta do dólar, o Brasil ganhou mercado e vários frigoríficos foram habilitados para vender mais carne no exterior. Só em novembro, mais cinco frigoríficos foram autorizados pelos chineses a exportar carne. Em outros países também houve avanços. Mais oito frigoríficos foram aceitos pela Arábia Saudita no mesmo mês.

A carne brasileira é competitiva no mercado internacional porque é mais barata que a carne de outros países produtores, como a Austrália e os Estados Unidos, cujo gasto de criação dos bois é mais oneroso por causa do regime de confinamento e alimentação. O gado brasileiro é criado solto em pasto.

O Brasil produz cerca de nove milhões de toneladas de carne por ano, e 70% é consumida internamente. Mas a venda para o exterior é atrativa para os produtores e pressiona valores. “A abertura de um mercado que comece a receber um produto brasileiro ajuda o criador na formação de preço”, descreveu Farnese.

A alta recente dos preços do boi está viabilizando a renovação do gado quando o preço dos bezerros está valorizado. A compra dos bezerros é necessária para repor o gado abatido nos últimos anos, inclusive de vacas novilhas.

Além disso, em época de chuva, com pasto mais volumoso, os pecuaristas vendem menos bois e mantém os animais na engorda, o que também repercute na oferta e no preço do alimento. “Os criadores não se dispõem a vender porque têm alimento barato para o gado”, disse Farnese.

O comerciante Wallace Araújo acredita que, com a recuperação da economia e a diminuição do desemprego, haverá mais demanda por carne ao longo do ano. “É uma crescente”. Ele, no entanto, não acredita em alta nos próximos meses.

Em sua opinião, o consumo de carne diminui em janeiro por causa das férias e gastos sazonais das famílias (como impostos e material escolar) e depois do carnaval por causa da quaresma (período em que os católicos diminuem o consumo de carne).

 

Agência Brasil

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