A redução da demanda chinesa por soja brasileira deixou uma ferida profunda nas exportações do agronegócio do País em agosto. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) compilados pelo Ministério da Agricultura, os embarques totais do setor geraram uma receita de US$ 8.3 bilhões no mês passado, 11% menos do que a de agosto de 2018.
As importações recuaram 6,10% na mesma comparação, para US$ 1.1 bilhão, e, com isso, o superávit do setor registrou queda de 1,70%, para US$ 7.2 bilhões. Como tem sido a tônica nos últimos meses, a queda das exportações foi diretamente influenciada pela redução dos embarques de soja em grão e derivados (farelo e óleo), que encabeçam a pauta do setor.
Com o arrefecimento da demanda chinesa, que lidera as importações globais do grão (o Brasil é o maior exportador), as vendas do “complexo soja” renderam US$ 2.4 bilhões, 38,70% menos que em agosto do ano passado.
“A Peste Suína Africana afetou a criação pecuária na China, diminuindo a demanda de soja em grão por parte do país asiático. Em agosto de 2019, a China reduziu as aquisições de soja brasileira para 4.1 milhões de toneladas, uma queda 2.8 milhões de toneladas em relação às 6.9 milhões de toneladas exportadas para o país asiático em agosto de 2018. Deve-se ressaltar que a baixa nas exportações de soja em grão à China foi idêntica à queda para o mundo”, informou o Ministério da Agricultura em comunicado.
Se os embarques de soja registraram forte queda, os de cereais, farinhas e preparações, puxadas pelo milho, dispararam. Renderam US$ 1.4 bilhão em agosto, um aumento de 155,10% em relação ao mesmo mês do ano passado.
Essa grande diferença pode ser explicada pela baixa base de comparação, uma vez que a safrinha de milho da temporada 2017/18 registrou quebra em razão de problemas climáticos, e pela farta colheita na safrinha do ciclo 2018/19, que bateu um novo recorde histórico.
As exportações de carnes, por sua vez, também encolheram no mês passado. Segundo o ministério, alcançaram US$ 1.3 bilhão, 11,60% menos que em agosto de 2018. “A queda ocorreu em função da redução da quantidade exportada, que foi 17,40% inferior à registrada em agosto de 2018. As exportações de carne bovina foram de US$ 618.3 milhões (- 11,60%), enquanto as de carne de frango foram de US$ 544.4 milhões (- 11,80%) e as de carne suína foram de US$ 107.2 milhões (- 1,70%)”, informou a pasta.
No caso de produtos florestais, as exportações recuaram 17,90%, para US$ 971.8 milhões, ao passo que os embarques de açúcar e etanol renderam 3,30% mais na comparação anual (US$ 646.6 milhões), e os de café registraram um incremento de 6,90%, para US$ 403.9 milhões.
Por causa da retração das vendas de soja à China, o país asiático respondeu por “apenas” 26,30% das exportações brasileiras do agronegócio em agosto passado, ou US$ 2.1 bilhões.
Com os resultados de agosto, nos primeiros oito meses deste ano as exportações brasileiras do agronegócio somaram US$ 64.6 bilhões, 5,40% menos que em igual período de 2018. Na mesma comparação, as importações caíram 2,60%, para US$ 9.2 bilhões, e o superávit do setor recuou 4,20%, para US$ 55.3 bilhões.
No período, as exportações também foram lideradas pelo complexo soja (US$ 10.2 bilhões, alta de 9,20%) e produtos florestais (US$ 9.2 bilhões, queda de 0,60%). E a China foi o destino de 32,70% das exportações.
Valor Econômico