Considerando o primeiro semestre dos últimos nove anos, os preços dos principais fertilizantes fosfatados e potássicos utilizados na cultura da soja registraram em 2019 os patamares mais elevados, em termos nominais.
Esse cenário esteve atrelado a eventos registrados em 2018, como a greve dos transportadores rodoviários, o tabelamento dos fretes, a oscilação cambial (devido aos entraves políticos) e a valorização das matérias-primas no mercado externo.
O primeiro semestre é o período em que ocorre o maior volume de compras de fertilizantes. Segundo levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), nos últimos nove anos, os meses de junho terminaram com 62%, em média, do total comprado.
Na safra 2019/20, os dados indicam que quase 70% dos fertilizantes foram adquiridos até o final do primeiro semestre. Com os maiores preços nominais em nove anos, os custos com adubos para o sojicultor brasileiro devem ser os mais elevados desde 2010.
Nesses nove anos, os valores dos principais fertilizantes utilizados na soja mais do que duplicaram, e os períodos de aumentos mais expressivos ocorreram entre 2010 e 2015 e entre 2017 e 2019. Nesse último, que é o mais importante para esta análise, as cotações dos fertilizantes subiram, em média, 38%, devido ao aumento do dólar.
No primeiro período, de 2010 a 2015, os fertilizantes se valorizaram 76%, mas recuaram em 2016 e 2017. Nesses anos, as cotações dos fertilizantes foram fortemente pressionadas pela desvalorização do dólar e pela grande disponibilidade das matérias-primas no mercado internacional.
Em 2018, o dólar mais elevado tornou a encarecer os fertilizantes, principalmente no segundo semestre, quando os rumores da guerra comercial entre China e Estados Unidos e os entraves do cenário político eleitoral brasileiro desvalorizaram de forma expressiva a moeda brasileira em relação ao dólar.
Acrescido a isso, o tabelamento dos fretes, como resolução da greve rodoviária, impactou ainda mais as cotações, de forma que, entre 2017 e 2018, o preço do adubo registrou elevação de 31%.
Em 2019, o dólar se valorizou ficou ainda do que no primeiro semestre de 2018, passando nesse período de R$ 3,42 para $ R$ 3,84 e, como reflexo, as cotações dos fertilizantes potássicos e fosfatados registraram aumento médio de 21%. O KCl, por exemplo, passou de R$ 1.386,00/tonelada para R$ 1.796,00/t. Já o MAP teve elevação de R$ 269,00/t entre um ano a outro, sendo comercializado a R$ 2.076,00 no primeiro semestre de 2019.
Cepea