Brasil deverá elevar cota de etanol a pedido dos Estados Unidos

O governo brasileiro está inclinado a aceitar um pedido dos EUA e aumentar a cota de etanol livre da cobrança de tarifa de importação, que expira amanhã. Há divergências entre os ministérios da Economia e da Agricultura, mas o assunto já chegou ao Palácio do Planalto e o presidente Jair Bolsonaro deverá arbitrar a favor da equipe econômica.

Segundo assessores presidenciais, a importação de maiores volumes de etanol americano sem tarifa seria uma forma de deixar claro ao presidente Donald Trump que a parceria Brasil-Estados Unidos é para valer. É também uma maneira de agradecer, simbolicamente, pelas manifestações feitas por Trump em defesa da soberania brasileira para lidar com as queimadas na Amazônia.

Após as duras críticas do francês Emmanuel Macron às vésperas da reunião do G-7 em Biarritz, o presidente americano usou sua conta no Twitter para expressar “total apoio” a Bolsonaro. Trump também escreveu que a relação entre os dois países está “forte, talvez mais forte do que nunca”.

O aumento das exportações de etanol de milho é um pleito importante dos EUA ao governo brasileiro. O presidente americano, que está prestes a entrar na corrida pela reeleição, tem sido pressionado por agricultores para apresentar medidas de apoio ao produto.

O Brasil permite atualmente a entrada de uma cota de 600 milhões de litros sem a cobrança de tarifa (hoje em 20%). Até 2017, não havia cotas. A tendência, segundo fontes graduadas ouvidas pelo Valor, é que não haja liberalização de uma vez, para não contrariar o Ministério da Agricultura e os usineiros no Brasil. É grande a possibilidade, no entanto, de que a cota seja elevada para perto de 800 milhões de litros por ano.

Em março, durante visita à Casa Branca, Bolsonaro já havia atendido a outro pleito americano na área agrícola: a liberação de uma cota de 750.000 toneladas anuais de trigo para entrada no Brasil sem tarifa. Como no caso do etanol, o benefício vale para todos os países que tenham a intenção de fornecer ao mercado brasileiro, mas os EUA são o único com condições de mercado de aproveitar imediatamente a cota.

Nos primeiros 12 dos 24 meses de vigência da cota de 600 milhões de litros anuais, o Brasil importou 1.7 bilhão de litros, e nos últimos 12 meses o volume se aproximou de 1.4 bilhões de litros. A maior parte das importações é realizada por empresas brasileiras, como a Coopersucar, que tem uma trading de etanol nos EUA, e a Raízen.

A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, aceita a renovação da cota por até um ano, mas quer discutir contrapartidas com os americanos, conforme apurou o Valor. Em conversa ontem por telefone com o secretário do USDA, Sonny Perdue, a ministra pediu que Washington aceite comprar mais açúcar do Brasil. A pasta deseja dobrar a atual cota de 150.000 toneladas anuais de açúcar destinada ao Brasil.

 

Valor Econômico

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