As principais compradoras de soja da China conseguem se manter sem os fornecimentos dos Estados Unidos no quarto trimestre, dependendo somente das importações provenientes da América do Sul. A afirmação é de um analista chinês ligado ao governo.
Os comentários de Zhang Liwei, analista sênior do Centro Nacional de Informação sobre Grãos e Oleaginosas da China, foram divulgados após o Ministério do Comércio do país ter anunciado, no início deste mês, que as empresas chinesas pararam de comprar produtos agrícolas norte-americanos, na mais recente escalada na guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.
A China é a maior compradora mundial de soja, adquirindo cerca de 60% da oferta comercializada globalmente. Os EUA são, em geral, o segundo maior fornecedor do país asiático, representando a maior parte das importações pela China no quarto trimestre em todos os anos.
Os esmagadores chineses interromperam as compras de soja dos EUA no ano passado, depois de Pequim impor tarifas de 25% sobre os grãos, em resposta às taxas norte-americanas.
As companhias estatais, no entanto, adquiriram cerca de 14 milhões de toneladas de soja nos últimos meses, após uma trégua comercial temporária estabelecida no final do ano passado. Novas compras, porém, foram colocadas em risco depois de o presidente dos EUA, Donald Trump, voltar a elevar as tensões entre os dois países com ameaças de tarifas, no início deste mês.
Falando em uma conferência na cidade chinesa de Harbin, Zhang disse que mesmo que China e EUA não consigam chegar a um acordo comercial nas próximas semanas, “teremos oferta suficiente de soja, já que podemos comprá-la da América do Sul”. O analista afirmou ainda que as vendas das reservas estatais também podem ajudar a aquecer a oferta.
“Surtos da mortal peste suína africana na China estão ajudando a reduzir a demanda por soja”, acrescentou Zhang. No país, a oleaginosa é esmagada e transformada em farelo para a alimentação de porcos e aves.
A China declarou na quinta-feira que sua criação de porcos diminuiu 32% em julho em relação a igual período do ano anterior. O analista disse que o declínio continuará no segundo semestre deste ano.
Reuters