Eleição trava o mercado de grãos na Argentina

O comércio de grãos está paralisado na Argentina após o surpreendente resultado das eleições primárias no domingo, vencidas com folga maior que a esperada pela chapa formada por Alberto Fernandez e Cristina Kirchner.

“Todo o enorme esforço de crescimento do agronegócio nos últimos quatro anos parece que vai por água abaixo. Crescimento da economia aos saltos, com nova onda de tecnologia, enormes investimentos no campo e na indústria, petroquímica, gás e maquinaria, foi tudo revertido em praticamente nada”, disse Héctor Huergo, comentarista de agronegócio do jornal argentino “Clarín”.

O principal receio de tradings e produtores é um novo aumento das “retenciones”, imposto à exportação criado pela ex-presidente Cristina Kirchner. Apesar de criticar o imposto na disputa que venceu para a Casa Rosada, o atual presidente, Mauricio Macri, o manteve, ainda que com percentuais menores.

Quando Macri assumiu, em dezembro de 2015, as retenções para soja e derivados eram de 35% e 32%, respectivamente. Uma de suas primeiras medidas foi reduzir as alíquotas para 30% e 25% e estabelecer uma meta de redução de 0,50% por mês até dezembro de 2019. No caso de trigo e milho, cujas alíquotas eram de 23% e 20%, respectivamente, o imposto chegou a ser zerado.

Mas, em agosto do ano passado, por causa de problemas fiscais, Macri determinou que os exportadores do país pagassem 4 pesos por dólar exportado de trigo, carne e milho, entre outros produtos, o que faz as tarifas atuais ficarem entre 10% e 11%. A soja tem o imposto de 18% mais os 4 pesos por dólar, com retenciones totais entre 28% e 29%.

“Circulou forte um boato (na bolsa física de Rosário) na segunda-feira que o governo de Macri aumentaria as retenciones de 4 para 6 pesos por dólar”, informou um trader ao jornal “La Nación”. Isso parou os negócios e fez empresas como Bunge, Cargill e Cofco retirarem suas ofertas. No Twitter, o ministro da Agricultura, Luis Miguel Etchevehere, negou a versão.

 

Valor Econômico

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