O boletim mensal de oferta e demanda do USDA será divulgado, enfim, na próxima segunda-feira, 12 de agosto, e tem provocado grande especulação no mercado. Segundo representantes da instituição, o USDA voltou aos campos pesquisados meses atrás para entender o que ocorreu com as áreas norte-americanas, podendo contabilizar o quanto delas foi abandonado, o quanto foi destinado ao Prevent Plant e o quanto foi efetivamente plantado nos EUA.
E são os dados de área os mais esperados neste momento. O mercado está ansioso para conhecê-los e, finalmente, entender o caminho que vem sendo trilhado pela safra 2019/20 dos EUA. Em entrevista à Universidade de Illinois, Lance Honig, o chefe da NASS, divisão do USDA responsável por estes números, afirmou que sua equipe voltou aos campos para conhecer os dados.
“Esses são números que estamos avaliando neste momento para determinar se precisamos fazer ajustes nos números de área em relação ao que foi publicado em 28 de julho”, disse Honig. Ele afirmou ainda que sua equipe conta com procedimentos específicos para o levantamento de informações em situações como as enfrentadas durante o plantio desta temporada, com tantas adversidades climáticas.
O representante do USDA acrescentou que, além das visitas aos campos, seus colaboradores conversaram com os produtores para que, além da área, entendam também o que destinarão de sua produção para silagem e outros usos.
Estimativas para o relatório
Área de plantio
A média estimada para a área de milho nos EUA é de 35.61 milhões de hectares, contra 37.11 milhões de hectares estimados em julho. As expectativas variam entre 33.75 e 36.34 milhões de hectares. Para a soja, o mercado tem uma estimativa média de 32.78 milhões de hectares, variando entre 31.57 a 33.79 milhões de hectares. Em 2018, foram plantados 36.07 milhões de hectares com milho e 36.2 milhões de hectares com soja.
Produtividade e produção
Depois das adversidades climáticas registradas durante o plantio, as lavouras norte-americanas vêm sofrendo também com problemas no seu período de desenvolvimento, que já é tido como o mais atrasado da história das safras dos EUA. E esse atraso, certamente, irá impactar em menor produtividade para ambas as culturas, e consequentemente em uma produção menor.
O rendimento da soja é esperado entre 51,55 e 54,91 sacas por hectares, com média de 53,35 sacas por hectare. Em julho, o número estimado pelo USDA foi de 54,35 sacas/hectare. Para o milho, a produtividade média esperada é de 172,49 sacas por hectare, com intervalo entre 168,41 e 174,9 sacas/hectare. Há um mês, o boletim estimou a produtividade do cereal em 173,64 sacas por hectare.
Dessa forma, as estimativas indicam uma safra de soja entre 98.87 e 108.15 milhões de toneladas, com média de 103.42 milhões de toneladas. O número do boletim do mês passado foi de 104.64 milhões de toneladas. Já para a produção de milho as estimativas variam entre 323.18 e 344.19 milhões de toneladas.
Estoques finais 2019/20
As estimativas para os estoques finais de soja da safra 2019/20 variam entre 16.52 e 25.85 milhões de toneladas, com média de 22.34 milhões de toneladas. Para o milho, as estimativas variam entre 32.54 e 48.26 milhões de toneladas, com média de 41.15 milhões de toneladas.
Estoques finais 2018/19
A expectativa é que o boletim do USDA mostre também um aumento nos estoques finais norte-americanos de ambos os produtos, dada a redução da demanda da China, impactando principalmente os números da soja.
Assim, a média estimada para os estoques finais da oleaginosa da safra velha é de 28.98 milhões de toneladas, variando entre 26.89 e 30.59 milhões de toneladas. Em julho, a estimativa foi de 28.58 milhões.
Para os estoques finais de milho, a média das estimativas é de 60.76 milhões de toneladas, variando entre 56.39 e 63.25 milhões de toneladas. No boletim anterior, a estimativa foi de 59.44 milhões de toneladas.
O que dizem os analistas internacionais
Todd Hultman / DTN The Progressive Farmer
“Com o USDA pronto para divulgar os resultados de sua segunda pesquisa de plantio, todo os olhos estarão voltados para a primeira estimativa de credibilidade para a safra 2019. O milho deverá ser a cultura com mais surpresas e, dependendo de seu teor, pode impactar também os mercados de soja e trigo na Bolsa de Chicago na próxima segunda-feira”, disse o analista do portal DTN The Progressive Farmer, Todd Hultman.
É importante lembrar ainda que, ao mesmo tempo em que o relatório mensal de oferta e demanda do USDA estará sendo divulgado, a agência Farm Service Agency do USDA também divulgará a sua primeira estimativa sobre a área do Prevent Planting de 2019.
“Isto também será interessante de acompanhar, especialmente neste ano que tem sido tão atípico de excesso de umidade no plantio, seguido por um pacote de ajuda do governo que pouco foi explicado e destrinchado durante o período da semeadura”, afirmou Hultman.
Ainda assim, o executivo disse que, apesar de os dados do Prevented Planting ser muito importantes para o direcionamento das cotações do milho, “a peça chave para os preços serão os números do boletim mensal”.
Com relação à soja, o analista explicou que apesar de todos estes dados serem muito importantes, eles continuarão a esbarrar nos problemas comerciais entre China e Estados Unidos. “Sinto falta dos dias em que apenas as notícias de clima favorável ameaçavam os preços da soja”, disse.
Jack Scoville / Price Futures
“Os índices de produtividade serão provavelmente menores no final, dado o clima estressante de agora. Mas eu acho que o USDA gostaria de esperar para ver alguns dados reais antes de se ajustar mais. A área de milho pode cair cerca de 3.5 milhões de acres e a área de soja pode aumentar talvez 1.5 milhões de acres”, declarou o analista da Price Futures Group, Jack Scoville.
Para ele, o rendimento real das lavouras poderá ser conhecido somente no relatório de setembro, quando o USDA irá se basear em informações coletadas nos campos para fazer suas contagens.
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