Em julho, a safra nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas para 2019 foi estimada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 239.7 milhões de toneladas – um novo recorde na produção de grãos do país, 5,80% superior (mais 13.2 milhões de toneladas) à de 2018 (226.5 milhões de toneladas) e 1,60% acima (mais 3.7 milhões de toneladas) da estimativa de junho.
A área a ser colhida foi estimada em 62.9 milhões de hectares, 3,20% superior a de 2018 (mais 1.9 milhão de hectares) e 0,20% (mais 112.800 hectares) em relação à estimativa de junho. O recorde anterior foi da safra 2017, de 238.4 milhões de toneladas de grãos.
O arroz, o milho e a soja, os três principais produtos deste grupo, representam 92,70% da produção estimada e ocupam 87,30% da área a ser colhida. Em relação a 2018, houve acréscimos de 7,10% na área do milho e de 2,20% na área da soja, enquanto a área de arroz teve redução de 10,30%. Quanto à produção, foi estimado um aumento de 21,40% para o milho e quedas de 4% para a soja e de 12,70% para o arroz.
Em relação à soja, a produção estimada é de 113.2 milhões de toneladas, e para o arroz, de 10.3 milhões de toneladas. Para o milho e o algodão, as estimativas de produção são recordes: 98.8 milhões e 6.5 milhões de toneladas, respectivamente.
O volume da produção de cereais, leguminosas e oleaginosas apresentou a seguinte distribuição regional: Centro-Oeste, 110.5 milhões de toneladas; Sul, 78.2 milhões de toneladas; Sudeste, 22.1 milhões de toneladas; Nordeste, 19.5 milhões de toneladas e Norte, 9.4 milhões de toneladas.
Em relação à safra passada, houve aumentos de 5,10% na região Norte; 9,40% no Centro-Oeste; 4,90% no Sul; 1,80% no Nordeste, e queda de 3,30% na região Sudeste. Entre as Unidades da Federação, o Mato Grosso é o maior produtor, com uma participação de 28,10% na safra do país.
Estimativas de julho/2019
Em relação ao mês anterior, ganharam destaque as variações nas seguintes estimativas de produção: feijão 3ª safra (10%), aveia (6,50%), milho 2ª safra (5,10%), algodão herbáceo (0,80%), soja (0,50%), feijão 1ª safra (0,10%), café canephora (0,0%), milho 1ª safra (-0,20%), sorgo (-0,80%), café arábica (-1,40%), arroz (-1,70%), trigo (-4,50%) e feijão 2ª safra (-4,80%).
Com relação à variação absoluta, os destaques ficaram com o milho 2ª safra (3. 512.767 toneladas), a soja (603.842 toneladas), a aveia (60.911 toneladas), o algodão herbáceo (49.984 toneladas), o feijão 3ª safra (46.380 toneladas), o feijão 1ª safra (1.355 toneladas), o café canephora (341 toneladas), o sorgo (-21.123 toneladas), o café arábica (-30.745 toneladas), o milho 1ª safra (-42.929 toneladas), o feijão 2ª safra (-58.843 toneladas), o arroz (-175.306 toneladas) e o trigo (-275.282 toneladas).
Algodão herbáceo (em caroço)
A estimativa da produção de algodão foi de 6.5 milhões de toneladas, com aumento de 0,80% em relação ao mês anterior. No Mato Grosso, maior produtor nacional, a estimativa da produção cresceu 1,10% e alcançou 4.4 milhões de toneladas, o que representa 67% da safra nacional.
Preços compensatórios na época de plantio e a boa produção e rentabilidade com o produto na safra do ano anterior incentivaram a ampliação da área plantada e o aumento dos investimentos nas lavouras.
Em relação a 2018, a estimativa da produção de algodão aumentou 32,50%. No Mato Grosso e na Bahia, a área plantada cresceu 42,10% e 24,30%, respectivamente. Com relação à produção, houve aumentos de 37,60% no Mato Grosso e de 17,10% na Bahia.
Arroz (em casca)
A estimativa da produção caiu 1,70% em relação ao mês anterior, correspondendo a uma redução de 175.300 toneladas. Houve queda de 1,50% na produtividade média. A produção alcançou 10.3 milhões de toneladas. No Rio Grande do Sul, maior produtor brasileiro, com cerca de 70% do total nacional, a estimativa da produção caiu 2% em relação ao mês anterior.
O excesso de chuvas e inundações nas regiões da Campanha e Fronteira Oeste foram responsáveis pela perda de algumas áreas, bem como pela redução do rendimento médio. Em relação ao ano anterior, a produção de arroz caiu 12,70%. No Rio Grande do Sul, a produção, em 2019, foi 14,60% menor.
Café
A estimativa da produção brasileira de café foi de 3.1 milhões de toneladas, ou 52.1 milhões de sacas de 60 kg, com redução de 13,10% em relação a 2018. Em relação ao mês anterior, a produção foi 1% menor. Para o café arábica, a produção estimada foi de 2.2 milhões de toneladas, ou 36.7 milhões de sacas de 60 kg, com declínio de 1,40% em relação ao mês anterior.
Em Minas Gerais, na passagem de junho para julho, a estimativa da produção caiu 1,70%, com a produção devendo alcançar 1.563.800 toneladas, contra 1.590.600 toneladas do mês anterior, e declínio de 26.800 toneladas ou 445.800 sacas de 60 kg. No Paraná, a produção diminuiu em 5,80%. Em relação a 2018, a produção do café arábica recuou 18,20%, o que é esperado em um “ano de baixa”, devido à bienalidade característica da espécie.
Para o café canephora, mais conhecido como conillon, a produção estimada é de 920.300 toneladas, ou 15.3 milhões de sacas de 60 kg, e praticamente não variou. A estimativa da produção capixaba foi de 632.300 toneladas, ou 10.5 milhões de sacas de 60 kg. O estado é responsável por 68,70% da produção nacional dessa variedade de café.
Cereais de inverno
A produção de trigo foi estimada em 5.8 milhões de toneladas, com queda de 4,50% em relação ao mês anterior. Para o Paraná, maior produtor brasileiro, foi estimada uma produção de 2.7 milhões de toneladas, o que representa 47% do total nacional. A produção e a produtividade média registraram declínio de 15,80% e 16%, respectivamente, em relação ao mês anterior.
Para o Rio Grande do Sul, segundo maior produtor brasileiro, representando 39,40% da produção nacional, foi estimada uma produção de 2.3 milhões de toneladas, com aumento de 10,90% em decorrência das expectativas mais favoráveis quanto ao clima.
A estimativa para a produção de aveia foi de um milhão de toneladas, com aumento de 6,50% em relação ao mês anterior. A área a ser colhida aumentou 6,90%, devendo alcançar a 457.300 hectares. A produtividade média de 2.187 kg/hectare caiu 0,40%.
Para a cevada, a produção estimada foi de 420.400 toneladas, com alta de 3,20% em relação ao mês anterior. A área a ser colhida é de 107.100 hectares e a produtividade média é de 3.924 kg/hectare (cresceram 1,90% e 1,30%, respectivamente). Em relação a 2018, a estimativa da produção da cevada aumentou 29,30%, com a área plantada aumentando 6,70%.
Feijão
Para o feijão, a estimativa da produção foi de três milhões de toneladas, com queda de 0,40% em relação a do mês anterior. Em relação à safra de 2018, a produção total de feijão deverá ser 1,40% maior. A primeira safra de feijão foi estimada em 1.3 milhão de toneladas – um aumento de 0,10% na produção em relação à estimativa de junho, o que representa 1.355.000 toneladas.
Os destaques positivos couberam ao Tocantins, que teve sua estimativa de produção aumentada em 122,80% e ao Ceará, cuja produção cresceu 1,50%. A comparação anual para a primeira safra mostrou uma redução de 11,60% na estimativa de produção.
A segunda safra de feijão foi estimada com diminuição de 4,80% em relação a junho. O Paraná, maior produtor nacional para essa safra, com participação de 30,20% no total, teve declínio de 2,70% na estimativa de produção, o que representou 9.701 toneladas a menos.
Mato Grosso e Goiás estimaram quedas de 17,30% e 4,90% na produção, respectivamente. No Mato Grosso, a área plantada foi reduzida em 21% e em Goiás, 3,40%. Outras Unidades da Federação que informaram redução na estimativa de produção de feijão segunda safra foram Santa Catarina (-17,40%) e Rio Grande do Sul (-16,10%).
Para a terceira safra de feijão, estima-se um aumento de 10% na produção em relação a junho, ou mais 46.380 toneladas. O Mato Grosso teve a maior influência nesse resultado, com crescimento estimado de 63,40% na produção, ou 56.261 toneladas a mais.
Milho
Já a estimativa da produção de milho cresceu 3,60%, totalizado 98.8 milhões de toneladas, um novo recorde de produção. Ao todo, foram acrescidas 3.5 milhões de toneladas. Em relação ao ano anterior, a estimativa da produção está 21,40% maior. Na primeira safra de milho, a estimativa da produção alcançou a 25.9 milhões de toneladas, com queda de 0,20% em relação à última informação. Em relação a 2018, a estimativa da produção foi 0,70% maior.
Para a segunda safra, a estimativa da produção é de 72.9 milhões de toneladas, com aumento de 5,10% em relação ao mês anterior. Esse volume de produção de milho segunda safra é recorde da série histórica do IBGE, superando em 5.3 milhões de toneladas o recorde anterior, da safra de 2017 (67.6 milhões de toneladas).
Os aumentos mais expressivos na produção, em relação ao mês anterior, foram no Mato Grosso (7,60% ou 2.2 milhões de toneladas), Goiás (10% ou 884.200 toneladas), Mato Grosso do Sul (2,70% ou 263.300 toneladas), Paraná (1,50% ou 197.800 toneladas), Tocantins (7,90% ou 42.100 toneladas) e Distrito Federal (11,40% ou 27.600 toneladas).
Em relação ao ano anterior, a produção do milho segunda safra cresceu 31%, estando essa produção concentrada nos quatro maiores produtores do País: Mato Grosso (42,30% do total), Paraná (18,80%), Mato Grosso do Sul (13,70%) e Goiás (13,30%).
Estes estados respondem juntos por 88,10% da produção nacional do milho segunda safra. Em função do plantio antecipado da soja, no presente ano agrícola, houve um maior período para a “janela de plantio” do milho, o que está repercutindo positivamente na produtividade média, com aumento estimado de 18,50%, devendo alcançar 5.741 kg/hectare.
Soja
A produção estimada foi de 113.2 milhões de toneladas, com aumento de 0,50% em relação ao mês anterior. A colheita da leguminosa foi concluída na maioria dos estados, aguardando apenas pequenos reajustes da produção nos próximos levantamentos. Em julho, o Mato Grosso elevou em 1,60% sua produção de soja, que representa 28,80% da produção nacional.
Em relação ao ano anterior, a produção caiu 4%, com reduções mais expressivas na Bahia (-15,80% ou 986.000 toneladas), Minas Gerais (-7,20% ou 393.200 toneladas), São Paulo (-11,50% ou 393.100 toneladas), Paraná (-15,90% ou 3.1 milhões de toneladas), Mato Grosso do Sul (-14,80% ou 1.5 milhão de toneladas) e Goiás (-5,40% ou 606.000 toneladas).
Embora o plantio tenha adiantado no presente ano agrícola, as lavouras foram prejudicadas pelas restrições de chuvas e elevadas temperaturas ao final do ciclo da cultura nesses estados. Em contrapartida, houve aumentos relevantes nas produções do Mato Grosso (3,10% ou 983.400 toneladas) e do Rio Grande do Sul (5,40% ou 948.800 toneladas).
Sorgo
Por fim, a estimativa da produção de sorgo alcançou 2.5 milhões de toneladas, com declínio de 0,80% em relação ao mês anterior. Apesar do aumento da produção de Tocantins (14,30%), totalizando 48.700 toneladas e Distrito Federal (14,30%), somando 24.000 toneladas, houve declínio na Bahia (-29,40%), devendo a produção alcançar 66.400 toneladas.
O maior aumento de produção, em termos de volume, foi informado por Goiás, maior produtor do cereal e responsável por 42,80% do total nacional. A produção estimada foi de 1.1 milhão de toneladas, com baixa de 0,30% em relação ao mês anterior. Em relação ao ano anterior, a produção registra crescimento de 10,20%.
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