Por Mauro Zafalon
As mais recentes previsões para a economia mundial mostram que o mundo vai crescer menos do que se previa. As exportações do agronegócio brasileiro podem sofrer, pelo menos em relação aos produtos que não são alimentos, como celulose e madeiras.
Renda e emprego são importantes para a manutenção da demanda mundial de alimentos, com maior ênfase em países que começam a mudar de patamar na alimentação. O Brasil tem, porém, um leque muito grande de produtos para oferecer ao mercado.
Como mostram dados da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) de novembro, e divulgados na semana passada, as reduções mais acentuadas deverão ocorrer em vários parceiros importantes para o agronegócio brasileiro.
A China fica com 37% das exportações brasileiras, e as perspectivas do PIB (Produto Interno Bruto) do país já são menores do que se previa. Soja, carnes e celulose lideram as exportações brasileiras para os chineses.
A economia do gigante asiático deverá crescer 6,2% neste ano, abaixo dos 6,6% de 2018. Nesse contexto, as importações de celulose são incertas, mas as de carnes sobem, devido à demanda crescente do país.
A região da Europa, a segundo maior parceira do agronegócio brasileiro, enfrenta situação ainda mais restritiva do que a da China.
Vários países europeus que estão no ranking dos principais importadores de produtos agropecuários do Brasil vão ter uma economia mais restritiva. A evolução do PIB na zona do euro deverá recuar para 1%, após ter atingido 1,8% em 2018.
Entre esses países, está a Alemanha. Os alemães têm uma dependência da economia chinesa. O crescimento menor do país asiático interfere na economia alemã. Esta, por sua vez, é muito importante para o desenvolvimento de outros países da região, entre eles a Itália.
O desenrolar da complementação dessas economias é importante para o Brasil porque China e União Europeia ficam com grande parte dos grãos e das carnes do Brasil.
Japão, Coreia do Sul e Arábia Saudita também entraram nessa lista da OCDE de ritmo menor de crescimento. Juntos, os três ficam com 6% do que o Brasil exporta no setor.
O PIB dos Estados Unidos também cai em relação ao de 2018, mas em ritmo menor. Os americanos, porém, devem ter influência-chave para o agronegócio brasileiro.
Os Estados Unidos estão com déficit comercial recorde, e um dos motivos é a perda de presença dos produtos agrícolas do país no exterior. Os americanos vão tentar reduzir parte desse déficit, quando houver um acerto nas pendências comerciais com a China, aumentando as exportações desse setor.
Os déficits dos americanos com os chineses e mexicanos foram recordes. Esses dois países, importantes para o agronegócio, estarão entre os objetivos dos EUA.
Folha de São Paulo