Reuniões entre delegações comerciais da China e dos estados americanos, realizadas em Washington, resultaram em uma declaração do presidente norte-americano, Donald Trump, de que a nação asiática comprará mais soja nos EUA. Segundo representantes dos dois países, essa nova rodada de negociações resultou em um “importante progresso”.
Trump se reuniu, no final do dia de ontem (31/1), com o vice-primeiro ministro chinês, Liu He, na sequência das últimas conversas, onde um tradutor leu uma carta de Xi Jinping, o presidente da China, ao líder americano, sobre mais compras não só da oleaginosa, mas de produtos agrícolas em geral.
E isso, de acordo com Trump, soou como “música para os ouvidos do Secretário de Agricultura, Sonny Perdue”. O presidente completou dizendo “que essa iniciativa fará os produtores americanos muito felizes”.
O volume de soja a ser comprado pela China, no entanto, ainda gera expectativas e as informações divergem. Há agências que afiram que poderiam ser até cinco milhões de toneladas. “Eles começaram em uma escala pequena, mas voltaram a comprar grandes volumes e eu gostei muito disso. É um sinal fantástico por parte deles”, disse Trump sobre os chineses.
Apesar de ser um volume considerável, ainda há uma parte dos analistas de mercado, traders e produtores que acreditam ser insuficiente para reduzir de forma considerável os elevados estoques de soja que vêm sendo registrados nos EUA nesta temporada.
Segundo os últimos números do USDA, do boletim mensal de oferta e demanda de dezembro, a estimativa para os estoques é de 25.99 milhões de toneladas. Os dados serão atualizados no próximo dia 8.
Guerra comercial x prêmios
Com a instalação da guerra comercial entre China e Estados Unidos, a demanda da nação asiática em 2018 se voltou completamente para o mercado brasileiro, provocando uma considerável disparada dos prêmios nos portos nacionais.
Os valores registraram picos importantes de julho em diante, chegando a se aproximar, em alguns momentos, de US$ 3,00 por bushel acima das cotações da Bolsa de Chicago.
Da mesma forma, no mercado norte-americano, os prêmios caíram de forma significativa, bem como os contratos futuros da commodity na Bolsa de Chicago, atingindo níveis bem mais baixos do que os observados antes do início da disputa em torno das tarifas.
O gráfico abaixo, da Bloomberg, mostra o comportamento desses valores de janeiro de 2018 a janeiro de 2019, indicando que neste mês os números já começam a se equalizar diante da possibilidade de um acordo entre os dois países e frente a notícias como estas, de a China se comprometer a comprar mais soja nos EUA. Na linha branca, o comportamento dos prêmios no Brasil; nas coloridas, os prêmios no Golfo.
Gráfico: Bloomberg / Dados: Ary Oleofar Corretora de Mercadorias e USDA
A informação serve de combustível também para as cotações da oleaginosa na Bolsa de Chicago. Os preços, que vinham travados e caminhando de lado nos últimos dias, sem apresentar variações consideráveis, subiram mais de 12 centavos nos principais contratos negociados na CBOT no início desta tarde de sexta-feira. Assim, por volta de 13h45 (horário de Brasília), o contrato março estava cotado a US$ 9,27 e o maio a US$ 9,42.
Notícias Agrícolas, com informações da Bloomberg e da AGWeb