Preço elevado da soja atrai produtor e reforça perspectiva de safra recorde

Os elevados preços pagos pela soja brasileira têm estimulado o produtor a ampliar a aposta na oleaginosa na safra 2018/2019, que está em fase de plantio, e deve bater recorde de produção com 121.1 milhões de toneladas.

No último mês, a saca da soja chegou a R$ 100,00 no porto de Paranaguá (PR). Na semana passada, o indicador Cepea encerrou a R$ 95,62, uma variação mensal positiva de 3,24%. “O dólar teve uma queda nos últimos dias, mas ainda assim os preços da oleaginosa continuam em níveis ótimos”, disse o consultor da Safras & Mercado, Evandro Oliveira.

A consultoria revisou as estimativas de área e produção de soja na última sexta-feira (28/9) e espera um incremento de 3,4% na área plantada em relação ao ciclo passado, devendo atingir 36.3 milhões de hectares. Desta forma, a safra deve alcançar 121.1 milhões de toneladas, acima das de 119,8 milhões de toneladas estimadas anteriormente, no mês de julho, e 1,4% maior do que o ciclo passado, que fechou em 119.4 milhões de toneladas.

“O produtor, vendo que os preços da soja estavam mais atraentes que os do milho, e considerando a expectativa de maior demanda com a guerra comercial entre Estados Unidos e China, optou por migrar para a oleaginosa”, afirmou Oliveira. Ele estima que a média de área transferida de uma cultura para outra seja de 1,5% a 2% nas principais regiões produtoras, como no Sul e no Centro-Oeste. “Em alguns estados, como o Tocantins, essa migração chegou a 7% da área”, disse.

Até a última quinta-feira (27/9), segundo a AgRural, 4,6% da área estimada para a oleaginosa já havia sido semeada no País contra 1,5% no ano passado e 2,1% na média dos últimos cinco anos.

Desafio

A manutenção dos preços favoráveis, contudo, dependerá da cotação do dólar, que vem recuando depois de alcançar R$ 4,19 no dia 13 de setembro, em um cenário de volatilidade. “A depender do candidato que vencer as eleições, a cotação da moeda pode voltar a crescer ou não”, observou Oliveira.

Os preços em Chicago, por outro lado, vêm apresentando leve recuperação depois de chegarem ao patamar de US$ 8,14/bushel em 18 de setembro, considerando a perspectiva de uma safra norte-americana de 127.7 milhões de toneladas estimadas recentemente pelo USDA. Antes disso, o bushel já havia alcançado US$ 10,53 em maio.

O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), Bartolomeu Braz Pereira, reconheceu que os preços da oleaginosa estão melhores do que os praticados no mesmo período do ano passado. Entretanto, afirmou que precisariam ser ainda maiores para compensar a elevação dos custos de produção, estimados por ele em 15% em relação à safra passada.

“Ainda que os preços viabilizem a venda da soja, podemos colher a safra com uma cotação bem menor”, disse Pereira. “Teríamos que estar vendendo acima de R$ 80,00 a saca”.

A comercialização antecipada da safra 2018/2019 já chega a 20%, estimou o presidente da Aprosoja Brasil, contra 45% registrados no mesmo período do ano passado. “Apesar das incertezas, muitos produtores estão comercializando a safra, até por necessidade de financiar o plantio.”

O tabelamento do frete, aos poucos, passa a preocupar menos os sojicultores. Na última semana, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) enviou à Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) um documento em que sinaliza a possibilidade de não pagamento do frete de retorno quando o caminhão volta vazio. “Isso torna o transporte um pouco mais viável”, afirmou Pereira.

Segundo Oliveira, da Safras & Mercado, pouco a pouco os produtores foram encontrando meios de escoar o restante da produção 2017/2018. “Quem podia usou trem ou adquiriu caminhão.  Não vejo mais essa questão como um problema como antes.”

Milho

Para o milho, a Safras & Mercado estima produção de 94.2 milhões de toneladas na temporada 2018/19, com aumento de 17,7% em relação à safra anterior, quando foram colhidas 80.3 milhões de toneladas.

Neste ano, os produtores tiveram problemas com a falta de chuvas, especialmente na segunda safra do grão que deve voltar a ganhar fôlego nesta temporada. A estimativa anterior era de 93.05 milhões de toneladas do milho.

O plantio da safra verão chegou a 33% da área estimada para o centro-sul do Brasil na última quinta-feira (27/9), segundo a consultoria AgRural. O avanço é de 9% em uma semana. No mesmo período do ano passado, 23% da safra havia sido cultivada.

 

Fonte: DCI

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp