Os contratos futuros da soja na CBOT voltaram a fechar em baixa, com os principais vencimentos registrando quedas de 9 a 9,50 centavos. Nos últimos seis pregões o novembro/18 acumula uma queda de 2,04%. Além disso, registrou hoje a menor cotação (US$ 8,12 ¼) em um ano. O novembro/18 fechou cotado a US$ 8,14 e o janeiro/19 a US$ 8,28 o bushel.
Os contratos futuros do farelo de soja na CBOT também fecharam em baixa. Os principais vencimentos registraram quedas de US$ 2,00 a US$ 2,40. Nos últimos seis pregões o dezembro/18 acumula uma queda de 4,14%. Além disso, registrou hoje a menor cotação (US$ 301,60) em um ano. O dezembro/18 fechou cotado a US$ 303,30 e o janeiro/19 a US$ 304,50 a tonelada curta.
As tensões comerciais e o avanço da colheita americana continuam pressionando os preços da soja, disse o analista internacional Ben Potter, do portal Farm Futures.
Segundo números divulgados pelo USDA no final da tarde de ontem, 6% da área plantada já foi colhida. No ano passado eram 4% e a média dos últimos cinco anos é de 3%. O percentual ficou bem acima das expectativas do mercado que variavam de 2% a 3%.
O relatório mostrou ainda que 67% das lavouras dos EUA estavam em boas ou excelentes condições, contra 68% da semana anterior. 23% dos campos se apresentavam em situação regular e 10% em condições ruins ou muito ruins.
Os prêmios para da soja americana recuaram de US$ 0,05 a US$ 0,10 na maior parte das praças processadoras dos Estados Unidos, mas conseguiram manter alguma estabilidade no interior do Meio-Oeste norte-americano.
As novas ações dos Estados Unidos e da China em meio a uma guerra comercial que já se arrasta desde maio podem continuar favorecendo os preços da soja no Brasil. O governo americano impôs mais US$ 200 bilhões em tarifas sobre produtos da nação asiática e os chineses retaliaram com outros US$ 60 bilhões em produtos estadunidenses.
A demanda da China pela soja dos Estados Unidos, que já vinha enfraquecida, deverá ficar ainda mais restrita e os maiores compradores mundiais deverão manter seu foco na América do Sul. Os prêmios pagos pelo produto brasileiro deverão se manter e até mesmo as posições mais distantes de entrega, também poderão, mesmo que não transitem no mesmo intervalo dos prêmios atuais, ganhar um pouco mais de força.
A China declarou que fará um esforço de redução de importações em 10 milhões de toneladas de soja, sendo que esta atitude poderá representar queda nos preços internacionais. Porém, o maior desconto será sobre o grão dos EUA, uma vez que a América do Sul tem prêmios sobrecarregados. Ficará a disputa entre Argentina e Brasil, se a safra for normal em ambos os países, disse a analista Rita De Baco, da De Baco Corretora.
No mercado disponível, vale a mesma máxima e potencializada. Os níveis atuais de prêmios pagos sobre Chicago para a soja brasileira ainda oscilam acima dos US$ 2,00 e com espaço para testarem níveis acima disso. Hoje, o outubro/18 tem um prêmio de US$ 2,40 por bushel sobre a CBOT.
Além do mais, os estoques do Brasil estão bastante escassos e para muitos especialistas, o país começará 2019 com suas reservas de soja praticamente zeradas. Segundo estimativa da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), os estoques finais brasileiros 2017/18 deverão ficar em 434.000 toneladas, menor do que a mínima de 448.000 toneladas da temporada 2011/12.
Já para os meses mais adiante, que se referem á nova safra brasileira, o suporte para os prêmios deverá resultar dessa maior necessidade chinesa e, ao mesmo tempo, do período de entressafra norte-americana. O mês de maio é entressafra para os americanos, então quem quiser embarcar soja de março em diante, o volume estará na América do Sul.
Logo, os prêmios tendem a corrigir as diferenças de preços e as pressões logísticas, disse a analista da De Baco.
Rita, por outro lado, complementa dizendo que uma safra sem problemas na Argentina, dentro da normalidade, poderia limitar a escalada dos prêmios. Por outro lado, porém, ela alerta para todo o mercado climático que há adiante e que pode fazer os preços flutuarem inesperadamente.
Nosso volume não vai mudar e a China vai comprar mais soja aqui, pois até maio desse ano eles tinham comprado soja americana e agora eles já saem da safra dos EUA com menos soja, disse a executiva.
A De Baco Corretora fez uma comparação de preços da soja em alguns períodos, comparando, inclusive, a influência do dólar sobre a sua formação:
Enquanto em 2005 se vendia soja a R$ 29,22/saca (com o dólar a R$ 2,47), ou U$ 11,79/saca, em maio de 2018, o preço era de R$ 75,39/saca (com dólar a R$ 3,6747), ou US$ 20,51/saca. Já para maio de 2019, a saca está cotada a R$ 85,00 (com dólar a R$ 4,2116), ou US$ 20,18/saca.
Se considerarmos estes períodos sem a influência da guerra comercial EUA x China, os preços de setembro de 2018 estão na casa de R$ 89,00/saca (dólar a R$ 4,15), ou US$ 21,45/saca. Tivemos um aumento de US$ 8,66/saca em 15 anos, que seriam US$ 0,58/saca por ano, e somente este ano tivemos um aumento de US$ 1,00/saca com o aumento dos prêmios. Então, arriscaríamos dizer que, mantidas estas evoluções, o mercado poderia ir a US$ 21,76/saca para o maio 2019 e bater os R$ 91,64/saca.
Tamanha volatilidade, portanto, irá exigir um planejamento muito mais rigoroso da comercialização por parte dos sojicultores, especialmente nesta próxima temporada.
O que sempre indicamos é de que, com câmbio em alta, é ponto de venda.
Estabeleça um calendário de vendas e respeite seu intervalo, ao menos para cobrir os custos já conhecidos. Traçar uma meta de valor no intervalo de U$ 21,00 e U$ 21,20/saca já é plenamente possível, então este seria o piso, disse Rita.
Mercado interno
Os preços da soja voltaram a recuar nesta terça-feira (18/9) no Brasil, principalmente nos portos, com o mercado acompanhando as quedas registradas na Bolsa de Chicago. Ainda assim, as cotações ainda sustentam níveis importantes para os produtores nacionais.
A saca da soja no mercado disponível no terminal de Paranaguá, foi cotada a R$ 97,70, em queda de 0,31%, enquanto em Rio Grande foi cotada a R$ 93,00, em queda de 1,06%, e de 0,74% para o embarque outubro/18. Já a saca para embarque em março/19 foi cotada a R$ 86,00, estável no porto paranaense.
No interior, os preços oscilaram nas duas direções e, cada vez mais, obedecem às suas realidades mais regionais. E em muitas delas, as cotações refletiram uma nova alta do dólar como foi observado nesta terça-feira. Assim, em vários pontos do país as altas chegaram a superar 1%.
A moeda americana terminou os negócios em alta de 0,41%, cotada a R$ 4,1422 para venda.
Milho: focado na colheita nos EUA, mercado recua pelo segundo dia consecutivo na Bolsa de Chicago
Os contratos futuros do milho na Bolsa de Chicago fecharam em baixa. Os principais vencimentos registraram ganhos de 4,25 a 4,75 centavos. Nos últimos seis pregões o dezembro/18 acumula uma queda de 6,34%. Além disso, registrou hoje a menor cotação (US$ 3,42 ½) em um ano. O dezembro/18 fechou cotado a US$ 3,43 ¼ e o março/19 a US$ 3,55 ½ o bushel.
Os contratos futuros do trigo na CBOT fecharam em alta, recuperando parte das perdas do último pregão. Os principais vencimentos registraram ganhos de 2,25 a 4,25 centavos. O dezembro/18 fechou cotado a US$ 5,10 ½ e o março/19 a US$ 5,29 o bushel.
A pressão da colheita e as preocupações com o comércio continuam prejudicando os preços do milho e da soja, destacou o site internacional Farm Futures.
Ainda nesta segunda-feira, o USDA divulgou o seu boletim de acompanhamento de safras e estimou a área colhida em 9%. Na semana anterior, o percentual foi de 5%.
A expectativa é que sejam colhidas 376.63 milhões de toneladas nesta safra. Volume está acima do estimado em agosto pelo USDA, de 370.51 milhões de toneladas. A produtividade aumentou de 186,62 sacas para 189,65 sacas por hectare.
A guerra comercial entre Estados Unidos e China também permanece no radar do mercado. O governo da China disse que aplicará retaliações a produtos americanos, depois que a Casa Branca anunciou uma elevação de tarifas no comércio com Pequim e mesmo diante das ameaças do presidente Donald Trump, informou a Reuters.
Mercado interno
Enquanto isso, no mercado doméstico, a saca subiu 3,33% em São Gabriel do Oeste (MS), sendo cotada a R$ 31,00. As informações fazem parte do levantamento diário realizado pela equipe do Notícias Agrícolas.
Na região de Sorriso (MT), a saca subiu 2,22% e foi cotada a R$ 23,00. No Oeste da Bahia, a alta foi de 0,75%, com a saca cotada a R$ 33,75. No Porto de Paranaguá, a saca no mercado futuro, para entrega em outubro/18, subiu 1,25%, sendo cotada a R$ 40,50.
No porto, a alta é decorrente do ganho do dólar.
Enquanto isso, em Londrina (PR), a saca caiu 3,08%, sendo cotada a R$ 31,50. Em Rio do Sul (SC), a queda foi de 2,56%, com a saca cotada a R$ 38,00.
Dados do Cepea apontam que a liquidez segue baixa no mercado interno de milho. Tanto compradores quanto vendedores mostram pouco interesse em negociar. O mercado opera de maneiras distintas, influenciado pelas ofertas e demandas regionais.