Dólar fecha em forte alta apesar do alívio no exterior e registra a segunda maior cotação da história do real

O dólar fechou em forte alta de 1,48%, cotado a R$ 4,1399 para compra e a R$ 4,1414 para venda, com máxima a R$ 4,1479 e mínima a R$ 4,0623, com a cautela diante das incertezas do cenário eleitoral doméstico, se sobrepondo ao ambo ambiente externo mais tranquilo após acordo comercial entre Estados Unidos e México.

O dólar registrou a segunda maior cotação da história do real, abaixo somente dos R$ 4,1655 de 21 de janeiro de 2016.

A moeda que havia fechado ontem em queda, em um movimento favorecido pelo acordo comercial entre Estados Unidos e México que ainda promovia a busca pelo risco no exterior nesta terça-feira.

Esse bom humor chegou a pesar sobre a moeda norte-americana no início do dia, mas perdeu força no mercado doméstico face à apreensão eleitoral.

“Se o cenário externo não estivesse favorável, o dólar aqui estaria ainda mais pressionado. Há muita coisa pela frente”, disse o superintendente da Correparti Corretora, Ricardo Gomes da Silva, referindo-se às eleições.

Na véspera, o Supremo Tribunal Federal (STF) informou que analisará em julgamento virtual em setembro um recurso da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra uma decisão do plenário da corte que negou habeas corpus ao petista no início de abril.

Está previsto ainda para esta terça-feira o julgamento, pela primeira turma do STF, de denúncia que pode tornar o candidato Jair Bolsonaro (PSL) réu por racismo e manifestação discriminatória contra quilombolas, indígenas e refugiados.

Embora não haja qualquer tipo de impedimento à candidatura de Bolsonaro à Presidência caso se torne réu, a situação amplia a cautela dos investidores devido a um cenário de insegurança jurídica.

Bolsonaro, que lidera as pesquisas de intenção de voto no cenário em que Lula não está na disputa, também seguirá no foco uma vez que dará entrevista ao Jornal Nacional, um dia depois de Ciro Gomes (PDT) ter inaugurado o ciclo de conversas.

O Banco Central brasileiro realizou a venda em leilão de 4.800 contratos de swap cambial tradicional. Com a venda de hoje, o BC já rolou US$ 4.800 bilhões do lote de US$ 5.255 bilhões que vence em setembro.

Argentina

Com o dólar registrando alta de 60 centavos de peso, o BC da Argentina ofertou, por volta do meio-dia, US$ 300 milhões das reservas do país, dos quais se desfez de US$ 100 milhões a 31,25 pesos argentinos.

Segundo relato do diário argentino “El Cronista”, após a intervenção do BC, o dólar de atacado – referente a operações de ao menos US$ 1 milhão, passou a limitar a alta, operando a 31,35 pesos, tendo chegado a 31,60 pesos. No início da tarde esta terça-feira (28/8), o dólar subia 1,70%, a 31,44 pesos argentinos.

Nas operações de varejo, na média dos bancos, o dólar chegou a 32,14 pesos ou 60 centavos acima do fechamento do dia anterior. No mercado paralelo, era negociado em torno de 33,10 pesos.

No mercado internacional, por volta das 17h30 (Horário de Brasília), o Dollar Index estava praticamente estável, leve queda de 0,04%, cotado aos 94,63 pontos, enquanto o euro estava em alta de 0,15%, cotado a US$ 1,1695.

Sem novidades no cenário eleitoral, juros futuros sobem com exterior

O mercado brasileiro futuro de taxas de juros aguarda o começo da campanha eleitoral gratuita na TV e os próximos movimentos na corrida pelo Palácio do Planalto para fazer assumir posições. Enquanto isso, a dinâmica externa para os países emergentes é o que segue fazendo preço por aqui.

Nesta terça-feira (28/8), os contratos de DI seguiram as moedas emergentes e fecharam em alta nas taxas de, na média, 0,07%. O movimento de alta foi mais forte nos contratos médios e longos.

“Até o início da propaganda, acho difícil algum player se posicionar para algum lado de forma mais contundente e, por enquanto, estamos sem novidade. Com isso, a política externa americana segue no foco”, disse Paulo Nepomuceno, estrategista da Corretora Coinvalores.

E o avanço tanto dos DIs quanto do dólar sobre os pares emergentes reflete um ajuste depois de uma segunda-feira de otimismo exagerado, na avaliação de Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho do Brasil.

“O acordo (EUA – México) ainda é preliminar e, no fim das contas, as mudanças foram marginais. As questões comerciais envolvendo a China continuam preocupando, uma vez que as negociações devem ser mais difíceis, como o país asiático tem uma posição mais fortalecida que o mexicano”, disse. O pacto, anunciado na segunda (27/8) pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prevê a revisão de regras para a fabricação de automóveis.

Contudo, senadores dos Estados Unidos, inclusive membros da Comissão de Finanças, questionaram se o acordo comercial preliminar fechado com o México cumpre ou não os requisitos da Autoridade de Promoção Comercial dos Estados Unidos (TPA), autorização concedida pelo Congresso ao governo americano para negociar pactos comerciais.

Nesse contexto, volta a prevalecer a cautela no mercado local com a corrida eleitoral e os ativos acabam tendo reação negativa entre os piores desempenhos dos emergentes. O cenário descrito nas pesquisas divulgadas na última semana, com fortalecimento do PT na corrida eleitoral, ainda preocupa o mercado.

Pelas contas do estrategista do Mizuho, ao longo do dia a curva embutia aumento de cerca de 0,22% para a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) em setembro, 0,41% em outubro e 0,54% para dezembro.

“O mercado embute um risco por conta das últimas pesquisas eleitorais e do cenário externo mais desafiador.” Segundo o especialista, no entanto, o movimento da curva a termo parece exagerado uma vez que a inflação continua baixa e expectativas ancoradas, por conta do elevado nível de ociosidade na economia. “Não vejo mudança do cenário inflacionário prospectivo que pudesse levar o Banco Central a juros os juros para conter o câmbio e segurar a inflação.”

Ao fim da sessão regular, às 16h, o DI janeiro/2020 encerrou com taxa de 8,49% (8,45% no ajuste anterior), o DI janeiro/2021 estava cotado a 9,67% (9,61% no ajuste anterior) e o DI janeiro/2025 a 12,01% (11,89% no ajuste anterior).

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