Soja: preços e negócios no Brasil são favorecidos pela alta do dólar

Os contratos futuros da soja fecharam em leve alta, com os principais vencimentos registrando ganhos de 1 a 2 centavos. O julho/18 fechou cotado a US$ 10,18 ¾ e o agosto/18 a US$ 10,22 o bushel.

Os contratos futuros do farelo de soja fecharam em baixa, com os principais vencimentos registrando quedas de US$ 3,70 a US$ 5,30. O julho/18 fechou cotado a US$ 382,30 e o agosto/18 a US$ 380,10 a tonelada curta.

A semana tem sido de ajustes e busca por posicionamento por parte do mercado, que espera pelas definições de algumas frentes, especialmente das relações comerciais entre China e Estados Unidos, ao mesmo tempo em que acompanham, ainda com alguma incerteza, o desenvolvimento da nova safra norte-americana.

Segundo o boletim semanal de acompanhamento de safras divulgado pelo USDA no fim da tarde de ontem, mostrou que 35% da área já foi plantada contra 15% na semana anterior, 29% no ano passado e 26% da média dos últimos cinco anos. Para a oleaginosa, o mercado esperava algo entre 30% e 32%.

Segundo o consultor Vlamir Brandalizze, o avanço dos trabalhos de campo acontece dentro da normalidade e isso acaba por ser um limitante para o avanço dos preços em Chicago.

Além disso, as condições de clima previstas para os próximos dias também seguem favorecendo o desenvolvimento da semeadura 2018/19 nas próximas semanas e o mercado também segue atento à essas informações.

Paralelamente, segue o acompanhamento das negociações entre China e Estados Unidos, que serão retomadas nesta terça. Um delegação chinesa liderada pelo vice-primeiro ministro visita a Casa Branca para uma nova rodada de conversas sobre as relações comerciais entre os dois países.

O mercado especula que pelo menos as tarifas de US$ 50 bilhões sejam postergadas, não entrando em vigor no final deste mês como está previsto.

Por outro lado, no Brasil, as cotações e os negócios foram intensamente motivados, mais uma vez, pelo câmbio. O dólar se manteve em alta durante todo o dia, chegando a se aproximar muito dos R$ 3,70, favorecendo a formação dos preços tanto no interior, quanto nos portos do País.

“Esse dólar veio dando condições de preços (base porto) na casa de R$ 86,50 a R$ 87,00 para as posições de junho, julho, já que os compradores não querem mais soja para maio. Então, a pressão de compra agora é para os próximos meses”, disse o Vlamir Brandalizze.

Somente neste mês de maio, nos primeiros oito dias úteis, o Brasil já exportou 5.3 milhões de toneladas de soja e neste ritmo, vai passar de 12 milhões de toneladas no mês e pode registrar um novo recorde mensal, ainda segundo Brandalizze. No faturamento esperado para o mês, o volume de receita arrecadado por todo o complexo soja se aproxima dos US$ 6 bilhões.

Ainda segundo o consultor, os compradores querem muita soja para os meses de junho em diante e isso vai dando oportunidade para os produtores irem, aos poucos, fazendo seus fechamentos.

Nesta terça-feira, o último preço da saca da soja no mercado disponível, em Paranaguá, foi de R$ 86,00. Em Rio Grande, de R$ 86,50 por saca, e R$ 86,90 para maio.

No interior do Brasil, as altas chegaram a se aproximar de 1,5% em algumas praças de comercialização. Os destaques ficaram para o Rio Grande do Sul, onde os preços superaram os R$ 70,00 por saca e em praças do Paraná, onde a saca superou os R$ 84,00.

Milho

Os contratos futuros do milho fecharam em alta, com os principais vencimentos registrando ganhos de 5 a 5,75 centavos. O julho/18 fechou cotado a US$ 4,02 ¼ e o setembro/18 a US$ 4,10 ½ o bushel.

Os contratos futuros do trigo fecharam em alta, com os principais vencimentos registrando ganhos de 1,25 a 2,25 centavos. O julho/18 fechou cotado a US$ 4,93 ½ e o setembro/18 a US$ 5,09 ¾ o bushel.

Safra do Paraná

Em meio a uma forte seca, o Paraná dará início à colheita da segunda safra de milho 2017/18 nos próximos dias em um cenário pior do que o registrado às vésperas da “safrinha” 2015/16, quando outra estiagem também provocou quebra de produção no Estado.

Perdas ainda maiores no segundo maior produtor brasileiro poderiam dar um impulso adicional aos preços do milho, que estão firmes no mercado interno em razão dos receios envolvendo a colheita deste ano em todo o Brasil.

Segundo dados do Departamento de Economia Rural (Deral) do Paraná, 16% das lavouras de milho no Estado estão em condições ruins até agora neste ano, contra 3% em igual período de 2016. Já o percentual das lavouras em boas condições era de 75% naquele ano, contra 40% atualmente.

“Hoje a seca é geral. As duas grandes regiões produtoras, a oeste e a norte, estão sofrendo de forma muito igual… A safra está em um cenário pior que a de 2016”, disse à Reuters o analista de milho do Deral, Edmar Gervásio.

Naquele ano, o Paraná colheu cerca de 5 toneladas por hectare, queda de 13% em relação a safra anterior, segundo dados do Ministério da Agricultura.

“O reflexo dessa estiagem na produção ainda não é possível de ser determinado, mas está pior, sim”, disse Gervásio, lembrando que geadas também impactaram a safra de dois anos atrás.

A situação também é grave porque, com o atraso no plantio, parte significativa das plantações paranaenses está em estágios de desenvolvimento que demandam maior umidade (floração e frutificação), ao passo que em igual período de 2015/16 o milho no Estado estava em uma fase mais avançada de maturação e, portanto, menos suscetível a perdas por seca.

“É um risco adicional. Como a gente tem uma boa parcela em fases que precisam de mais recursos, basicamente água, o impacto tende a ser maior do que se estivesse na germinação ou na maturação”, disse Gervásio.

Nos últimos 60 dias, as chuvas no oeste e no norte do Paraná ficaram até 155 milímetros abaixo da média, segundo o Thomson Reuters Agriculture Weather Dashboard.

Pela estimativa mais recente do Deral, de abril, o Paraná reduziu a área plantada e deve colher 12.24 milhões de toneladas de milho “safrinha” neste ano, 8% menos do que em 2016/17, quando as condições climáticas foram praticamente perfeitas.

O volume ainda supera os cerca de 10 milhões de toneladas de 2015/16, mas Gervásio alertou que as próximas revisões do Deral devem ser para baixo.

“É seguro dizer que será bem menor que esses 12 milhões de toneladas”, disse.

As precipitações devem retornar ao Paraná ainda nesta semana e acumular mais de 100 milímetros em partes da região oeste até o fim de maio, segundo a previsão do Thomson Reuters Agriculture Weather Dashboard.

São chuvas que farão o Estado retornar para perto da média histórica de precipitações, mas que precisarão se confirmar para ao menos limitar as perdas de produção já consumadas para o milho “safrinha”, disse Gervásio.

As preocupações com a seca e a própria previsão de uma safra menor neste ano em todo o Brasil vêm sustentando os preços internos da commodity.

Só em 2018, o milho acumula alta de cerca de 25%, sendo cotado acima de R$ 40,00/saca, em um movimento que tende a pesar sobre as indústrias de carnes, grandes consumidoras de rações feitas a partir do cereal.

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