Soja: Chicago tem dia correção e fecha em alta; portos do Brasil mantêm patamar dos R$ 86,00

Os contratos futuros da soja fecharam em alta, recuperando parte das perdas, em um movimento de correção da forte queda de ontem. Os principais vencimentos registraram ganhos de 7,50 a 8,75 centavos, com o julho/18 cotado a US$ 10,20 ¼ e o agosto/18 a US$ 10,23 ¼ o bushel.

Os contratos futuros do farelo de soja fecharam em alta, recuperando parte das perdas, em um movimento de correção da queda de ontem. Os principais vencimentos registraram ganhos de US$ 2,70 a US$ 3,40, com o julho/18 cotado a US$ 385,90 e o agosto/18 a US$ 383,20 a tonelada curta.

Safra Argentina

Uma safra infeliz, dizem os argentinos e com razão. Depois da pior seca em quase meio século assolar o país, derrubando as previsões de colheita para esta safra, os produtores rurais sofrem agora com o excesso de chuvas sobre as lavouras, o que tem impactado a qualidade do grão.

As chuvas se intensificaram nas últimas duas semanas, paralisando os trabalhos de colheita. Em algumas regiões, registros apontam para 171 milímetros de chuvas em 17 dias, mais 40 milímetros estão previstos para esta semana.

Em entrevista ao jornal La Nacion, o engenheiro agrônomo e produtor Juan Manuel Iglesias afirmou que há o aprodrecimento de grãos em Chivilcoy, Colazo e Jesús María, em Córdoba, além de Santa Fe, Entre Ríos e outras regiões de Buenos Aires.

Segundo analistas, o excesso de água pode provocar nova revisão para baixo na expectativa de safra pela Bolsa de Cereais de Buenos Aires.

A previsão atual é de apenas 38 milhões de toneladas de soja. A nova estimativa será anunciada nesta quinta-feira

EUA vs. China

A promessa de que China e Estados Unidos iriam manter suas conversações e negociações em torno de suas relações comerciais após a visita de uma delegação norte-americana à nação asiática está sendo mantida. Na próxima semana, a visita será retribuída e uma equipe chinesa visita a Casa Branca.

Há especulações de que algumas medidas, caso um acordo não seja firmado nos próximos dias, já sejam implementadas e colocadas em prática no final de maio. Todavia, as expectativas ao redor desse novo encontro já tem dado suporte, inclusive, aos preços da soja na sessão desta terça-feira (8/5) na CBOT, já que a relação dos dois países sobre a commodity é um dos principais pontos de discussão.

“Se um acordo for firmado, os EUA voltam a exportar soja para a China, reduzindo a eventual alta dos prêmios no Brasil”, disse o analista Matheus Pereira, da AgResource MERCOSUL. Entretanto, lembra ainda que, nesse momento, o cenário segue favorecendo a soja brasileira.

Como Pereira, “o embate comercial é bem mais favorável para o Brasil no curto e longo prazo. A imposição tarifária chinesa sobre a soja norte-americana colocaria um quadro de sustentação dos preços físicos no Brasil bastante duradouro”.

Para o analista, essa falta de consenso entre chineses e americanos poderia, inclusive, dar início, até mesmo, a um novo ciclo de preços para a oleaginosa brasileira, com uma agressiva demanda se concentrando na América do Sul.

“Já tivemos o ciclo dos R$ 40,00 aos R$ 50,00 por saca (no interior do País e mercado disponível), dos R$ 50,00 ao R$ 60,00 e hoje estamos vivenciando o intervalo de R$ 60,00 a R$ 70,00, entrando nos R$ 80,00. A implementação de uma barreira tarifária para a soja norte-americana poderia colocar estes patamares acima dos R$ 80,00”, disse o analista.

Os prêmios voltaram a subir no mercado interno, com ofertas que podem chegar até a US$1,40/bushel dependendo do porto e da data de embarque. Para Carlos Cogo, analista da Carlos Cogo Consultoria Agroeconômica, os vendedores têm de entender que se encontram dentro de uma curva de alta, beneficiados também pelo câmbio, de forma que este fator configura um bom momento.

Mercado Brasileiro

Apesar das altas em Chicago e do dólar, que nesta terça-feira fechou próximo de R$ 3,57, os ganhos para os preços da soja no Brasil não foram generalizados. Ainda assim, os patamares atuais seguem trazendo margens interessantes para os produtores e o momento pode ser propício para dar continuidade à mais uma parte da comercialização da safra 2017/18, ainda segundo Carlos Cogo em entrevista ao Notícias Agrícolas.

Em praças como Tangará da Serra e Campo Novo do Parecis, em Mato Grosso, a saca subiu 1,47% e 1,49%, respectivamente, para R$ 69,00 e R$ 68,00. Em Castro/PR, alta de 0,58% para R$ 86,50.

Nos portos, os preços recuaram nesta terça-feira. Em Paranaguá, a saca no mercado disponível caiu 0,58% para R$ 86,00, enquanto em Rio Grande foi cotada a R$ 85,80, em baixa de 0,23%. A saca no mercado futuro para embarque em maio/18 registrou a mesma queda, e foi cotada a R$ 86,30.

Mesmo com essa acomodação, as margens de renda do produtor estão melhores do que as observadas no final do ano passado. Ainda segundo Cogo, a margem bruta de lucro da soja nos últimos 6 meses no Cerrado passou de 15% para 40% e de 40% para 55% no Sul e Sudeste. A alta é resultado da combinação dos bons momentos, portanto, de Chicago, do dólar frente ao real e dos prêmios no Brasil.

Milho: Preços sobem na BM&F e no mercado doméstico com preocupações com o clima

Os contratos futuros do milho fecharam em alta, recuperando, em um movimento de correção da forte queda de ontem. Os principais vencimentos registraram ganhos de 2,50 a 3 centavos, com o julho/18 cotado a US$ 4,03 ¼ e o setembro/18 a US$ 4,11 ¼ o bushel.

Os contratos futuros do trigo também fecharam em alta, em um movimento de correção da forte queda de ontem. Os principais vencimentos registraram ganhos de 2,25 a 3 centavos, com o julho/18 cotado a US$ 5,14 ½ e o setembro/18 a US$ 5,31 ½ o bushel.

Milho safrinha MT

O clima adverso registrado nas principais regiões de produção de milho safrinha no Brasil permanece no radar dos investidores e segue influenciando o comportamento dos preços e o ritmo dos negócios. Em Mato Grosso, a redução das chuvas normais para essa época do ano tem preocupado alguns produtores e gerado dúvidas quanto à produtividade das lavouras, especialmente as cultivadas fora da janela ideal.

Segundo o último levantamento do IMEA (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária), com uma área próxima de 4.48 milhões de hectares semeados nesta temporada, a perspectiva é de uma produção de 25.99 milhões de toneladas, com rendimento de 96,3 sacas do grão por hectare.

“Apesar das áreas semeadas dentro da janela ideal ainda estarem apresentando bom desenvolvimento, há preocupações nas regiões Nordeste e Sudeste, onde houve maior atraso durante a fase de semeadura. Assim, apesar deste momento trazer boas oportunidades de negócios, também demanda cautela ao produtor dado as incertezas produtivas da safra”, destacou o IMEA.

Esse é o cenário em Primavera do Leste, na região Sudeste do estado. “As lavouras de milho safrinha já registram perdas de 30% devido à falta de chuvas e as altas temperaturas. A região não registra precipitações desde o dia 15 de abril”, disse o presidente do Sindicato Rural, José Nardes.

Com isso, a expectativa é de que o rendimento médio, acima de 100 sacas do grão por hectare não seja alcançado nesta temporada. Paralelamente, os preços do cereal subiram na região e a saca está sendo cotada entre R$ 25,00 e R$ 28,00. Até o momento, de 35% a 40% da safrinha foi negociada antecipadamente.

O quadro é semelhante em Querência, no Nordeste mato-grossense. As lavouras do cereal não recebem chuvas há mais de 15 dias e as temperaturas oscilam entre 33ºC a 35ºC. E, devido ao atraso registrado na soja, cerca de 60% da safrinha foi cultivada fora da janela ideal, no final de fevereiro e no mês de março.

 “Com certeza, nós não vamos conseguir atingir os patamares da safra passada, de mais de 100 sacas de milho por hectare, e não tem previsões de chuvas para os próximos dias”, disse o presidente do Sindicato Rural do município, Osmar Frizzo.

A situação também tem deixado os produtores cautelosos em relação à realização de novos negócios, apesar da valorização nos preços do milho. Atualmente, a saca do cereal está cotada entre R$ 22,00 a R$ 23,00 na região.

“Os produtores estão esperando a colheita para começar a vender, pois realizar novas comercializações pode complicar ainda mais a vida do agricultor”, disse a liderança sindical.

Já em Canarana, as chuvas não acontecem há mais de 10 dias e as temperaturas também permanecem elevadas. “O que plantou em fevereiro está escape, mas precisamos de chuvas para consolidar a produção nas lavouras tardias. E caso as chuvas não apareçam, poderemos ter perdas de produtividade”, disse o presidente do Sindicato Rural do município, Arlindo Cancian.

Segundo informações do IMEA, a região Nordeste poderá colher até 2.31 milhões de toneladas de milho nesta temporada. A estimativa está abaixo do registrado no ciclo anterior, de 2.81 milhões de toneladas.

Médio-Norte

A região do Médio-Norte, que concentra a maior produção no Estado, deverá colher mais de 11.52 milhões de toneladas nesta safra, ainda segundo estimativa do IMEA. O volume estimado também está abaixo do colhido na safra passada, de 13.24 milhões de toneladas.

Além do atraso no plantio observado em alguns municípios, a região também sofreu com chuvas acima a média ao longo do mês de março. “As chuvas acima da normalidade prejudicaram o florescimento do milho. Então, acreditamos que nessas áreas o rendimento não deverá ser excelente”, disse o produtor rural de Tapurah, Silvésio de Oliveira.

Em contrapartida, as lavouras semeadas após o dia 20 de fevereiro precisam de chuvas nesse momento. “Temos 50% da safra escape na nossa região, mas os outros 50% necessitam de precipitações. O rendimento das lavouras não deverá alcançar o registrado no ano passado, acima de 100 sacas por hectare”, disse o produtor.

Em relação aos preços, a saca também subiu na localidade para R$ 19,00 a R$ 20,00 a saca. Os agricultores têm realizado alguns negócios, porém, alguns travamentos foram feitos com a saca a R$ 15,00.

Na importante região produtora de Lucas do Rio Verde, em torno de 70% a 80% da safrinha de milho está escape. “O restante entre 20% a 30%, cultivados depois do dia 25 de fevereiro, ainda precisam de chuvas. Caso contrário, poderemos ter algumas perdas”, disse o presidente do Sindicato Rural, Carlos Simon.

A liderança sindical ainda reforça que as lavouras estão com aspecto pior do que o ano passado. Isso por conta das chuvas excessivas e da ausência de precipitações nesse momento. Ainda assim, o rendimento das lavouras pode ficar próximo do ano anterior, entre 100 a 105 sacas de milho por hectare.

A quebra na safra da Argentina e as incertezas quanto ao clima no Brasil também impactaram os preços na localidade. A saca do cereal está cotada entre R$ 21,00 a R$ 22,00 e os agricultores esperam para avançar na comercialização do cereal.

Situação semelhante é registrada em Ipiranga do Norte, onde as plantações sofrem com a estiagem há mais de 10 dias. “Temos 60% da safra escape, o restante ainda precisa de chuvas para consolidar a produtividade”, disse o presidente do Sindicato Rural, Valcir Batista Gheno.

Contudo, a expectativa ainda é de uma produtividade próxima a registrada em 2017, de 110 sacas do grão por hectare. “Já os preços têm melhorado gradualmente, a saca está sendo negociada entre R$ 19,00 a R$ 20,00 na região. Valores que começam a remunerar os produtores”, disse Gheno.

Na região de Sorriso, grande parte das lavouras está definida. Isso porque, ao contrário de outras localidades, os produtores conseguiram realizar a semeadura dentro do melhor período, entre os meses de janeiro e fevereiro, segundo o presidente do Sindicato Rural, Luimar Gemi.

“Com a semeadura dentro da janela, temos esse cenário e com uma perspectiva de produtividade próxima a do ano anterior, de 112 sacas por hectare. Os preços voltaram a subir e, atualmente, a saca está cotada a R$ 20,00. Temos boas oportunidades aos produtores”, disse o presidente do Sindicato.

Oeste

Na região de Sapezal, as chuvas ainda não cortaram completamente. No último final de semana, as lavouras receberam entre precipitações entre 2 mm e 25 mm. “Temos uma situação mais confortável, com mais de 90% da safra escape. Entretanto, algumas plantações ainda precisam de chuvas”, disse o produtor rural do município, Evandro Graeff.

O agricultor ainda reforça que algumas áreas apresentam perdas devido ao ataque de pragas, especialmente o percevejo e as lagartas. “A perspectiva é que o rendimento caia 5% nesta safra em função das pragas. No ano anterior, a produtividade chegou a 145 sacas de milho por hectare”, disse o produtor.

BM&F e Mercado Interno

Na BM&F Bovespa, os contratos futuros do milho subiram no pregão desta terça-feira (8/5). Os principais vencimentos registraram valorizações entre 1,24% e 3,27%. O maio/18 encerrou a sessão cotado a R$ 42,32 a saca e o julho/18 era cotado a R$ 41,95 a saca. O setembro/18 fechou o dia a R$ 40,75 a saca.

Do mesmo modo, no mercado doméstico, a terça-feira foi de ligeiras altas aos preços do cereal. Segundo levantamento realizado pelo economista do Notícias Agrícolas, André Lopes, no Porto de Paranaguá a saca subiu 1,27% no mercado futuro, para entrega em agosto/18, cotada a R$ 40,00.

Em Campo Grande (MS), a alta foi de 6,67%, com a saca cotada a R$ 32,00. Na região de Castro (PR), a valorização foi de 5,00%, com a saca cotada a R$ 42,00. Ainda no Paraná, em Ubiratã, Londrina e Cascavel, a alta foi de 1,67%, com a saca cotada a R$ 30,50.

Já em Panambi (RS), a saca encerrou o dia cotada a R$ 34,02, em alta de 3,09%. Na região de Ponta Grossa (PR), a alta foi de 2,56%, com a saca cotada a R$ 40,00. Em Sorriso (MT), a alta foi de 13,33%, com a saca cotada a R$ 17,00.

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