Dólar fecha em alta com temores de guerra comercial, acompanhando o mercado internacional

O dólar comercial fechou em alta de 0,90%, cotado a R$ 3,2898 para compra e a R$ 3,2905 para venda, com máxima a R$ 3,2985 e mínima a R$ 3,2737, acompanhando o mercado externo em meio aos temores cada vez maiores de possibilidade de guerra comercial desencadeada pela política mais protecionista nos Estados Unidos.

Essa foi a maior alta desde o último dia 7/3, quando o dólar subiu 1,05%.

“O que está contribuindo para a cautela é a insegurança com o governo norte-americano ainda mais guinado ao protecionismo, cercando-se de pessoas mais conservadoras”, disse o operador da corretora H.Commcor Cleber Alessie Machado.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na semana passada a imposição de pesadas tarifas para as importações de aço e alumínio, gerando reações no mundo todo e que acabou afetando a sua própria equipe. O então assessor econômico Gary Cohn deixou o cargo, para ser substituído por Larry Kudlow, um republicano que atuou como conselheiro econômico do ex-presidente Ronald Reagan na década de 1980.

Além disso, Trump promete impor tarifas sobre US$ 60 bilhões de importações norte-americanas da China, elevando os temores da guerra comercial global.

Na véspera, a Casa Branca disse que a China foi convidada a desenvolver um plano para reduzir seu desequilíbrio comercial com os EUA em US$ 100 bilhões.

Também na quarta-feira, Kudlow disse que um dólar forte e estável era importante para a saúde da economia norte-americana e que não tinha razão para acreditar que o presidente Donald Trump discordaria disso.

“O sucessor de Gary Cohn, Larry Kudlow, tende a fortalecer a postura protecionista do governo Trump, dada sua fama mais conservadora”, acrescentou Machado.

Nesta quinta-feira, os EUA também decidiram anunciar sanções contra a Rússia, individuais e em grupo, e os russos já avisaram que vão adotar medidas de retaliação.

Em meio às tensões comerciais, os investidores em moedas no exterior procuravam o iene, que subia contra o dólar. O iene deve ser o principal beneficiário de qualquer aumento do protecionismo comercial, dado o forte excedente da conta corrente do Japão e a reputação da moeda de ser um refúgio seguro.

No mercado internacional, por volta das 17h30 (Horário de Brasília), o Dollar Index estava em alta de 0,46%, cotado aos 90,16 pontos, enquanto o euro estava em baixa de 0,53%, cotado a US$ 1,2302.

O Banco Central brasileiro vendeu nesta sessão toda a oferta de 14.000 contratos de swap cambial tradicional para rolagem do lote que vence em abril de US$ 9.029 bilhões. Com a venda de hoje, o BC já rolou US$ 2.8  bilhões.

Se mantiver esse volume e vendê-lo integralmente, o BC rolará o valor total dos swaps que vencem no próximo mês.

Juros futuros têm leve alta amparada por exterior

O mercado futuros de taxas de não passou ileso pela piora do ambiente externo. As taxas dos contratos de DI voltaram a subir nesta quinta-feira (15/3), apesar de sofrerem menos que outros ativos brasileiros. Os avanços das taxas foram amparados pelas preocupações com uma guerra comercial, principalmente agora que o presidente americano, Donald Trump, busca uma postura mais uníssona de seus assessores.

A escolha de Larry Kudlow para o cargo de diretor do Conselho Econômico Nacional é um sinal de alinhamento dentro da Casa Branca com as visões mais protecionistas de Trump. O recém-chegado não só substitui Gary Cohn, que renunciou depois do anúncio das sobretaxas ao aço e ao alumínio importados, como já ofereceu apoio à posição de negociação linha-dura de Trump contra a China.

O aumento da percepção de risco se voltou para o médio prazo, o que se evidenciou na movimentação nos DIs. Foram justamente os vencimentos curtos e intermediários que ao fim da sessão regular se mantinham em alta. Contratos mais negociados desta quinta-feira, o DI janeiro/2020 e o DI janeiro/2021 subiram 0,030% para os respectivos níveis de 7,380% e 8,260%.

Apesar dos riscos no radar, o BNP Paribas acredita que é no trecho intermediário da curva de juros que reside o prêmio a ser explorado. A análise no banco se volta para os fatores locais e a trajetória da Selic. A leitura é a de que o mercado, em geral, subestima o tamanho dos ciclos de flexibilização monetária no Brasil. Em 2005 e 2011, a diferença média entre o que foi precificado e o ciclo efetivo foi de 363 pontos. E, desta vez, o caminho não é diferente.

Embora os investidores e os economistas tenham previsto um ciclo de flexibilização de cerca de 3,50%, a autoridade monetária baixou a taxa Selic em 7,50% até agora. Em outras palavras, mais uma vez a ponta curta da curva DI e a pesquisa Focus subestimaram o ciclo em 4%, conclui o BNP.

“À medida que o BC se aproxima do fim do ciclo, vemos que a maior parte do prêmio está atualmente localizada na ‘barriga’ da curva DI”, afirma o banco. A Selic média projetada para 2020 é de cerca de 10%. E o BNP acredita que o nível de 9,75% deve ser atingido em breve, mas há espaço para convergir para níveis ainda menores.

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