Soja: após atingir as mínimas de 3 semanas, mercado volta a subir em Chicago

Após as quedas de mais de 16 centavos registradas na sessão anterior, os contratos futuros da soja voltaram a subir na Bolsa de Chicago, recuperando parte das perdas. Os vencimentos mais negociados fecharam em alta de 8 a 8,50 centavos. O maio/18 fechou cotado a US$ 10,40 ¾ e o julho/18 a US$ 10,51 ¼ o bushel.

Já os contratos futuros do farelo de soja fecharam praticamente estáveis, com os principais vencimentos registrando altas de US$ 0,10 por tonelada curta. O maio/18 fechou cotado a US$ 371,00 e o julho/18 a US$ 372,60.

Com as últimas baixas, o mercado registrou as mínimas de três semanas, sentindo ontem a pressão de uma pesquisa indicando a possibilidade de uma área recorde de soja nos EUA, e agora busca recuperar parte dessas perdas.

Além das especulações sobre a nova safra americana, o mercado ainda divide suas atenções com outros fatores que ainda influenciam as cotações neste momento.

“O mercado tem de lidar com a volatilidade causada ainda pelo clima para a conclusão da safra da América do Sul e mais as incertezas sobre os impactos reais da disputa comercial entre chineses e americanos”, diz o boletim diário da consultoria internacional Allendale, Inc.

Assim, nesta quinta-feira o mercado segue atento às chuvas que estariam previstas para chegar a Argentina nestes próximos dias, embora, mesmo que se confirmem, chegam tarde às lavouras argentinas, onde já se especula uma safra menor de 40 milhões de toneladas.

Vendas EUA

Na semana encerrada em 8 de março, os EUA venderam 1.269.600 toneladas de soja da safra 2017/18, contra expectativas que variavam de 800.000 a 1.2 milhão de toneladas. Embora o volume seja 49% menor do que o da semana anterior, é 30% maior do que o da média das últimas quatro semanas. A maior parte continua a ser adquirida pela China. No acumulado do ano comercial, as vendas americanas já somam 49.274.600 toneladas, contra mais de 53.3 milhões de toneladas no ano passado, nesse mesmo período.

Da safra 2018/19, os EUA venderam 77.400 toneladas da oleaginosa, sendo a maior parte adquirida por destinos não revelados.

Os Estados Unidos venderam também 173.300 toneladas de farelo de soja do presente ano comercial, enquanto o mercado esperava algo entre 100.000 e 350.000 toneladas. Destinos não revelados foram os principais compradores.

Os EUA venderam também 31.600 toneladas de óleo de soja, contra uma expectativa do mercado de 15.000 a 35.000 toneladas. A principal comprador foi a Coreia do Sul.

Ainda hoje, a Nopa (Associação Nacional dos Processadores de Oleaginosas) atualiza seus dados de esmagamento de soja nos EUA em fevereiro, também ajudando a desenhar o cenário da demanda no país.

Safra e Colheita na Argentina

Nesta quinta-feira (15/3), a Bolsa de Comércio de Rosario (BCR) diminuiu as suas estimativas para a safra de soja argentina para 40.07 milhões de toneladas.

Segundo informou a Bolsa de Cereais de Buenos Aires (BCBA) nesta quinta-feira (15/3) em seu Panorama Agrícola Semanal (PAS), a colheita de soja teve início na Argentina, com progressos isolados em Córdoba, Santa Fe, Entre Ríos e setores de Buenos Aires.

Até hoje, a colheita atingiu a 2% da área nacional, com rendimentos muito variáveis. A colheita cobrará uma maior fluidez nas próximas semanas, melhorando a precisão sobre as médias regionais, permitindo também confirmar as expectativas de rendimento estimados nas semanas anteriores.

Por sua vez, várias áreas do Nordeste Argentino não receberam chuvas, aumentando o número de cultivos que começam a entrar em etapas críticas sob condições hídricas regulares. Se as condições não melhorarem, a estimativa da BCBA de uma safra de 42 milhões de toneladas poderá sofrer uma nova redução nos próximos boletins.

Safra brasileira

A safra de soja 2017/18 do Brasil, cuja colheita caminha para a reta final, deverá atingir 114 milhões de toneladas, em linha com recorde do ano passado, estimou nesta quinta-feira o Rabobank em relatório.

Em fevereiro, a instituição estimou a safra em 111 milhões de toneladas, e sua revisão para cima se segue à realizada por outras consultorias e agentes do mercado, incluindo a própria Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Mercado interno

A quinta-feira foi de estabilidade na maior parte das principais praças de comercialização do Brasil, apesar das altas registradas na Bolsa de Chicago e do dólar. Os destaques, porém, ficaram por conta dos portos.

Em Paranaguá, a saca da soja no mercado disponível fechou cotada a R$ 80,00, assim como a no mercado futuro para entrega em maio/18, em alta de 2,56%. Já em Rio Grande, as últimas cotações foram R$ 78,20 e R$ 78,70, com a saca em alta de 1,30% e 1,29%, respectivamente.

Milho: apesar da venda recorde, na CBOT os preços voltam a recuar influenciados pelo trigo

Na Bolsa de Chicago (CBOT), os contratos futuros do milho iniciaram a sessão desta quinta-feira (15/3) em leve alta, mas posteriormente recuaram influenciados pela queda do trigo. Apesar das vendas americanas recordes, os principais vencimentos registraram quedas de 2 a 2,25 centavos. O maio/18 fechou cotado a US$ 3,86 ¾ e o julho/18 a US$ 3,94 ½ o bushel.

O mercado tentou subir depois de encerrar o dia anterior em queda. Os contratos caíram nesta quarta-feira, em um movimento de realização de lucros, depois das recentes valorizações e pressionadas pelas previsões de chuvas em algumas região da Argentina, conforme ponderam as agências internacionais.

Outro fator que também está no radar do mercado é a safra americana. Ainda ontem, a consultoria Allendale estimou a área cultivada com o cereal para esta temporada nos EUA em 35.82 milhões de hectares. O número ficou abaixo da última estimativa do USDA de 36.42 milhões de hectares.

Vendas EUA

Hoje, o USDA divulgou o seu boletim semanal de vendas de grãos americanos. E, segundo Richard Feltes na RJ O’Brien, “as expectativas para grandes vendas de exportação de milho e soja dos EUA”. Os números poderiam influenciar o andamento do mercado em Chicago ao longo do pregão.

Na semana encerrada em 8 de março, os EUA venderam 2.505.100 toneladas, bem acima das expectativas do mercado que variavam entre 1.3 e 1.7 milhão de toneladas. Esse foi o maior volume semanal de vendas nos últimos 23 anos (dezembro 1994). O maior comprador foi o Japão, como tradicionalmente acontece. O total acumulado na temporada  chega a 43.631.600 toneladas, enquanto no ano passado esse total chegava a superar as 45 milhões de toneladas.

Foram vendidas também mais 100.000 toneladas da safra 2018/19.

Safra e Colheita na Argentina

Nesta quinta-feira (15/3), a Bolsa de Comércio de Rosário (BCR) diminuiu as suas estimativas para a safra de milho para 32.04 milhões de toneladas de 35 milhões de toneladas.

A Bolsa de Cereais de Buenos Aires, por sua vez, mantém a sua estimativa para a safra em 34 milhões de toneladas, 5 milhões de toneladas a menos do que foi colhido na safra passada.

Segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires (BCBA) em seu Panorama Agrícola Semanal (PAS), na Argentina, a colheita das lavouras mais precoces de milho se estende no centro da área agrícola nacional, atingiu a 16,3%. Grande parte das lavouras mais tardias, por sua vez, passam pelo período crítico de definição de rendimento com reservas hídricas ainda escassas.

Quanto aos rendimentos colhidos até então, estes estão abaixo das médias das últimas safras, mesmo que ainda haja uma grande variabilidade entre os mesmos dentre as áreas analisadas.

No norte do país, as chuvas acompanham o cultivo, que se encontra começando o período reprodutivo, pelo qual os rendimentos potenciais ainda se mantêm. Na província de Córdoba, a falta de chuvas afeta o enchimento normal dos quadros tardios e, devido a este fator, o potencial de rendimento pode se ver afetado.

Safra brasileira

O Rabobank estimou que o Brasil produzirá 25 milhões de toneladas de milho na primeira safra, o menor volume em 20 anos, resultado de uma área plantada menor em meio a preços considerados pouco atraentes.

Como consequência, a instituição disse que as expectativas estão na segunda safra, a “safrinha”.

“O cenário-base do Rabobank aponta para uma área de 11.7 milhões de hectares destinada ao milho segunda safra, leve redução em comparação ao ciclo anterior em função de problemas pontuais de atraso de ciclo e colheita da soja, cultura que antecede a safrinha. Assim, assumindo a linha de tendência da produtividade, a produção nacional é estimada em 60.5 milhões de toneladas”, destacou o banco.

A estimativa do banco é de uma produção total de milho de 85.5 milhões de toneladas na safra 2017/18.

Mercado brasileiro

Na BM&F, os contratos futuros do milho deram continuidade ao movimento de realização de lucros no pregão desta quinta-feira (15/3). Dessa forma, os principais vencimentos registraram quedas de mais de 3%. O maio/18 fechou cotado a R$ 39,08/saca e o setembro/18 a R$ 35,07/saca.

O mercado recuou depois das recentes valorizações e de ter atingido o limite de alta no início da semana. Paralelamente, a Radar Investimentos reportou que, “mesmo com preços mais altos, na tarde desta quarta-feira surgiram mais ofertas de milho no mercado físico”.

A baixa disponibilidade do milho, especialmente no mercado paulista impulsionou as cotações recentemente. Ainda segundo dados da Radar Investimentos, “a colheita do milho no Centro-Sul do país está ligeiramente atrasada em relação ao mesmo período do ano passado”.

Já no mercado doméstico, em Castro (PR), a saca subiu 13,33%, cotada a R$ 42,50. Em Rio do Sul (SC), a alta foi de 6,06%, com a saca cotada a R$ 35,00.

No Oeste da Bahia, a alta foi de 3,70%, com a saca cotada a R$ 28,00. No Porto de Paranaguá, a saca no mercado futuro, para entrega em agosto/18, subiu 1,52% e encerrou o dia cotada a R$ 33,50. As informações fazem parte do levantamento diário do economista do Notícias Agrícolas, André Lopes.

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