Indicadores Cepea: soja, milho, mandioca, citros e leite

Soja: grão se valoriza com boa demanda por farelo de soja

Com a baixa disponibilidade de soja no mercado brasileiro e o menor processamento na Argentina, a procura por farelo de soja se sobrepôs à oferta no início de fevereiro, de acordo com pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).

Neste cenário, os valores do derivado subiram de forma expressiva nos Estados Unidos e no Brasil, principais concorrentes da Argentina nas exportações do farelo.

Os valores do grão também subiram nos mercados norte-americano e brasileiro. No Brasil, segundo dados do Cepea, os preços do farelo atingiram os maiores patamares desde 2016 em grande parte das regiões acompanhadas pelo centro de pesquisas.

Quanto ao grão, o Indicador Esalq/BM&FBovespa da soja Paranaguá (PR) subiu 4,3% na parcial de fevereiro (até o dia 16), a R$ 74,75/saca de 60 kg na sexta-feira. O Indicador Cepea/Esalq Paraná avançou 4,06% no mesmo comparativo, a R$ 69,64/saca de 60 kg no dia 16.

 

Milho: recesso reduz ritmo de negociação e preços variam pouco

O mercado interno de milho tem registrado ritmo lento de negócios e poucas variações nos preços em quase todas as regiões acompanhadas pelo Cepea, devido ao recesso de Carnaval.

Produtores/vendedores se mantêm retraídos do mercado de milho, à espera de melhores oportunidades de comercialização. Devido ao avanço da colheita da soja, a prioridade continua sendo a comercialização da oleaginosa.

Compradores, por sua vez, pressionam os valores do cereal, fundamentados no progresso da colheita do milho verão, na atual elevada disponibilidade e nas incertezas quanto à segunda safra deste ano.

Em São Paulo, a colheita tem avançado, mas o volume para negociação ainda é restrito, o que tem feito com os preços se sustentem. Além disso, produtores paulistas seguem retraídos, acreditando em maiores valorizações e no aumento na demanda.

Compradores, no entanto, têm adquirido novos lotes apenas quando os estoques estão baixos. O Indicador Esalq/BM&FBovespa (referência Campinas/SP) subiu 2,04% entre 9 e 16 de fevereiro, fechando a R$ 34,02/saca de 60 kg, na sexta-feira (16/2).

 

Mandioca: ritmo de colheita se intensifica e preço recua

Apesar das chuvas, especialmente no início da semana passada, e do Carnaval, parte dos produtores intensificou a colheita nas regiões acompanhadas pelo Cepea, aumentando a oferta de mandioca para as indústrias.

Porém, com a diminuição nos dias trabalhados, entre 12 e 16 de fevereiro foram processadas 37 mil toneladas de mandioca pelas fecularias, 30,9% abaixo do volume processado na semana anterior. Vale destacar que, com menos dias trabalhados, houve excedente de matéria-prima para as indústrias que seguiram com as atividades em ritmo normal.

Além disso, pelo fato de muitas farinheiras estarem paradas, uma quantidade maior de mandioca foi direcionada à indústria de fécula.

Neste cenário de oferta maior que a demanda, o preço médio semanal a prazo para a tonelada de mandioca posta fecularia foi de R$ 593,18 (R$ 1,0316 por grama de amido na balança hidrostática de 5 kg), com baixa de 4,7% frente à média anterior – a maior queda semanal desde dezembro do ano passado.

 

Citros: preço da laranja sobe mesmo com fraca demanda

Os valores da laranja in natura subiram na semana passada, apesar da baixa procura, típica do período de Carnaval. Pesquisadores do Cepea afirmam que o impulso veio da oferta limitada de frutas de boa qualidade.

Assim, a média de comercialização da pera entre 15 e 16 de fevereiro foi de R$ 23,45/caixa de 40,8 kg, na árvore, com aumento de 6,7% em relação à média do período anterior. Em relação à lima ácida tahiti, o carnaval favoreceu a demanda, visto que a fruta é utilizada na preparação de bebidas.

Além disso, com as chuvas no Estado de São Paulo nos últimos dias, a colheita foi prejudicada, reduzindo o volume no mercado de mesa. Neste cenário, a média da variedade no mercado nacional na semana foi de R$ 14,29/caixa de 27 kg, colhida, 9% superior à do período anterior.

 

Leite: valorização do UHT sinaliza retomada de preços no campo

A valorização de 3,7% do leite UHT na primeira quinzena de fevereiro trouxe um certo alívio ao setor leiteiro, que amarga consecutivas quedas de preços no campo.

Em janeiro de 2018, o valor do leite pago ao produtor caiu 1,74% em relação ao mês anterior e registrou o menor patamar real desde fevereiro de 2010, a R$ 0,9832/litro (“média Brasil”, sem frete e sem impostos, que tem como base Bahia, Goiás, Minas, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul).

Diante disso, produtores se questionavam se esse era o piso de preço ou se a média cairia ainda mais. Assim, a recente recuperação no preço do UHT pode sinalizar uma alta no valor a ser pago no campo.

O leite UHT é o derivado mais consumido do Brasil e um dos pilares de formação de preços do leite no campo, servindo como um termômetro para o setor.

No atacado do Estado de São Paulo, o valor médio do UHT negociado saltou de R$ 1,96/litro em 1º de fevereiro para R$ 2,03/ litro no dia 15 de fevereiro, se aproximando do patamar verificado no início de dezembro de 2017.

Segundo pesquisas do Cepea realizadas com o suporte financeiro da OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras), essa alta dos preços do UHT vem sendo verificada desde a segunda quinzena de janeiro e está atrelada, inicialmente, à tentativa das indústrias em recuperar a margem, que vem sendo espremida desde o ano passado.

A manutenção da valorização do UHT na primeira quinzena de fevereiro, por sua vez, sinaliza um maior equilíbrio entre demanda e oferta.

Colaboradores consultados pelo Cepea ainda consideram o consumo enfraquecido, sobretudo por conta do período de férias e de Carnaval. No entanto, o aumento das cotações tem sido absorvido pelo consumidor sem grande necessidade de promoções, que vinham sendo praticadas regularmente.

Além disso, a amplitude entre os preços do UHT coletados pelo Cepea diminuiu, devido à alta mais intensa no valor mínimo (de 11,1%) frente ao máximo (que subiu 1,84%). Essa menor disparidade entre os valores pode indicar um reaquecimento da demanda, favorecida pela maior estabilidade econômica.

No campo, a oferta de leite também tem se regularizado. Ainda que, tipicamente, o verão seja um período de maior captação de leite por conta das chuvas, os baixos preços praticados nos últimos meses têm resultado em desaceleração da produção.

O Índice de Captação de Leite do Cepea (ICAP-L) aumentou 0,2% de novembro de 2017 para dezembro do mesmo ano na “média Brasil”. O levantamento do Cepea do mercado em fevereiro, ainda em andamento, tem confirmado essa tendência de crescimento controlado da produção.

O menor volume no campo deve refletir no processamento de lácteos, aliviando pressões de estoque do UHT e possivelmente mantendo a tendência de alta nos preços.

 

Fonte: Cepea

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp