Enquanto no resto do mundo o investimento estrangeiro chinês sofreu um tombo este ano, da ordem de 40%, como reflexo dos controles de capital e da política de restrição adotada por Pequim, no Brasil esse fluxo de investimento segue firme.
Até este ano, segundo o “Financial Times”, o país atraiu US$ 10.8 bilhões em capital chinês, por meio de fusão e aquisição de empresas brasileiras, comparado com o total de US$ 11.9 bilhões registrados em 2016, segundo dados da Dealogic. O dinheiro chinês, diz o “FT”, é atraído pelos recursos naturais e localização estratégica, próximo aos EUA, da maior economia da América Latina. Para o Brasil, o capital chinês não poderia vir em melhor hora para dar suporte à fraca economia, que tenta se recuperar da pior recessão de sua história. Nos últimos dois anos, o PIB brasileiro encolheu mais de 7%.
A enxurrada de investimento no Brasil representa uma significativa mudança na política de Pequim. Desde 2005, a China despejou mais de US$ 140 bilhões na América Latina, e quase a metade disso teve como destino a Venezuela e outros aliados tradicionais, como o Equador. Desde então, em meio ao colapso da economia venezuelana, Pequim passou a buscar a diversificação para países com uma situação financeira mais saudável e possibilidades estratégicas melhores, em especial o Brasil.
O investimento chinês no Brasil ganhou força a partir de 2010, como parte da estratégia de Pequim para aumentar sua segurança energética e alimentar por meio de aquisições no exterior. A partir de 2014, a China passou a diversificar o investimento para o setor industrial voltado para o mercado doméstico brasileiro, buscando um mercado para seu excesso de capacidade de produção em aço e automóveis, por exemplo. Uma terceira fase começou no ano passado, com as companhias chinesas agindo mais como multinacionais convencionais, buscando retornos competitivos e oportunidades de investimento em setores variados.
Fonte: Valor Econômico