Abramvet e SNA celebram centenário de formatura dos primeiros veterinários no Brasil

Coronel Baeta Neves (Academia de Medicina Veterinária do Estado do Rio de Janeiro); Milton Thiago de Mello, presidente da Abramvet  e Antonio Alvarenga, presidente da SNA. Foto: Cristina Baran

 

A Academia Brasileira de Medicina Veterinária (Abramvet), em parceria com a Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), promoveu na sexta-feira (15/9), no salão nobre da SNA, no Centro do Rio de Janeiro, um evento para celebrar os 100 anos de formatura dos primeiros veterinários no Brasil.

A abertura do evento contou com a presença do presidente em exercício da Abramvet, Milton Thiago de Mello, além de representantes das áreas de Medicina Veterinária e Agronegócio, entre eles, o presidente da SNA e membro titular da Academia, Antonio Alvarenga, que falou à ocasião sobre o mercado de carnes no Brasil.

Alvarenga iniciou sua palestra comentando os resultados positivos conquistados pelo agronegócio nos últimos 20 anos. “Hoje produzimos 14 milhões de toneladas de carne de frango, 10 milhões de toneladas de carne bovina e 3,5 milhões de carne suína. Os indicadores mostram a dimensão do setor em termos de empregabilidade, participação no PIB e nas exportações brasileiras, já que somos o maior exportador de carne de boi e de frango no mundo”, disse.

 

COMPROMISSO

Ao mencionar os momentos delicados pelo qual o agronegócio passou nos últimos meses em razão da operação Carne Fraca, o presidente da SNA falou sobre o comprometimento que os frigoríficos devem ter para travar a comercialização de carne irregular. “Um pequeno percentual de animais vacinados cria um abscesso bovino e, por isso, os frigoríficos precisam estar atentos. O mercado brasileiro foi prejudicado pela devolução de carne americana, além das denúncias de corrupção, mas isso não impactou tanto as embarcações de carne brasileira”.

Apesar do curto período de baixa no agro por causa desses incidentes, o presidente da SNA observou que “o Brasil está conseguindo exportar mais carne, mais frango e mais suíno do que no ano passado”, e que o desafio do país, em relação ao mercado de carnes, é contar com a ajuda dos médicos veterinários para acompanhar a sanidade animal. “O objetivo das instituições é melhorar o controle sanitário”, completou.

Alvarenga também mencionou a importância do acordo sanitário que o Brasil fechou recentemente com os Estados Unidos, fazendo com que outros países também passassem a permitir a compra da carne brasileira. “O Brasil deve manter este crescimento, aumentar exportação e a renda sem ter problemas de sanidade, pois nossa carne é de excelente qualidade e por isso contamos com a ajuda dos médicos veterinários”, disse.

 

EVOLUÇÃO

Abrindo a série de palestras com a participação de membros da diretoria da Abramvet, Milton Thiago de Mello ressaltou a evolução do número de profissionais de Medicina Veterinária, desde o início do século XX até os dias de hoje. “Em 1917 eram 14 pioneiros, e em 2017 são mais de 150 mil, sendo a maioria concentrada na área de sanidade animal. No entanto, há uma carência de pessoal no setor”.

Thiago de Melo chamou a atenção para o papel do Brasil como fornecedor de alimentos para o mundo nas próximas décadas, diante do aumento populacional, e ressaltou a importância dos profissionais de veterinária neste processo. “A missão da Medicina Veterinária é ajudar a população humana”.

 

José Ferreira Nunes, professor da Universidade Estadual do Ceará, apresentou durante o evento um produto inédito da biotecnologia brasileira, que utiliza água de coco. Foto: Cristina Baran

 

ALIMENTO DO FUTURO

Ao abordar questões relacionadas aos investimentos do setor na qualidade animal, o presidente da Abramvet afirmou que o país precisa avançar muito na produção de pescado criado em cativeiro. “Será o alimento do futuro da humanidade”, assinalou, acrescentando que “grandes produtores de soja do Mato Grosso descobriram recentemente que um hectare de peixe cultivado em cativeiro, como no caso da tilápia, equivale, em dinheiro, a 100 hectares de soja”.

 

PRODUÇÃO SUSTENTÁVEL

Thiago de Melo também destacou a eficiência das novas tecnologias agropecuárias para o aumento da produção sustentável, citando, entre vários exemplos, a agricultura de precisão, a clonagem, a elaboração de carne sintética (concebida a partir de células-tronco), além dos sistemas avançados de distribuição de água, robotização de processos, diagnósticos a distância e ainda a manipulação do DNA voltado para a melhoria da produção animal.

 

CENSO DO AGRO

Antonio Carlos Simões Florido, gerente do Censo Agropecuário do IBGE, falou sobre a evolução do Censo nas últimas décadas, e explicou que este levantamento permite traçar um diagnóstico cada vez mais completo dos estabelecimentos rurais. O palestrante informou que o Censo 2017 será realizado a partir de 1º de outubro, envolvendo 18.800 recenseadores em todo o país.

Além disso, Florido anunciou algumas mudanças no próximo levantamento, entre elas, a adoção de questionários mais curtos e a utilização de aplicativos de smartphone para facilitar a coleta e a transmissão de dados – neste caso, por meio de rede Wi-Fi. Os recenseadores terão à disposição um banco de cinco milhões de estabelecimentos previamente listados e poderão ter acesso a imagens georreferenciadas, entre outros recursos para facilitar o trabalho.

 

ÁGUA DE COCO

Ao falar sobre biotecnologia brasileira, José Ferreira Nunes, acadêmico da Abramvet e professor da Universidade Estadual do Ceará, apresentou um produto inédito que utiliza água de coco transformada em pó e que gera benefícios à saúde animal e humana. De acordo com o professor, o produto, que envolveu mais de 30 anos em pesquisas, não possui conservantes nem aditivos químicos, e é capaz de preservar o sêmen humano e de animais; conservar órgãos e células; atuar como cicatrizante, substituto ósseo e suplemento energético, entre outros benefícios.

“Atualmente fabricamos 80 kg de pó de coco por dia, mas nossa meta é obter financiamento para que possamos ampliar essa produção diária para 8.000 kg e comercializar também em outros países”, disse Nunes.

 

Guilherme Figueiredo Marques, diretor do departamento de Saúde Animal do Ministério da Agricultura anunciou que em maio de 2018 o Brasil será reconhecido oficialmente como país livre da febre aftosa. Foto: Cristina Baran

 

MARCO HISTÓRICO

Ao final do evento, Guilherme Figueiredo Marques, diretor do departamento de Saúde Animal do Ministério da Agricultura, traçou um breve histórico do processo de erradicação da febre aftosa desde a década de 60, destacou as ações do programa nacional de erradicação da doença nos estados produtores e anunciou que em maio de 2018 o Brasil será reconhecido oficialmente como país livre da febre aftosa.

“Será um marco histórico, após 60 anos de pesquisas”, afirmou o diretor. “Mas não basta somente erradicar. Temos de manter esse quadro, ficar mais vigilantes, investir, pois o que se conquistou pode ser perdido em pouco tempo. A responsabilidade aumenta”, ressaltou Marques, lembrando que já está em andamento um plano para o fortalecimento e controle de fronteiras internacionais, como forma de aprimorar o trabalho realizado no setor e minimizar possíveis efeitos de foco de febre aftosa em países vizinhos.

 

EXÉRCITO

Durante o evento na SNA, o editor da revista Animal Business Brasil e membro da Abramvet Luiz Octavio Pires Leal, divulgou entre os presentes seu mais recente livro, “História da Veterinária do Exército Brasileiro”. A obra retrata a importância do Exército na formação de médicos veterinários civis e militares no país e no desenvolvimento da profissão.

Segundo o autor, “o trabalho foi motivado pela falta de conhecimento das próprias autoridades militares em relação à Veterinária do Exército, e constitui um importante serviço prestado ao setor”.

 

Por equipe SNA/Rio

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