Realizado pela Abrapa, o 11° Congresso Brasileiro do Algodão foi aberto oficialmente na noite desta terça-feira (dia 29/8), no Centro de Convenções de Maceió/AL. A solenidade contou com a participação do presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Arlindo de Azevedo Moura, do diretor da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), o embaixador João Almino, e do representante do presidente da Embrapa, o chefe-geral da Embrapa Algodão, Sebastião Barbosa. O evento, uma realização da Abrapa, acontece até sexta-feira (dia 1°/9), com a expectativa de reunir cerca de 1.200 participantes.
Em seu discurso, Arlindo Moura destacou a conjuntura favorável para o algodão, tanto do ponto de vista agronômico, pelo bom desempenho da safra que está finalizando agora (2016/2017) e pela expectativa otimista para 2017/18, quanto pelo aspecto mercadológico, que motiva os produtores a pensar em ampliar área plantada e os fornecedores da cadeia produtiva do Algodão a prover os insumos e tecnologias necessários a uma provável expansão. Moura também frisou a liberação gradativa dos estoques chineses, que sugerem a sustentação dos preços atuais da commodity em torno de US$ 0,70 a libra peso.
“A política de proteção aos agricultores chineses se tornou, literalmente, um “fardo”, caro e ruim, mantido a um custo insustentável de US$1,2 por libra-peso. O País importava 4 milhões de toneladas de pluma. Passou para 1 milhão e, este ano, comprou 1.2 milhão de toneladas. Particularmente, acredito que ela possa voltar aos patamares de 3 ou 4 milhões de toneladas em dois anos”, disse o presidente. “O mundo não só quer, como precisa, do nosso Algodão. E nós temos todas as condições para suprir essa demanda de forma escalonada e sustentável”, disse.
O chefe-geral da Embrapa Algodão, Sebastião Barbosa, representando o presidente da entidade, Maurício Lopes, destacou a tradição do CBA na cotonicultura e a presença da Embrapa desde os primórdios do Congresso, quando ainda se chamava Reunião Nacional do Algodão. “As colheitas revelam alta produtividade e maturidade do Algodão brasileiro para abastecer a nossa indústria têxtil e de mais de 100 países no mundo todo. O Algodão pode ser plantado em quase todo o território brasileiro e com tecnologia de produção é possível fazê-lo voltar ao semiárido, assim como novos métodos de cultivo e de máquinas para a pequena agricultura”, afirmou. De acordo com Barbosa, a Embrapa trabalha para o Algodão, seja ele transgênico, convencional, branco, ou colorido. “É um esforço diuturno para competir com a fibra sintética e, na próxima semana, assinaremos um convênio com a Abrapa e IMAmt para o desenvolvimento de Algodão transgênico resistente ao bicudo do algodoeiro”, disse.
O secretário da Agricultura do estado de Alagoas, Álvaro Vasconcelos, falou sobre a importância do resgate da cultura do Algodão no estado, que já esteve em destaque no Brasil. “Queremos diversificar nossa agriculta com a reintrodução do Algodão, para gerar emprego e renda para o estado e contribuir para economia alagoana e brasileira”.
Luxo brasileiro
Primeira parceria oficial do movimento “Sou de Algodão”, liderado pela Abrapa, para fomentar o consumo no mercado interno, a estilista alagoana Martha Medeiros, convidada especial da noite, empolgou a plateia com o relato de sua trajetória de empresária, desde o tempo em que começou a mostrar o seu trabalho como vendedora na feira de artesanato de Pajussara, em Maceió, e que agora se estende até uma loja própria em Los Angeles, nos Estados Unidos. Suas criações, hoje exportadas para mais de 30 países, sempre tiveram relação estreita com o Algodão, pois é baseado na renda e no bordado tradicional do seu estado natal. A estilista aposta no Algodão como uma forma de fazer moda com qualidade, responsabilidade social e respeito ao consumidor.
“Fui desafiada pela Abrapa a fazer uma coleção, que acabo de lançar, com ênfase no Algodão. Poderia ter utilizado qualquer fibra sintética, mas acredito que o futuro tem um coração antigo. Uma roupa de Algodão é uma forma de abraço”, disse. Martha Medeiros também falou da importância para seu trabalho para a vida de 400 mulheres rendeiras que atuam organizadas em cooperativas. “Só trabalho com mulheres cooperativadas. Onde não existe essa forma de organização, nós criamos. Queremos que elas trabalhem com dignidade e auto estima”, disse.
Fonte: Agrolink