Os volumes acumulados de chuvas nos últimos dias no Meio-Oeste impressionam. As previsões das últimas semanas que indicavam tempo mais quente e seco no Corn Belt tiveram uma reviravolta e o padrão atual é totalmente o oposto. Os preços, principalmente da soja, na CBOT seguem refletindo essas condições mais favoráveis para as lavouras.
Somente nas últimas 12 horas, segundo informações do NOAA, os totais mais elevados foram registrados em Minnesota, com até 50,8 mm em alguns pontos do estado, e em Iowa.
No norte do Kansas e sul de Nebraska algumas boas chuvas também puderam ser registradas. Na Dakota do Norte, as chuvas foram generalizadas, enquanto na Dakota do Sul foram mais localizadas, porém, também de bons volumes. No lado leste do Corn Belt, porém, as precipitações foram mais limitadas. Nos estados de Illinois, Indiana e Missouri, chuvas pontuais e de volumes menores.
O mapa abaixo do NOAA mostra os acumulados nas últimas 12 horas das chuvas nos Estados Unidos.
Nas imagens que mostram os acumulados nos últimos 3 e 7 dias também fica claro que as maiores precipitações continuam a ocorrer na metade oeste do cinturão norte-americano, justamente onde a umidade era mais necessária neste momento.
Chuvas acumuladas nos EUA nos últimos 3 dias – Fonte: NOAA
Chuvas acumuladas nos EUA nos últimos 7 dias – Fonte: NOAA
Nas últimas 24 horas, agora com informações do Commodity Weather Group, as chuvas cobriram cerca de 25% da área do Meio-Oeste norte-americano onde se produz soja e milho, 10% da região do Delta e da oleaginosa cultivada no Sudeste e, aproximadamente, 45% das Planícies do Norte. Os volumes variaram entre 12,7 e 57,15 mm.
Chuvas acumuladas nos EUA nas últimas 24 horas – Fonte: CWG
Por redes sociais, os produtores norte-americanos trazem informações do campo, como Justin Mensik, de Morse Bluff, no Nebraska. “Depois de três dias sem nenhuma chuva, tivemos mais de 76 mm em apenas um dia. As lavouras parecem muito melhores agora que nós, finalmente, recebemos essa chuva”, disse em matéria do portal Agriculture.com.
De Irving, em Illinois, Luke Tuetken disse que foram registrados 127 mm de chuvas nas últimas quarta e quinta-feira. “As lavouras esperavam muito por essas chuvas, mas sabemos que é preciso atenção quando se recebe isso tudo de uma vez”.
“Recebemos 82,55 mm de chuvas na última semana, que ajudaram muito a safra em um momento crítico de desenvolvimento”, relata a produtora Carol Peterson, de Northfield, Minnesota.
Segundo Tyler Mudd, de Monroe City, no estado do Missouri, “a chuva da semana passada beneficiou muito a safra. O milho deve ter água suficiente para terminar o enchimento de grãos, e a soja deve dar um salto nesta semana. Esperamos que possamos continuar a ser abençoados com essas chuvas ‘atrasadas’ de verão”, disse.
Na Dakota do Sul, em Shadehill, o produtor Doug Ham espera que as previsões para esta semana se confirmem, uma vez que as suas lavouras ainda sentem os efeitos da baixa umidade. “A soja mostra algum estresse, mas tem se saído bem depois do que tem passado”.
Já em Warren County, Iowa, as lavouras de milho de Bobby Fraser precisam muito de chuvas. “Nosso milho está começando a lutar com o clima e em áreas onde há muita compactação de solo, as plantações não estão em boa forma. Nossas áreas estão aguentando, mas precisamos desesperadamente de chuvas aqui, já que não tivemos muitas nesse último mês e meio”, disse ao Agriculture.com.
Previsão do Tempo
As previsões do tempo seguem a indicar mais chuvas para o Corn Belt nos próximos dias, com tempestades previstas para áreas, principalmente, no centro e leste do Meio-Oeste americano. Entre sábado (5) e segunda-feira (7), novas chuvas também podem ocorrer.
Mapas do NOAA desta quinta-feira (3/8) indicam, para os próximos sete dias, volumes de mais de 50 mm são previstos para partes de Minnesota e Wisconsin. Para as Dakotas, são esperados acumulados de mais de 25 mm. Em Iowa e Illinois, são esperados volumes menores, enquanto Kansas, Nebraska e Missouri podem receber mais de 63 mm.
Previsão de chuvas para os próximos 7 dias nos EUA – Fonte: NOAA
“As constantes variações das previsões meteorológicas estão se tornando cada vez mais frustrantes à medida que o mercado adiciona ou subtrai prêmio climático de acordo com cada mudança. Os mapas não entram em acordo, e chuvas são adicionadas e retiradas em cada nova rodada de atualizações”, explica o boletim diário da AgResource Brasil (ARC Brasil).
Em sua análise desta quinta-feira, o analista da OTCex Group, de Genebra, na Suíça, Miguel Biegai é claro. “O mercado climático é bruto, mas é claro. Chove, preço cai. Não chove, preço sobe”, disse.
E do fechamento do último dia 31 de julho, quando o USDA divulgou um aumento de 2% no percentual de lavouras de soja em boas ou excelentes condições, até às 11h30 (Horário de Brasília) de hoje, a queda acumulada do contrato novembro/17 é de 4,32%.
Para o período de 8 a 12 de agosto, as previsões ainda são de temperaturas abaixo do normal e precipitações acima da média para a época. “Se este cenário se concretizar (até 16 de agosto), a umidade do solo estará em boa parte garantida até quase o final de agosto para o período em que as lavouras de soja justamente mais precisam para o enchimento dos grãos. E aí, não será novidade uma safra de 115 milhões de tons, ao invés de menos de 110 milhões como havia a possibilidade de ocorrer se o clima fosse mais adverso”, disse Biegai.
Também frente as previsões anteriores que traziam menos chuvas e um calor mais intenso no Corn Belt, os fundos também perdem nessa reversão do mercado.
“E estão perdendo dinheiro pesado, muito pesado. No final de junho, estavam muito vendidos e saíram desesperados recomprando as posições a preços mais caros do que haviam vendido. Algumas centenas de milhões de dólares viraram pó. Teve fundo grande demitindo inclusive membros de diretoria. Passaram de vendidos para comprados esperando uma grande alta no mercado, e agora estão saindo de novo, vendendo mais barato do que compraram. Não está fácil a vida dos traders em 2017”, disse o analista da OTCex Group.
Com informações também do NOAA e do portal americano Agriculture.com
Fonte: Notícias Agrícolas