Agentes de controle biológico são opção sustentável para combater a Helicoverpa armigera

Por Equipe SNA

As recentes infestações de lagartas Helicoverpa armigera em plantações de soja, algodão e feijão, em alguns estados do país, estão preocupando produtores rurais. A ocorrência da lagarta, conhecida por causar inúmeros prejuízos em produções mundiais, ainda é recente em território nacional. Para combater a praga sem causar danos ao meio ambiente ou riscos à saúde, produtores estão utilizando agentes biológicos como uma alternativa segura de controle.

Os agentes de controle biológico são conhecidos como os inimigos naturais das pragas. Esses insetos, na maioria vespas, parasitam ovos dos principais organismos indesejáveis em grandes culturas. Segundo Diogo Rodrigues Carvalho, engenheiro agrônomo e fundador da Bug Agentes Biológicos, as espécies utilizadas podem variar conforme a praga. No caso da Helicoverpa armigera, são usadas vespas do gênero Trichogramma. “Trabalhamos com a multiplicação de parasitoides (vespas) que se desenvolvem dentro de ovos de insetos que se transformariam em pragas, assim, evitamos o nascimento das lagartas. Esses agentes biológicos, no caso vespas, ocorrem naturalmente na natureza. O que fazemos é multiplicá-las em grandes quantidades e transformá-las em produtos comerciais”, explica.

De acordo com Carvalho, a criação das vespas para o manejo de infestações se dá por meio do processo de multiplicação dos animais em hospedeiros alternativos que permitam criações massivas de insetos. Criadas em escala industrial, as vespas podem controlar todas as espécies de mariposas e borboletas que são pragas para a agricultura, independentemente da cultura produzida, e apresentam vantagem sobre os métodos convencionais. “São sustentáveis, não apresentam resistência, ecologicamente corretas, mais baratas, não intoxicam e não contaminam”, enumera.

A eficácia do método varia conforme a praga e a cultura afetada, mas, em alguns casos, como no combate à broca da cana-de-açúcar, considerada a pior praga que atinge a cana, chega a substituir totalmente a necessidade de aplicação de inseticidas. Na situação de ataque da Helicoverpa armigera à soja, o método reduz em até 70% a aplicação de produtos químicos. “O número é variável e leva em consideração a fixação da praga, cultura, região e distribuição dos agentes no momento certo, mas, em condições ideais, com um trabalho bem feito, conseguimos reduzir em até 70% a aplicação de inseticidas”, estima.

A liberação dos agentes em cada plantação é realizada pelo próprio produtor após o recebimento dos insetos, que são enviados com um número fixo, calculados com base no tamanho da produção em hectares da lavoura. O engenheiro explica que o método custa 40% menos que os controles químicos. Para a Helicoverpa, são necessárias três liberações por hectare durante toda a safra, ao preço de R$ 30 cada hectare.

Para Diogo Carvalho, a entrada de novas pragas no setor expandiu o mercado de agentes de controle biológico, que está em constante crescimento. Segundo ele, estima-se que sejam movimentados nacionalmente cerca de R$ 400 milhões por ano. “Acredito que o mercado apresentará um incremento ainda maior nas próximas safras, devido ao aparecimento de novas pragas, e alcançará patamares de crescimento maior que a estimativa atual, de 30% ao ano”, prevê.

Impulsionados pela indicação como a 33ª empresa mais inovadora do mundo, pela revista americana Fast Company, e o prêmio de destaque na área de Controle Biológico, pela revista A Lavoura, da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), a empresa Bug Agentes Biológicos espera faturar R$ 5 milhões através de negócios no mercado interno e com o exterior nesta safra. “Esses prêmios foram muito importantes para nossa divulgação como empresa e nos impulsionaram no setor”, comemora Carvalho.

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