A carne suína consumida no país passa por várias etapas de produção até chegar à mesa dos brasileiros. E o maior desafio da suinocultura começa dentro da porteira, com a implementação de novas tecnologias, especialmente àquelas relacionadas à dieta dos animais.
De acordo com a Central de Inteligência de Aves e Suínos (CIAS), da Embrapa Suínos e Aves, uma tendência bastante observada nessa área está relacionada à imunonutrição, ou seja, à produção de alimentos seguros que serão inseridos na dieta desses animais, reduzindo ou até mesmo eliminando, principalmente, o uso preventivo de antimicrobianos.
Pesquisadores, que defendem a aplicação de alimentos funcionais para suínos, afirmam que 19% da soja e 8% do milho contidos na ração não são digeridos por esses animais em condições normais. Por esse motivo, atualmente, o indicado é substituir tais produtos por extratos herbais, fitoterápicos, probióticos, entre outros, que são considerados mais saudáveis para os animais.
Gerente da área de suinocultura da multinacional Alltech no Brasil, Julio Acosta afirma que esse tipo de tecnologia pode resultar na criação de animais com maior potencial genético. Para um bom começo, ele sugere a substituição de antibióticos, como promotores de crescimento, por aditivos minerais e prebióticos.
O executivo afirma que essa mudança na dieta auxilia na melhora das defesas orgânicas e da saúde intestinal dos animais: “Ainda melhora a absorção de nutrientes e a eficiência dos suínos, que são exigências do mercado”.
Outra empresa ligada à nutrição animal, a Nutrifarm também defende uma alimentação mais natural dos suínos. Conforme a companhia, algumas matrizes, que comem alimentos funcionais, podem parir e amamentar 12 leitões por vez, dois a mais que antigamente. Além disso, o ciclo gestacional é mais rápido, reduzindo de 150 para 144 dias para o leitão de cem quilos.
ALÉM DA PORTEIRA
Investir tanto em sanidade animal quanto em nutrição, reprodução, genética e manejo dá trabalho e exige a aplicação de mais recursos financeiros, que nem todos os produtores têm. Ainda assim, acompanhar as tendências que influenciam a produção de suínos no país tem sido mais que primordial para que os elos dessa cadeia produtiva estejam integrados.
“Assim como a avicultura, a suinocultura tem caminhado a passos largos nos investimentos em pesquisas e novas tecnologias, permitindo ganhos que vão além da porteira. Fora a melhora nos índices de produtividade, esse sistema produtivo oferta produtos de alta qualidade e plenamente adequados a cada mercado ao qual se destina”, avalia Ricardo Santin, vice-presidente e diretor de Mercados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
De outro lado, continua o executivo, “contamos com um status sanitário ímpar, livre de enfermidades que hoje impactam rebanhos em todo o mundo”.
“Temos órgãos de pesquisa e desenvolvimento de altíssima competência, como é o caso da Embrapa Suínos e Aves, ao mesmo tempo em que contamos com empresas de genética com tecnologia de ponta, ofertando ao sistema produtivo o que há de mais moderno na suinocultura global”, destaca Santin.
Por equipe SNA/RJ