Por Equipe SNA
As cooperativas têm papel importante em praticamente todas as cadeias do agronegócio nacional. Para se ter uma ideia da importância do setor, 50 % da produção nacional vem de um associado a uma cooperativa (IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2006). Elas estão presentes em todos os estados, com destaque para as regiões Sul e Sudeste.
As 1.528 cooperativas – ano base 2012 – respondem por 151.838 empregos diretos e reúnem 966.558 cooperados, sendo 76% das famílias registradas no Sistema OCB (Organizações das Cooperativas Brasileiras) enquadradas como agricultura familiar. Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), cerca de 10,4 milhões de pessoas estão ligadas diretamente às cooperativas do país.
O setor tem muita importância na balança comercial do Brasil. “Este ano, atingimos um recorde de US$ 100 bilhões. As cooperativas possuem um papel fundamental nestes números devido a sua força multiplicadora”, salientou o ministro da Agricultura, Antônio Andrade.
Em 2012, a agropecuária exportou US$ 6 bilhões. As cooperativas foram responsáveis por 98% desse valor e contribuíram com um saldo positivo de US$ 5,8 bilhões. “Avaliando o cenário brasileiro, constatamos que, no País, o crescimento do setor cooperativista foi maior, proporcionalmente, que o registrado na economia de países em desenvolvimento”, afirma Paulo César Dias, coordenador do ramo agropecuário da OCB.
“As cooperativas funcionam como sociedade de pessoas, desempenhando papel no desenvolvimento fundamental local e regional”, afirma o presidente do Sistema OCB/Sescoop/RJ, Marcos Diaz. Ele lembra que estas entidades respondem por 5,4 % do PIB brasileiro, e, no Rio de Janeiro, movimentam R$ 12,2 bilhões, o equivalente a 4% do PIB do Estado. Ele acrescenta que cerca de 80 % dos alimentos que vão às mesas dos brasileiros são oriundos da agricultura familiar. “Isto representa pujança.”
Gargalos e desafios
Segundo Marcos Diaz, atualmente, das 110 cooperativas agropecuárias, num total de 2.200, são registradas na Junta Comercial do Rio, destas apenas um terço possui funcionamento satisfatório, em razão de gargalos, como falta de uma gestão eficiente, e, especificamente no ramo agropecuário, a inexistência de logística e infraestrutura adequadas para o escoamento da produção. “As condições de nossas estradas vicinais comprometem sobremaneira a operacionalidade”, reclama.
E acrescenta: “Apesar de contarmos com a Embrapa, uma das maiores empresas de pesquisa, identificamos ainda a falta de acessibilidade dos pequenos produtores às tecnologias disponíveis. Faltam, também, a qualificação de mão-de-obra e a saudável troca de informações, que poderiam solucionar problemas corriqueiros”, aponta outros entraves.
Na avaliação de Marcos Diaz, um grande desafio para o futuro do cooperativismo, é a sucessão, que deve ser solucionado através da motivação dos jovens, suas famílias e da realização de atividades que envolvam a comunidade do entorno da cooperativa. “Assim, garantiremos a sucessão na atividade e o ingresso dos mais novos nas cooperativas. Atrelado a tudo isso, projetos e ações fincados na sustentabilidade devem transpassar o nosso movimento”, salienta.
Crédito
Dia 8 de julho, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Antônio Andrade, autorizou a liberação de R$ 2,3 milhões para entidades privadas que desenvolvem ações ligadas ao associativismo e cooperativismo. Do total, R$ 1,26 milhão foi para a região do semiárido brasileiro.
Atualmente, os programas Prodecoop, Procap-Agro, Pronaf Agroindústria (custeio) e Pronaf Agroindústria (investimento) estão mais acessíveis. As taxas de juros caíram de 9% para 6,5%. “No entanto, os financiamentos não têm sido suficientes. Atualmente, contamos com R$ 5 bilhões, mas apenas para os Estados de Rio Grande do Sul e Paraná seriam necessários mais de R$ 4 bilhões a serem direcionados para créditos operacionais e investimentos”, reivindica Paulo Dias.
Já o dirigente do Sistema OCB/Sescoop/RJ, ressalta que tão importante quanto a disponibilização de linhas de crédito são as ações que garantam o efetivo acesso a estas linhas e a disponibilização de assistência técnica aos produtores para que possamos alcançar números ainda maiores. “No novo Plano Agrícola tivemos melhores notícias no tocante ao seguro; isso dará novo alento no campo”, enfatiza Marcos Diaz.