Por Equipe SNA
Dados divulgados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento mostram que as exportações do agronegócio brasileiro superaram, pela primeira vez, na safra 2012/2013, a casa dos US$ 100 bilhões anuais. As vendas registradas entre julho de 2012 e junho deste ano alcançaram o montante de US$ 100,61 bilhões, o que representa um crescimento de 4,2% em relação à última temporada. O superávit comercial do setor também obteve um novo recorde e ficou em US$ 83,91 bilhões de dólares.
Do total de comercializações externas do Brasil observadas no período, que registraram US$ 239,88 bilhões, 41,9% foram geradas pelo agronegócio. Para o vice-presidente da Sociedade Nacional de Agricultura Osaná Sócrates de Araújo Almeida, especialista em pecuária de corte, o montante alcançado pelas vendas internacionais do setor representa o esforço e a competência dos produtores. “Mesmo com as dificuldades, falta de incentivo e custo operacional muito alto, o agronegócio brasileiro consegue superar todas as barreiras e colocar o país com status de altamente produtivo. Os dados mostram que estamos segurando a economia do país”, salienta o vice-presidente.
O crescimento foi motivado principalmente pelo bom desempenho na comercialização de cereais, carnes e produtos do complexo sucroalcooleiro. Entre os cereais, o milho registrou o maior aumento, com acréscimo de 211,5% nas vendas, uma elevação de 8,47 milhões de toneladas em 2011/12 para 26,44 mi de toneladas na safra 2012/13, o que resultou em um incremento de US$ 4,80 bilhões. “Os três principais fatores para esse recorde positivo foram os preços elevados de grãos em função da quebra de safra de soja e milho dos EUA, que reflete nos preços mundiais e exige um volume de exportação a curto prazo muito forte, o preço positivo das carnes e a retornada de uma certa normalidade na produção e exportação do setor sucroalcooleiro, em termos de produção, produtividade e no superávit”, explica o diretor da SNA Fernando Pimentel.
Alavancado pelas altas significativas das exportações da soja em grão, açúcar e milho, o primeiro semestre do ano também superou todos os registros observados anteriormente. As vendas internacionais no período somaram US$ 49,57 bilhões, crescimento de 10,7% em relação aos primeiros seis meses de 2012. As exportações do milho obtiveram um crescimento de 409%, incremento de US$ 469 milhões para US$ 2,39 bilhões. A comercialização da soja em grão atingiu aumento de 15,7%, com US$ 13,81 bilhões. Já o açúcar chegou à marca de US$ 5,46 bilhões, acréscimo de 27% nas vendas.
As vendas externas dos três principais produtos totalizou US$ 21,67 bilhões nos seis primeiros meses de 2013, resultado do envio de 3,5 milhões de toneladas a mais desses alimentos. No mesmo período, o superávit registrado chegou a US$ 41,26 bilhões.
Entre os produtos de origem animal, a carne teve destaque em valor, com US$ 730,65 milhões de dólares. Segundo o diretor da SNA José Milton Dallari, as vendas significativas da carne, impulsionadas pela quebra da produção mundial e os preços definidos em bases elevadas, precisam ser analisadas de forma a garantir um retorno melhor para os produtores. “Com o preço da arroba do boi, o reflexo sobre o produtor foi menor que qualquer tipo de comissão que poderia ser feita. O governo precisa agir para que a situação comece a fluir da maneira mais adequada possível e o estímulo dos produtores e da área de produção não se perca”, salienta Dallari.
Para Pimentel, o agronegócio sempre teve relevância para a economia brasileira, mas nunca recebeu os devidos investimentos e atenção suficiente do governo federal. “O setor é e sempre foi muito importante para o país. Apesar de ter um peso muito forte do ponto de vista da estabilidade de balança de pagamento e câmbio, entre outros, nunca foi visto com a devida importância, ao contrário do que ocorre nos EUA, por exemplo. Lá as políticas agrícolas são extremamente efetivas, com a existência de um seguro rural efetivo, o que é fundamental e não acontece aqui. Eles possuem vias de escoamento extremamente eficientes, com custo de logística baixo e investimentos altos, o que também não vemos por aqui.”
Fernando Pimentel também acredita que são necessárias políticas efetivas de curto prazo para a infraestrutura, e prevê que as próximas safras sejam mais contidas. “Se a safra americana for equilibrada, nós esperamos preços de milho e soja mais moderados e uma rentabilidade menor para o produtor. Sentiremos o impacto maior nas contas de produtores na safra de 2014 e o peso da ineficiência de infraestrutura do país”, lamenta.
Osaná Almeida considera que este é o momento de o governo reconhecer a importância do setor, investir e solucionar os entraves. “Com essas informações, o governo precisa tomar consciência de que o segmento merece mais investimentos no curto prazo, através de insumos, da disponibilização de maior crédito e da desoneração da exportação, conseguindo fazer com que o produto chegue ao seu escoamento de forma menos dramática. Temos casos, por exemplo, em que o frete chega a custar mais caro que o próprio produto, em decorrência da dificuldade de gerar a origem de embarque. Isso causa insegurança e desestimula o setor.”
Com informações do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento