Mudança no modelo de pagamento pela principal empresa compradora do setor – JBS, falta de concorrência, queda nos preços da arroba, e apreensão dos quanto à liquidez de algumas indústrias, são apenas alguns dos problemas enfrentados pelos pecuaristas em um curto espaço de tempo.
Desde que a JBS se tornou uma das protagonistas do escândalo de corrupção no Brasil, as vendas à vista foram suspensas. Sem alternativa ou precisando fazer caixa, o pecuarista se via obrigado a entregava suas animais, solicitar a NPR (Nota Promissória Rural) e realizar o desconto junto à instituição financeira, mas esse tipo de operação também está cada vez mais rara.
Segundo Luis Fernando Conte, vice-presidente da Acrimat (Associação dos Criadores do Mato Grosso), os bancos não estão aceitando fazer a desconto. No Estado, há relatos de tentativas no Banco do Brasil, Sicredi e Bradesco, todas sem sucesso.
No Mato Grosso do Sul, o pecuarista e conselheiro da Famasul (Federação de Agricultura do Mato Grosso do Sul), Janes Bernardino Onório Lírio, disse ao Notícias Agrícolas, que nem mesmo o Banco Original (também pertencente à Companhia J&F, dona da JBS) estaria aceitando descontar as notas promissórias.
Esse cenário trouxe grande apreensão à ponta inicial da cadeia, já que nem mesmo uma empresa do grupo estaria dando credibilidade a operações com a JBS. Para o vice-presidente da Acrimat, é possível que os bancos estejam aceitando apenas operações de volumes menores, nas quais os riscos são igualmente inferiores. “Pode ser que eles (bancos) também tenham um limite de crédito para essas operações, não dá para saber, porque antes as movimentações eram pequenas.”
Mas, além de ter poucas chances de conseguir descontar a NPR, aqueles que efetivamente têm sucesso na operação, ainda correm sérios riscos financeiros.
“Antigamente quem vendida para a processadora, poderia pedir a antecipação do pagamento, porque há anos a empresa já não tem preço à vista, mediante ao desconto de 3,1%”, disse Conte. Nesse caso, o produtor estava resguardado, uma vez que descontado a ‘multa’, não havia nenhum outro risco financeiro.
“O problema é que com a NPR precisarmos endossar a nota promissória junto à instituição financeira. Se chegar no dia do vencimento e o frigorífico não pagar, temos que arcar com a dívida no banco”, disse Lírio.
De qualquer forma, os pecuaristas que necessitam vender têm poucas opções. Buscar indústrias menores, que em sua maioria já estão bem escaladas; entregar para unidades mais distantes; se render a JBS, recebendo com 30 dias; ou então tentar descontar a NPR, nas poucas instituições que ainda aceitam, sem garantias.
Até o fechamento dessa reportagem nenhuma instituição financeira havia se posicionado a respeito.
Fonte: Notícias Agrícolas