Produção de alimentos orgânicos cresce 300% em 10 anos no Brasil

A produção de alimentos orgânicos cresceu mais de 300% no Brasil na última década. O número foi apresentado nesta quinta, dia 27, durante a Bio Brazil Fair | Biofach América Latina, que acontece até o dia 30 de junho em São Paulo. Se por um lado, o mercado consegue estimar seu desenvolvimento, por outro, ainda tem dificuldade em mapear os agricultores, já que a maioria das vendas feitas no setor são diretas, de produtor para  consumidor.

Há mais de 50 anos, a família de Kyioteru Iizuka trabalha com agricultura. Há 15 anos, no entanto, eles resolveram mudar para os orgânicos, depois que o pai e o avô perceberam que algumas pessoas estavam adoecendo pelo contato contínuo com defensivos. Hoje, a produção deles é completamente livre de agrotóxicos. Até o esterco utilizado é feito de maneira orgânica, através de um galinheiro que Iizuka mantém na propriedade, localizada na Serra da Cantareira, região Metropolitana de São Paulo.

Tudo que ele produz é certificado, e até o mato por entre as plantas é retirado à mão. Assim como a família do seu Iizuka, outros produtores seguiram o mesmo caminho e migraram da da agricultura convencional para a orgânica. A quantidade de agricultores orgânicos no mundo ultrapassou 1,8 milhão.

De acordo com o coordenador Executivo do Organics Brazil – projeto que reúne 12 empresas exportadoras do setor –, Ming Liu, o consumidor atual busca alimentos saudáveis e seguros:

– O atual cenário econômico brasileiro aponta que o mercado de orgânicos vem crescendo de forma significativa, seguindo a tendência dos consumidores em busca de produtos saudáveis e seguros. Cada vez mais vemos que o mercado vem crescendo, novos produtos com maior valor agregado vem sendo ofertado e mais empreendedores enxergam que há sim mercado que oferecem produtos com a preocupação de trazer valores e aplicação de conceitos de sustentabilidade em toda a cadeia.

O mercado brasileiro de orgânicos ainda está longe de possuir os maiores produtores mundiais. Por enquanto, a Ásia é o continente com a maior parcela na produção: cerca de 34% dos produtores, seguida pela África, com 30%, e América Llatina, com 18%, de acordo com dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e da Federação Internacional de Movimentos de Agricultura Orgânica (Ifoam).

O principal mercado consumidor é o norte-americano. Os Estados Unidos, apesar de não terem uma produção considerável de orgânicos, deixa no setor mais de US$ 31 bilhões por ano, e logo em seguida vem a Europa, com US$ 29 bilhões.

O mapeamento de produtores de alimentos orgânicos no Brasil encontra dificuldades devido à comercialização direta. Os últimos dados oficiais são do Censo Agropecuário, realizado em 2006. A regulamentação dos produtos orgânicos começou a ser construída só em 2007 e entrou em vigor há apenas dois anos.

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