Frango: preço interno reage
As exportações brasileiras de carne de frango aumentaram em março, mesmo com os embargos temporários feitos ao produto nacional em meados do mês, por conta da Operação Carne Fraca. Segundo pesquisadores do Cepea, o impulso veio da menor oferta mundial, já que países da Ásia, Europa e os Estados Unidos ainda registram surtos de gripe aviária.
O bom desempenho das vendas brasileiras, somado à expectativa de aumento da demanda doméstica interrompeu o movimento de queda dos preços no atacado nos últimos dias, com reações no Sul e no Sudeste. No atacado da Grande São Paulo, o frango inteiro congelado foi negociado a R$ 3,87/kg nessa quarta-feira 12, alta de 2,6% sobre a quarta-feira anterior. Em Toledo (PR), a variação positiva de 1,4% em sete dias elevou o preço para R$ 3,58/kg. Para o frango inteiro resfriado em Descalvado (SP), a média foi de R$ 3,80/kg no dia 12, subindo 4,9% sobre a quarta-feira anterior. Em Porto Alegre (RS), o resfriado permaneceu estável, a R$ 4,74/kg.
Boi: pecuária começa a sinalizar recuperação
Depois do momento delicado vivido na segunda quinzena de março, o mercado pecuário começa a dar sinais de recuperação neste mês. Segundo pesquisadores do Cepea, mesmo com agentes de frigoríficos ainda pressionando os valores de compra de novos lotes de boi gordo, a menor oferta de pecuaristas tem feito com que os preços da arroba voltem a reagir na maioria das regiões acompanhadas pelo Centro de Pesquisas. Com escalas encurtadas, os valores da carne negociada no mercado atacadista da Grande São Paulo também vêm registrando altas diárias neste mês.
Entre 5 e 12 de abril, o Indicador do boi gordo Esalq/BM&FBovespa (São Paulo) teve alta de 1,83%, fechando a R$ 136,44 nessa quarta-feira, 12. No mesmo período, a carcaça casada do boi se valorizou 3,34%, fechando a R$ 9,90/kg na quarta-feira. Além da Operação Carne Fraca, o retorno da cobrança do Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural) também impactou o mercado no fim de março, já que afetou diretamente os valores negociados, com frigoríficos descontando dos preços de compra o percentual relativo ao Fundo, de 2,3%.
Mamão: aumento da oferta pressiona valores na roça
Com clima favorável à maturação, o volume de mamão Havaí cresceu nas regiões produtoras na última semana, cenário que pressionou as cotações da fruta. Quanto ao formosa, segundo colaboradores do Hortifruti/Cepea, um leve e pontual aumento na oferta também foi registrado, principalmente no oeste da Bahia.
No Espírito Santo, o Havaí tipo 12 a 18 foi vendido a R$ 1,00/kg, em média, na última semana, queda de 17% em relação à semana anterior. O Formosa foi comercializado a R$ 0,90/kg, em média, valor 12% menor na mesma comparação.
Suínos: valores do animal vivo sobem em Minas Gerais
O movimento de queda nos preços do suíno vivo e da carne foi amenizado nos últimos dias, com reações do animal ocorrendo no mercado independente de algumas regiões acompanhadas pelo Cepea, especialmente nas do Sudeste. Além das temperaturas mais amenas, que favorecem o consumo de carne suína, o fim da Quaresma deve contribuir para consolidar os reajustes de preços nos próximos dias, segundo expectativas de agentes do setor.
Em Belo Horizonte (MG), o suíno vivo se valorizou 2,2% entre 5 e 12 de abril, com o quilo do animal comercializado no mercado independente na média de R$ 3,97 nessa quarta-feira, 12. Já na região SP-5 (Bragança Paulista, Campinas, Piracicaba, São Paulo e Sorocaba), o quilo do suíno fechou a R$ 3,92 nessa quarta-feira, queda de 2,6% em sete dias. No atacado paulista, entre 5 e 12 de abril, a carcaça especial suína se valorizou 0,7%, com o quilo passando para a média de R$ 6,38 nessa quarta-feira. Quanto à carcaça comum, os preços subiram 1,5% nos últimos sete dias, para R$ 5,95/kg.
Trigo: mesmo em ano de produção nacional recorde, importação dispara
Pesquisadores do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, indicam que, considerando-se o consumo de trigo relativamente estável no Brasil, a colheita recorde em 2016 (de 6.726 milhões de toneladas, segundo a Conab) indicava uma possível diminuição no volume a ser importado no correr deste ano-safra (agosto/16 a julho/17; o ano-safra considerado pela Conab vai de agosto de um ano a julho do ano seguinte). Porém, nos oito primeiros meses do ano-safra, as importações acumuladas são as maiores em pelo menos 21 anos – período disponível na Secex com a nova Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM).
Diante da maior oferta interna, pesquisadores do Cepea indicam que os preços do trigo, no geral, registram movimento de queda desde agosto de 2016, período que antecede a entrada da safra nacional. De acordo com dados do Cepea, no Paraná, maior estado produtor do cereal, na parcial desta safra (de agosto/16 a março/17), o valor médio do trigo está em R$ 589,16 a tonelada no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e em R$ 659,38 a tonelada no de lotes (negociações entre empresas), ambos 13% inferiores aos do mesmo período da temporada anterior, em termos reais (valores foram deflacionados pelo IGP-DI).
Quanto às importações brasileiras, entre agosto/16 e março/17, somaram 5,16 milhões de toneladas de trigo, quantidade 46% superior à do mesmo período da safra anterior (de agosto/15 a março/16). Ao somar aos estoques iniciais do ano-safra (Conab), em agosto/16, com a produção de 2016, a disponibilidade interna chega a 12.7 milhões de toneladas, contra 12.23 milhões de toneladas em toda a safra anterior (agosto/15 a julho/16). Ainda que a Conab estime importações brasileiras de 5.95 milhões de toneladas entre agosto/16 e julho/17, pesquisadores do Cepea comentam que o ritmo das compras externas nos últimos meses indica que o volume deve ser muito maior, considerando-se que ainda restam quatro meses para o encerramento do ano-safra.
Somente em março, as importações cresceram 22% em relação a fevereiro, somando 588.120 toneladas, mas foram 7% inferiores as de março/16. Do volume importado, a Argentina respondeu por 85,19%, os Estados Unidos, por 11,33% e o Paraguai, por 3,47%, dados da Secex. Já as exportações diminuíram 40% de fevereiro para março, totalizando 125.630 toneladas. Entre agosto/16 e março/17, foram exportadas 526.700 toneladas, 43% abaixo do volume embarcado no mesmo período da temporada anterior (de agosto/15 a março/16), de 929.280 toneladas, ainda segundo a Secex.
Safra 2017
Pesquisadores do Cepea indicam que, num cenário em que a produção nacional representa pouco mais da metade de demanda doméstica e, ainda assim, vendedores veem nas exportações oportunidades de negócios mais atrativos, certamente há necessidade de alternativas que visem a sustentabilidade da cadeia produtiva. Em 2017, a área com trigo deve se reduzir, justamente devido à baixa liquidez que prevalece na comercialização e também ao fato de que os preços de venda não cobrem nem mesmo os custos operacionais agrícolas – e muito menos os custos fixos, de acordo com estudos do Cepea.
Por enquanto, chuvas em algumas regiões produtoras do Paraná na semana passada devem favorecer o começo e/ou avanço do semeio de trigo da temporada de 2017. Os trabalhos de campo já se iniciaram especialmente no norte do estado. No Rio Grande do Sul, produtores estão preocupados com as menores rentabilidades e liquidez do trigo frente a outras culturas, o que deve resultar em menor área neste ano. No geral, produtores sul-rio-grandenses começam a planejar as atividades.