Os contratos futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago voltaram a recuar na segunda-feira (3 de abril) e encerraram os negócios em baixa. O vencimento maio/17 fechou cotado a US$ 9,38¼/bushel, cedendo 7,75 centavos, e o setembro/17 a US$ 9,49¼/bushel, em queda de 6 centavos.
As cotações na CBOT são as menores em cinco meses e meio e a pressão sobre elas ainda é bastante intensa, segundo analistas e consultores de mercado. “A pressão da área maior estimada pelo USDA deverá permanecer no foco do mercado ainda por um tempo, particularmente na medida em que os analistas continuam aumentando as suas estimativas da safra da América do Sul”, disse o analista internacional Bob Burgdorfer.
A migração dos fatores que direcionam os preços já é um fator conhecido pelo mercado e esse é um momento típico desse comportamento e o peso da safra nova dos Estados Unidos é cada vez maior.
“O risco climático nos EUA agora tem um peso maior na formação dos preços em Chicago e todo ano o mercado especula possíveis intempéries”, disse Matheus Pereira, analista da AgResource Brasil (ARC Brasil).
Para Paul Georgy, analista da consultoria internacional Allendale, o mercado já começa a considerar a possibilidade de um leve atraso no início do plantio da nova temporada no Corn Belt, além de acompanhar com atenção as previsões climáticas para as principais regiões produtoras norte-americanas.
A oferta que virá dos EUA, porém, vai dividir espaço com as informações de uma demanda ainda muito forte por parte dos principais importadores globais. Nesta segunda, os números do USDA indicaram que os embarques norte-americanos totalizaram no ano comercial quase 47 milhões de toneladas, das 55.1 milhões toneladas estimadas para a exportação.
“Isso confirma que a demanda global vai ser bem maior do que o USDA vinha estimando. E os compradores estão vendo boas oportunidades, já que a soja ficou barata”, disse Vlamir Brandalizze. “Temos visto muito comprador novo, que tradicionalmente adquirem volumes pequenos e isso é positivo. O foco principal é a demanda da China, mas estamos cheios de compradores novos, no global do negócio, o mercado está acelerado. Assim, a demanda vai ter que ser ajustada também, não só a oferta”, disse.
Essas notícias e esses ajustes que são esperados e que podem não vir no curto prazo, pode motivar uma retomada das cotações, levando a um ajuste do mercado. “O lado consumidor está muito mais agressivo do que o USDA apontou” disse Brandalizze.
Soja no Brasil
No Brasil, os embarques também seguem fluindo de forma bastante significativa e registrando recordes. Segundo os números da Secretaria de Comércio do Exterior (Secex), o País já embarcou no acumulado do ano, 16.9 milhões de toneladas. Porém, 99% desse volume, segundo Brandalizze, se refere a negócios feitos anteriormente. “Isso aconteceu porque o dólar continuou baixo, Chicago em queda, isso mantém os produtores fora dos negócios”, disse.
Com o dólar fechando em baixa de 0,51% cotado a R$ 3,1150 para a venda, os preços da oleaginosa brasileira tiveram um novo dia de queda, com saca nos portos, por exemplo, terminando os negócios entre R$ 64,00 e R$ 66,20. “E há alguns meses, os preços variavam entre R$ 90,00 a R$ 95,00, nos melhores momentos. A diferença é muito grande”, disse o consultor.
No interior, a saca caiu em quase todas as principais praças de comercialização, registrando quedas de até 2,35%.
Veja os preços completos desta segunda-feira no link a seguir:
Fonte: Notícias Agrícolas