Os contratos futuros de taxas de juros fecharam em queda na BM&F após o Comitê de Política Monetária (Copom) ter deixado em aberto, no comunicado divulgado na quarta-feira após o anúncio de corte da Selic, a possibilidade de intensificar o ritmo de redução da Selic.
Ontem, o Banco Central manteve o ritmo de queda e cortou a taxa Selic em 0,75%, para 12,25%, como esperado pelo mercado.
A autoridade monetária destacou que “uma possível intensificação do ritmo de flexibilização monetária dependerá da estimativa da extensão do ciclo, mas, também, da evolução da atividade econômica, dos demais fatores de risco e das projeções e expectativas de inflação”.
Essa sinalização de redução não foi suficiente para levar o mercado aumentar as expectativas da queda de 1% da taxa Selic na próxima reunião do Copom, em abril.
Para o economista-chefe da Quantitas, Ivo Charmont, a probabilidade de o BC acelerar o ritmo de corte de juros para 1% em abril está ligeiramente maior, em 60%, mas isso vai depender de uma série de fatores principalmente do avanço da aprovação da reforma da Previdência. “Na medida em que a reforma da Previdência for avançando; as projeções de inflação continuarem em queda, principalmente para 2018 e se a atividade econômica fraquejar novamente aumenta a chance de o BC acelerar o ritmo de corte na próxima reunião”, disse.
A reforma da Previdência é vista pelo mercado como elemento fundamental para o BC acelerar o ritmo no ciclo de corte de juros. A apresentação do parecer do deputado Arthur Maia (PPS-BA) na comissão especial da Câmara foi adiada para 29 de março. A votação do texto na comissão e no plenário da Câmara está prevista para o início de abril.
“Até a próxima reunião do Copom (11 e 12 de abril) já devemos ter a votação do parecer na comissão, e se houver uma aprovação expressiva e poucas alterações pode ser a condição para o BC acelerar o ritmo de corte para 1%”, disse o economista da Quantitas.
Na BM&F, o DI janeiro/2018 caiu de 10,465% para 10,34% no fechamento do pregão regular, enquanto o DI janeiro/2019 recuou de 9,98% para 9,83%. Já o DI janeiro/2021 caiu de 10,18% para 10,03%.
O mercado discute agora qual seria a extensão do ciclo com a intensificação de corte de juros. Para Charmont, o BC apenas anteciparia o fim do ciclo de corte de juros e, por isso, a Quantitas mantém a projeção de uma Selic a 8,25% no fim do ciclo.
O Copom destacou ontem que extensão do ciclo de flexibilização monetária dependerá das estimativas da taxa de juros estrutural da economia brasileira.
Segundo Charmont, a taxa de juros real neutra, aquela que permite crescimento sem gerar inflação, está em 4,5%, mas pode cair para 4% com a aprovação da reforma da Previdência, o que abriria um espaço para um corte maior da taxa básica.
Fonte: Valor