Sorgo é recomendado para a safrinha

A palestra “Sorgo granífero: estenda sua safrinha com segurança” foi apresentada no I Simpósio de Culturas Alternativas, realizado em novembro, em Rondonópolis-MT, pela Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja). O tema foi apresentado pelo pesquisador do Núcleo de Recursos Genéticos e Desenvolvimento de Cultivares da Embrapa Milho e Sorgo, Flávio Dessaune Tardin.

O sorgo é uma cultura mais tolerante a condições de estresse hídrico, o que permite período maior de cultivo. Outra característica importante deste cereal, utilizado para alimentação animal e humana, é demandar investimentos relativamente menores que o de outras culturas. Isto representa uma opção de renda para agricultores situados em diversas regiões do País.

No Mato Grosso, o sorgo já é conhecido, mas, segundo Tardin, desde 2015, em razão do longo período de seca, o produtor mostrou interesse em diversificar o plantio na safrinha. Para a maior parte do Estado do Mato Grosso existe a recomendação de plantar o milho até o dia 20 de fevereiro. A recomendação para plantar o sorgo, para grande parte do Estado, é até 10 de março, observando as características do solo. “A recomendação se baseia no zoneamento climático, e considera as características da cultura, do solo e da série histórica do clima”, disse o pesquisador.

Flávio Tardin mostrou aos produtores as vantagens do plantio de sorgo em safrinha: “O sorgo é tolerante à seca em comparação a outros cereais, tem menor custo de produção e uma boa produtividade na rebrota. Além disso, o cultivo do sorgo fornece palhada residual (matéria seca) com alta proporção entre carbono e nitrogênio. Quando há mais carbono, a durabilidade da palhada é maior”, disse.

O pesquisador ressaltou, também, que a cultura do sorgo é totalmente mecanizada e proporciona boa liquidez. “Em relação às doenças, o sorgo apresenta menor incidência de micotoxinas nos grãos e baixo fator de reprodução de nematoides”.

Ao escolher o sorgo para plantar, é preciso considerar que existe um número elevado de cultivares no mercado.  “O ideal é que o produtor faça rotação de cultivares, para reduzir a vulnerabilidade às doenças. É recomendado, também, que seja plantada mais de uma cultivar por safrinha”, disse o pesquisador.

Outra orientação a considerar é a compra de sementes de empresas idôneas. “As sementes precisam estar com o percentual de germinação de 80% ou mais. Além disso, é recomendável começar plantando os híbridos mais tardios, geralmente de maior teto produtivo e finalizar a safrinha plantando híbridos mais precoces”, disse.

Segundo Tardin, é importante lembrar que o sorgo é o principal substituto do milho na fabricação de rações. Portanto, o sorgo entra na cadeia produtiva de aves, bovinos e suínos. “Ao substituir o milho pelo sorgo, a produção de ovos e carnes fica mais barata. O custo para o consumidor final também. O grão de sorgo é comercializado de 75% a 90% do valor do grão de milho. E, em termos de qualidade nutricional e conteúdo energético, o grão de sorgo tem 95% da qualidade do grão de milho”, disse.

O pesquisador considera que o plantio do sorgo precisa ser feito de acordo com as recomendações da janela de plantio da safrinha, em fevereiro, na maior parte das regiões brasileiras, para que haja ganhos significativos de produtividade. “Seguindo estas orientações, o produtor terá uma rentabilidade maior, o Brasil poderá ter safras recordes de produção de cereais, com grãos diversificados, e o sorgo entrará mais expressivamente neste mercado”, disse Tardin.

Adubação do sorgo

A adubação do sorgo é um item relevante que os produtores precisam observar para garantir a produtividade de matéria seca e de grãos e reduzir o custo operacional por tonelada. “A adubação garante a fertilidade do solo e acelera o ciclo de produção, o que permite escapar da seca”, disse Flávio Tardin.

Expansão potencial da produção de sorgo granífero no Brasil

Em 2015, a Embrapa Milho e Sorgo publicou o Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento nº 125, elaborado pelas pesquisadoras Elena Charlote Landau e Déa Alécia Martins Neto, denominado “A Expansão potencial da produção de sorgo granífero no Brasil no sistema de rotação com soja, considerando o zoneamento de risco climático 2015/2016”.

O zoneamento de risco climático para a cultura é um programa governamental, através do qual são indicadas as épocas de plantio com menor risco de perda de safra nos municípios brasileiros aptos para o plantio.

De acordo com a pesquisa, foi estimado que a expansão do plantio de sorgo granífero no Brasil, considerando as áreas agrícolas climaticamente aptas, implicaria aumentos de produção em torno de 54 vezes com relação à de 2014. O maior potencial de aumento da produção ocorreria no Estado do Mato Grosso, no norte do Rio Grande do Sul, sudeste de Goiás e noroeste de Minas.

Para ler o Boletim completo, clique aqui.

 

Fonte: Embrapa

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